São Paulo Fashion Week apresenta tendências para o frio

Entre as mudanças do modo de consumo e com a ênfase em discursos que priorizam a sustentabilidade, os looks apresentados na 48ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) geram imediatamente desejo absoluto e, automaticamente um impacto positivo nas vendas. Aliás, a proximidade entre passarela e consumidor é uma das soluções em épocas de economia estagnada. As produções que cruzaram a passarelas estão basicamente prontas para serem usadas.

Nesta temporada, que aconteceu entre os dias 13 e 15, foram 26 desfiles, contra 35 da edição passada, com baixas de marcas como Osklen, Ronaldo Fraga e À La Garçonne. A maioria dos desfiles aconteceu no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. 

Apesar das mudanças, muitas marcas afinaram o seu discurso para a defesa de uma produção mais sustentável. Veterana do evento, Fernanda Yamamoto celebrou dez anos em um desfile marcado pelo upcycling a partir de 450 peças das apresentações já realizadas pela marca. A Ellus, que ficou um bom tempo sem dar as caras no evento, retornou ao line-up encerrando o desfile com um protesto. No mês que vem, a marca anuncia uma parceria com o Guaraná Antártica para criar quatro coleções com renda destinada às para comunidades amazônicas. A Aluf, mesmo jovem no evento, já nasceu sob o mantra da sustentabilidade. 

Nos arredores do pavilhão em que aconteceu a maior parte das apresentações, teve espaço, claro, para as blogueiras e suas malas dignas de embarques internacionais, que não assistem a tantos  desfiles, mas consolidam em formatos de looks, as parcerias comerciais, usando a semana de moda como cenário – instagramável, é claro. A busca pelos convites na porta da entrada de cada sala de desfile não foi mais tão marcante, afinal, é preciso lembrar que milhares de pessoas podem assistir in loco a uma temporada de moda pelas redes sociais, sentadas. 

Em tempos digitais, há que se destacar o desfile da Modem, marca do estilista mineiro André Boffano. E, vale dizer, foi impactante que público tenha aberto mão de filmar a fila final para contemplar o encerramento de uma bela apresentação. Nos bastidores, Boffano explicou que a sua coleção de inverno vem de um processo pessoal intenso e de uma forma de reconexão em tempos tão líquidos. Formado pela renomada escola francesa École de la Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, André sempre destacou seu apreço pela técnica de moulage, um trabalho artesanal e cuidadoso que permite sobreposições e volumes interessantes e criativos nas peças – ainda bem!

Mas, quando as temperaturas baixarem, o que o consumidor vai querer mesmo saber é quais são tendências “compráveis”. Elencamos as principais a seguir:

Utilitarismo

Peças com ares de uniformes e inspiradas em sportswear foram os destaques da coleção da Ellus. Parcas, jaquetas com inúmeros bolsos e capuz e, nos pés, coturno, funcionam como um uniforme para a próxima temporada

Sobreposição

Quanto mais frio, mais peças, correto? Mas, para a temporada, marcas como Angela Brito e Reinaldo Lourenço combinaram calças por baixo de vestidos e saias. O truque vai reinar no inverno, anote!

Quadriculado

Hit de inverno, o xadrez e suas variações voltaram a reinar nas passarelas de Ellus e Fabiana Milazzo e se renovam para o frio com novas combinações de cor e modelos.

Plissado

Quase que presença confirmada em detalhes nas peças das marcas que desfilaram essa edição, o plissado arremata saias para dar leveza à alfaiataria de inverno, como mostrou a Modem.

Futurismo

Glória Coelho, João Pimenta e Modem foram algumas das marcas que recriaram visuais totalmente metalizados, dos pés à cabeça, firmando como uma forte tendência para quando o frio chegar.

'Pink power’

Há tempos a temporada fria deixou de ser sinônimo de sobriedade. O tom rosa e suas variações foram destaques nas coleções da Lilly Sarti e Aluf com a promessa de deixar a estação mais vibrante.