O governo francês confirmou nesta sexta-feira dois casos de infecção pelo novo coronavírus, os primeiros registrados na Europa. Segundo a ministra da Saúde da França, Agnès Buzyn, um dos pacientes está internado em Paris, e o outro, em Bordeaux. É o décimo país a confirmar casos além da China, onde o surto começou. Também já registraram pacientes infectados Japão, Coreia do Sul, Singapura, Estados Unidos, Vietnã, Arábia Saudita, Taiwan, Nepal e Tailândia.
Na China, houve mais de 800 infectados e 26 mortos. O governo do país asiático isolou 13 cidades e a Muralha da China. Mais de 40 milhões de chineses foram isolados em suas cidades depois da imposição de restrições em outras cinco localidades.
Pequim começou a construir nesta sexta um hospital destinado a receber até mil pacientes com coronavírus e que ficará pronto em 3 de fevereiro, de acordo com a imprensa estatal. Segundo imagens transmitidas pela televisão, máquinas pesadas preparavam o terreno onde o estabelecimento será construído em Wuhan, cidade epicentro da epidemia que tem 11 milhões de habitantes. O hospital, de 25 mil m², só aceitará pacientes com a pneumonia viral de origem desconhecida.
A principal hipótese é que o surto tenha começado em um mercado de peixes em Wuhan, na província de Hubei, onde a maioria das infecções foi registrada. No local, eram comercializados animais silvestres vivos, que podem ter iniciado a transmissão do patógeno para humanos.
No Brasil, o Ministério da Saúde colocou o país em alerta 1 (de três níveis) para o risco de transmissão do coronavírus. Profissionais de saúde e hospitais já estão sendo orientados sobre como agir caso o vírus chegue.
O ministério descartou os cinco casos suspeitos que foram notificados pelos Estados por não se enquadrarem na definição estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para ser classificado como caso suspeito, o paciente precisa apresentar os sintomas da doença (febre, tosse e dificuldade para respirar) e ter histórico de viagem para a região chinesa onde há surto ou contato com paciente infectado ou sob suspeita de contaminação.
Apesar da situação, a OMS decidiu não declarar o novo coronavírus como emergência em saúde pública de interesse internacional por acreditar que o surto ainda esteja localizado.
Pode ser tarde para conter vírus. A tentativa da China de conter o letal coronavírus colocando cidades inteiras sob quarentena é uma medida sem precedentes, mas parece pouco provável que possa interromper a disseminação do patógeno, alertam especialistas. O vírus contagioso já se espalhou pelo país e além de suas fronteiras. “Acho que superamos o período ideal de controle e prevenção”, disse Guan Yi, especialista em vírus da Universidade de Hong Kong.
Yi, que esteve em Wuhan, afirma que muita gente tinha ido embora da cidade antes de ela ser fechada, devido às férias de Ano-Novo chinês, celebrado neste sábado. “Poderiam estar incubando o vírus quando deixaram Wuhan”, ponderou. Os sintomas podem demorar dias para virem à tona, criando uma bomba-relógio para o país e o mundo.
Para o professor associado da Universidade de Sydney Adam Kamradt-Scott, a quarentena parece mais uma medida que dá tempo às autoridades para que possam adotar outras iniciativas.
Depois de ver a situação em Wuhan em primeira mão, Yi compartilha o pessimismo. “Nunca tive medo”, contou. “Desta vez, estou com medo”, conclui.
Estado de SP cria plano de prevenção. Um plano para o monitoramento e a resposta para casos suspeitos de coronavírus em São Paulo foi anunciado na sexta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde. A mobilização vai englobar os principais hospitais de referência, como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas, e profissionais estão sendo treinados para fazer a detecção e a notificação de possíveis casos da doença.
“O Instituto Butantan foi integrado por sua expertise em inovação, pesquisa e desenvolvimento de imunizantes. Na área diagnóstica, o Instituto Adolfo Lutz dará todo o suporte laboratorial para investigação de caso. O Grupo de Resgate (Grau) ajudará no deslocamento e atendimento inicial, e, além disso, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas, unidades de alta complexidade, serão as referências na área assistencial”, informou a pasta.
O Plano de Risco e Resposta Rápida se baseia nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde para oferecer informações aos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado.
Os profissionais estão sendo orientados a observar sintomas como febre, tosse e dificuldade para respirar associados ao histórico de viagem para áreas com circulação do vírus. Também devem adotar medidas como colocar máscara cirúrgica no paciente sob suspeita, que deve ser isolado, e fazer uso de equipamentos de proteção individual.