A mediunidade chegou cedo à vida de Robson Pinheiro, escritor espírita com 47 livros publicados e 1,8 milhão de exemplares vendidos, quase todos de caráter mediúnico. Em 2011, fundou o Colegiado de Guardiões da Humanidade e, agora, publica seu primeiro livro autoral: “Desdobramento Astral”. A obra traz sua experiência de mais de 40 anos atuando fora do corpo em missões espirituais.
De que forma sua trajetória mediúnica o trouxe até este voo solo, publicando seu 47º livro, sem a participação dos mentores espirituais? Após mais de quatro décadas de árduas e abundantes empreitadas, sobreviveram o amadurecimento e o conhecimento, granjeados mediante a dedicação a muitos estudos. Toda essa busca, dia após dia, fortaleceu em mim o senso de propósito e a clareza acerca do meu chamado. Experimentos psíquicos, investigação do mundo das energias e dos fluidos, além da exploração de percepções extrassensoriais. Entre tantas outras habilidades e possibilidades sobre as quais fui convidado, pela Providência, a me debruçar, fizeram parte do meu cotidiano. Reconheço-me como projetor consciente antes mesmo que como médium que cede a mão aos espíritos para escreverem, tão profundas são as raízes do fenômeno de desdobramento na minha história pessoal e dentro de mim, desde que me entendo por gente.
Qual sua intenção com este livro? Oferecer informações seguras e precisas sobre o este fenômeno que é conhecido por viagem astral, desdobramento, descoincidência dos corpos, projeção lúcida e sonho lúcido. Ao contrário do que as pessoas tendem a pensar, a aptidão para o desdobramento não é uma mediunidade; é uma faculdade paranormal, anímica, em que o próprio sujeito abandona o corpo físico, em caráter temporário, e ingressa na dimensão astral. Isso não é mediunidade. Isso é animismo, é paranormalidade, é o próprio ser que se movimenta na realidade extrafísica. A mediunidade é o contrário: são os espíritos que vêm até nós, utilizando-nos como intermediários para apresentar uma mensagem ou fazer alguma atividade.
Como ocorre o processo de desdobramento? Ele não ocorre de forma abrupta, mesmo para quem já é experiente; é gradual, acontece em fases ou ciclos. Geralmente após algumas horas desdobrado, o espírito retorna ao corpo para retemperar, abastecer-se de energia anímica, magnética, humana e, então, volta a decolar. As fases do desdobramento se sucedem, em regra, em intervalos menos ou mais regulares. A prática da projeção astral nos faculta a consciência universal. Quando o indivíduo se desdobra, pode travar contato com os gnomos, as fadas, as sílfides, os silfos e com os espíritos elementares da natureza. É extraordinário quando você percebe que tudo vibra, tudo vive, tudo se movimenta na criação: da pedra aos seres humanos, passando pela árvore, pelos devas e pelos espíritos superiores da natureza, tudo vibra.
Que tipo de trabalho acontece no astral quando o desdobrado atua ajudando outros espíritos? Pode ser desde a atuação junto a outros encarnados – por exemplo, aplicando passes magnéticos em doentes num hospital – até a viagem a regiões sombrias, na companhia de guardiões especialistas, desbaratando os planos de espíritos invulgares voltados à maldade. Mais frequentemente, porém, compete ao projetor a doação de fluidos para que os benfeitores possam agir nessas regiões densas.
Poderia ensinar uma técnica para se começar a prática do desdobramento? Comece sensibilizando o chacra frontal. Peça a um magnetizador de confiança para tocar a região entre os olhos com o intuito de sensibilizá-la. Esse estímulo fará com que o chacra se abra, a fim de que possa, pouco a pouco, desenvolver a visão extracorpórea. Outra técnica, realizada na mesma área, consiste em realizar movimentos no sentido horário, seja com a mão espalmada ou com as pontas dos dedos unidas. Tanto o magnetizador quanto o receptor devem se concentrar na abertura da visão extrafísica, do terceiro olho.
O livro tem o diferencial de ensinar o desdobramento com o propósito de ajudar os Imortais, ou seja, espíritos superiores, e não apenas como curiosidade. Isso mesmo. Há quem queira fazer uma viagem para fora do corpo do mesmo jeito que as pessoas fazem para fora do país. Não é assim. Como viajar para o plano extrafísico sem saber como são os habitantes de lá? Só existem desencarnados? Grande equívoco. Só haverá o mentor esperando? Isso é mais fantasioso ainda. Como lidar com as eventuais intromissões psíquicas, mentais, emocionais e com as formas-pensamento? O plano extrafísico é um universo paralelo, com seus habitantes, seus mundos, seus planetas, suas hiperdimensões. Antes de se desdobrar, você deve cuidar da sua alimentação, de seus pensamentos. Relaxe, sua mente deve estar calma; o ambiente, organizado; o celular, desligado. Use roupas confortáveis. Procure um horário e um dia para praticar. Crie o hábito de consagrar aquele tempo para sua prática. Anote tudo: emoções, sensações, frio, calor, desconforto, coração palpitando, medo, sudorese. Faça um diário da sua evolução. Treinar é persistir. Disciplina é fundamental.
O que é preciso ter em mente antes de se desdobrar? Quando decidimos nos colocar a serviço dos espíritos superiores, dos guardiões do bem e da humanidade, algo deve ficar claro: não somos nós que determinamos as questões, o momento certo; são eles que estabelecem as diretrizes para nós. Se quisermos trabalhar visando à renovação da humanidade, é preciso que nos coloquemos à disposição desses benfeitores, para que conduzam o processo enquanto nós executamos o passo a passo que compete a nós.
Quem são os habitantes do plano astral? Entidades humanas, entidades não humanas e as artificiais, decorrentes da criação mental, ou seja, forjados em matéria extrafísica. Há os encarnados em circulação por meio da projeção consciencial, mestres, mentores e espíritos farsantes que se fazem passar por espíritos superiores. O desdobrado vai lidar com situações determinadas pela afinidade, e não se pode esquecer que deve agir como instrumento do bem nas regiões astralinas, auxiliando os benfeitores na reurbanização extrafísica.
Lançamento
“Desdobramento Astral: Teoria e Prática”, Robson Pinheiro, editora Casa dos Espíritos, 544 páginas, R$ 79.
Fenômenos associados
Dejaísmo: sensação de reconhecimento ou de conhecimento prévio. É a impressão forte e, geralmente, rica em detalhes de já se ter visto determinado lugar ou vivido determinada situação;
Quase-morte: em momentos de grave perigo, que facultam uma dissociação súbita entre o paracérebro e o cérebro físico, faz-se uma ligeira viagem para o plano extrafísico. Ocorre a percepção alterada de tempo e espaço;
Desdobramento antefinal: o desdobramento ocorre antes do momento da morte. Nesse estado, a consciência se vê, de maneira involuntária, projetada para fora da matéria. O veículo físico não mais retém o espírito com a tenacidade habitual.