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Chanel foca o dourado em primeiro desfile sem pele de animais exóticos

Grife optou pelo fim da utilização da pele de jacarés, lagartos e cobras em suas roupas e acessórios


Publicado em 09 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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A escolha da ala Sackler do Metropolitan Museum of Art, o MET, em Nova York, mais precisamente do Templo de Dendur, já dava os indícios posteriormente confirmados: a Chanel foi buscar no Egito antigo a inspiração para sua nova coleção, “Métiers d’Art” (intermediária, entre a alta-costura e a prêt-à-porter), apresentada na última terça (4).

O que lançou mais luzes sobre o evento foi o fato de a maison ter anunciado que o desfile marcaria a primeira coleção da grife sem couro de animais exóticos, como jacarés, lagartos e cobras. “Cada vez é mais difícil obter peles exóticas que correspondam às nossas exigências em termos éticos”, informou a Chanel, em nota. Os artigos, como bolsas, casacos e sapatos, eram vendidos por até € 9.000. A associação de direitos dos animais Peta comemorou: “Não há nenhum sinal de modernidade na utilização de peles roubadas de animais atormentados”, informou. “Está claro que chegou o momento de todas as marcas, como a Louis Vuitton, seguirem o exemplo da Chanel, passando a utilizar materiais inovadores, em vez de pele animal”, acrescentou.

“Estamos vivendo uma era de preservação, e a Chanel é uma marca das mais importantes de alto luxo do mundo. Ela se posicionar assim é reforçar que quer estar ‘saudável’ no mercado”, comenta a consultora de moda Cláudia Antunes Lopes, e entusiasta da grife.

Coleção. O que se viu no desfile foi muito dourado, golas e colares enormes e referências aos EUA, com as cores da bandeira do país e jeans. Combinações com preto e estampas étnicas estiveram presentes, bem como os clássicos vestidos de cintura baixa e o tailleur em tweed. A maquiagem realçou os olhos, referenciando Cleópatra, mas trazendo a tendência dos delineados coloridos. “Vimos muito plissado, flores e, principalmente, o dourado. Para a Chanel, o dourado é o novo preto”, comenta Cláudia. “O amarelo está forte como tendência, e o que podemos entender é que ele não vai ficar só no neon, mas também no ocre. É uma coleção com poucas novidades, mas com reafirmação de tendências, como as maxi jaquetas”, diz.

Outro destaque é que a maison trouxe mais peças para os homens, apresentadas principalmente pelo cantor Pharrell Williams. “Ficou evidente que a Chanel está entrando com tudo nesse mercado, se reposicionando”, pondera Cláudia.

O desfile “Métiers d’Art” sempre celebra o trabalho dos artesãos da grife, como as bordadeiras, e acontece em cidades conectadas à história da marca ou de sua fundadora, Coco Chanel. “Foi onde fiz minha fortuna”, dizia ela, sobre Nova York.

Relembre outras grifes que baniram o uso de pele animal recentemente

Hugo Boss. Há três anos, a grife parou de usar pele animal. “Com nossos produtos, demonstramos que é possível ser diferenciado e luxuoso, levando em conta questões éticas e ambientais”, informou, à época.

Armani. Em 2016, Armani Privé, Giorgio Armani, Emporio Armani e Armani Exchange passaram a não ter mais pele animal nas coleções. “O progresso tecnológico nos permite alternativas”, informou.

Gucci e Michael Kors. Em outubro de 2017, a grife italiana garantiu que não ia mais usar pele nas coleções. No mesmo ano, a Michael Kors fez anúncio similar, abrindo, inclusive, mão de uma de suas marcas.

Versace. A Chanel não foi a única a aderir à questão neste ano. No primeiro semestre, Donatella Versace disse que as novas coleções de suas marcas não serão mais feitas com pele animal.

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