Segurança

'Danos graves são raros'

Suspensão do uso de pílulas contraceptivas também deve ser acompanhada por médicos


Publicado em 03 de maio de 2015 | 03:00
 
 
 
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Diante dos relatos que assustam e preocupam, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do setor de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas, Fernando Reis, traz um alento para as mulheres ao ponderar que os danos graves causados pela pílula são raros. De acordo com o médico, a chance de mulheres com menos de 30 anos que tomam pílula combinada, ou seja, que contém estrogênio e progestogênio, terem tromboembolismo venoso é de dois a oito casos a cada 10 mil mulheres, e que outros danos como infarto do miocárdio e AVC são ainda mais raros.

Segundo ele, os ginecologistas devem se valer, principalmente, de três critérios para avaliar o melhor método contraceptivo para a mulher. “A eficácia anticonceptiva, que depende do método escolhido e de sua utilização correta; a segurança para a saúde, que depende do histórico de cada pessoa e da observância das contraindicações, e a boa adaptação, que depende das preferências e da tolerância de cada usuária. Se dois ou mais métodos preencherem todos esses critérios, pode-se escolher o mais acessível e de menor custo”, explica.

Reis esclarece ainda que, se houver casos de trombofilia (tendência para trombose venosa) de causa genética em parentes de primeiro grau, é importante que o ginecologista peça um exame de sangue. “Não se recomenda testar as pessoas indiscriminadamente, só porque irão iniciar o uso de anticoncepcional. Isso não traz benefício porque os resultados negativos não garantem a ausência de risco e os resultados positivos não significam que haverá algum problema”, avalia.

Ainda de acordo com Reis, é importante fazer avaliação do histórico pessoal ou familiar para outras doenças como obesidade, tabagismo e síndrome metabólica, que estão entre os fatores de risco para tromboembolismo venoso. Além disso, hipertensão arterial, diabetes de longa duração e algumas doenças cardíacas também devem ser avaliadas.

“Genericamente, não havendo contraindicação, os anticoncepcionais não oferecem risco à saúde. Ao contrário, eles salvam muitas vidas evitando gestações indesejadas e abortos inseguros, complicações gestacionais e até câncer de ovário. A segurança e o risco dependem muito do perfil de saúde do usuário”, conclui.

Na página criada para ajudar as vítimas de anticoncepcionais, as administradoras orientam as mulheres a não suspenderem o uso das pílulas sem consultar o médico.

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