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Desejo de Maria UPP por PMs traz à tona os fetiches sexuais

Fixação por objeto só seria um problema se trouxesse algum prejuízo ao indivíduo


Publicado em 24 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
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A personagem da vida real mais polêmica dos últimos dias é a “Maria UPP”. Trata-se da jovem pernambucana Patrícia Alves, 23, que ficou “famosa” por manter relações sexuais com policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro. A preferência sexual de Patrícia por policiais militares de UPPs é o que a psicanálise chama de fetiche, um desejo considerado normal.
 

“São fantasias que o sujeito cria a partir de um objeto imaginário – pode ser uma farda, uma bota, um chicote etc. O objeto já existe, mas a pessoa cria essas fantasias em torno dele”, explica o psicanalista Márcio Barretos, especialista em clínica psicanalítica.

Segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud, o fetiche é algo que substitui o órgão sexual masculino, algo que todos desejam ter – até mesmo as mulheres. “A teoria de constituição do sujeito parte do homem. Freud é bem machista nesse sentido. Para ele, todo mundo se sente incompleto sem o órgão sexual masculino. O fetiche funciona como uma possibilidade de completude”, explica o psicanalista Alberto Luiz Rodrigues Timo, professor do departamento de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Justificativa. “Eu fiz porque gostava, não cometi crime nenhum e faria tudo de novo se pudesse”, afirmou a moça, que diz já ter se relacionado com mais de mil policiais, ao programa de TV Cidade Alerta.

Apesar de causar estranheza e de ser duramente criticada pela sociedade, para os especialistas Patrícia não tem mesmo do que se arrepender. A fixação por um objeto sexual é considerado normal pela psicanálise. Assim, não deve ser encarada como um problema ou como algo que desperte preocupação. “Na raça humana, o sexo não é algo que serve só para a reprodução. Então, a forma como cada um configura a própria sexualidade não é problema algum, nem para o próprio sujeito e nem para as pessoas de seu círculo de convivência”, defende o professor.

Problemas. O fetiche, muitas vezes, pode ser uma limitação para a experiência sexual de um indivíduo. “Em um extremo, um fetichista só vai conseguir ficar excitado se o objeto de fetiche estiver presente. Isso é limitador de uma vida que pode ser tão flexível e ter tantas notas”, aponta Timo. Mesmo assim, se a prática não causa angústia para o indivíduo, não é algo que mereça atenção especial. “Quem dera todo mundo pudesse ter um jeito de dar vazão à sua sexualidade que permitisse um alívio das suas tensões e angústias”, diz o professor.

A fixação por um objeto sexual só passa a ser preocupante quando for contra as leis ou trouxer algum prejuízo para o próprio indivíduo. “Se a pessoa tem fetiche por crianças, por exemplo, isso é um problema. Já o fetiche por policiais – ou por um sapato de salto alto, um chicote de couro, por exemplo – não parece gerar angústia. Dessa forma e não prejudicando ninguém, não é algo que demande tratamento”, afirma Timo.

Conheça

Bondage. Uma das mais famosas, onde o prazer sexual só vem quando se amarra o parceiro.

Furry Fandom. Classificação dada às pessoas que gostam de vestir-se como animais antropomórficos, ou ver outras pessoas vestidas assim.

Maieusofilia. Excitação por grávidas.

Dendrofilia. Consiste no desejo sexual por árvores, legumes, frutas e etc.

Estatuofilia. Atração por bonecas, manequins, estátuas.

Zoofilia. Atração ou envolvimento sexual de humanos com animais de outras espécies.

Coimetrofilia. Desejo de transar no cemitério.

Vídeo

Punição. A PM do Rio tenta identificar os policiais que mantiveram relações com Patrícia Alves durante o horário de trabalho. Um deles, reconhecido em vídeo, está preso administrativamente.

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