Saúde

OMS coloca mundo em alerta sobre novo vírus que matou três na China

Já foram confirmados casos também em Japão, Tailândia e Coreia do Sul; organização mundial discute considerar doença “emergência global


Publicado em 21 de janeiro de 2020 | 06:00
 
 
 
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Depois da terceira morte devido à infecção por uma nova variação de um vírus na China, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou um comitê para discutir a gravidade da situação. A reunião acontece amanhã e pode colocar a doença no patamar de “emergência internacional”, título geralmente reservado a epidemias graves, como a de ebola, em 2019, e a de H1N1, dez anos antes. 

O vírus é uma nova variação da família dos coronavírus – eles podem provocar resfriados sem maiores consequências, mas o novo tipo preocupa pela semelhança com o que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que causou centenas de mortes na Ásia em 2003. 

Desde a última semana, os EUA iniciaram exames nos passageiros que desembarcam nos aeroportos com mais conexões para Wuhan, cidade chinesa onde a doença se manifestou primeiro.

É justamente a mobilidade que potencializa epidemias globais, explica o infectologista, Adelino de Melo, diretor do Hospital Felício Rocho: “Rotas aéreas ligam uma província da China a Belo Horizonte em 24 horas. Então, todos que trabalham com doenças infectocontagiosas ficam de sobreaviso”.

Melo participou da força-tarefa que cuidou dos primeiros casos da gripe H1N1 em BH, em 2009 – a doença começou distante da cidade, no México – e lembra como a apreensão é maior em um cenário como o atual, quando ainda não se compreende inteiramente o vírus ou a doença causada por ele.

“É um momento em que não se sabe ainda o que fazer. Quando se sabe melhor com o que precisamos nos preocupar, a coisa fica mais organizada. No começo da gripe H1N1, a gente se paramentava todo, como se fosse tratar alguém com ebola, por exemplo”. 

Não há registros de casos fora da Ásia e, por enquanto, a preocupação no Brasil deve ser apenas com pessoas que viajaram à região e retornaram com sintomas de resfriado. “Aqui, as doenças respiratórias vão de maio a outubro”, explica a infectologista Tânia Marcial Amaral. “Então, se a pessoa viajou para aquela região e teve quadro de infecção respiratória logo depois, deve-se fazer a investigação”.

Transmissão ocorre entre pessoas. O governo da China admitiu ontem que a nova variação do coronavírus pode ser transmitida de pessoa para pessoa, o que aumenta a preocupação sobre o contágio – considerado baixo, a princípio.

Até então, o governo creditava a doença a transmissão de animais a pessoas, apontando um mercado na província de Wuhan (no centro-leste chinês) como ponto de origem. 

A revelação acontece em um período crítico: nesta semana, começam as comemorações do Ano-Novo chinês, quando milhões de pessoas cruzam o país. Até agora, foram registrados cerca de 200 casos da doença, que afeta os pulmões e pode causar falência renal. 

Suspeita-se, porém, que o número seja muito maior: a universidade britânica Imperial London College publicou um levantamento que estima 1.700 casos só até o último dia 12. O estudo considera a quantidade de pessoas que circulam por Wuhan, que é um grande centro comercial, e um tempo médio de dez dias entre a infecção e a detecção da doença.

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