As quatro estações

Versatilidade: hits do verão geram looks de meia-estação

Nada de aposentar as peças com as quais os dias quentes foram enfrentados: no outono-inverno, elas podem, sim, seguir na linha de frente das produções


Publicado em 17 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Na próxima quarta-feira, o verão se despede – ao menos oficialmente, já que as temperaturas ainda não dão claros sinais de arrefecimento. O clima quente, porém, pode ser visto como um aliado na hora de pensar as produções de outono – na verdade, até para inverno – sem necessariamente ter que recorrer às compras. É que tendências que encheram os olhos dos fashionistas nos últimos meses podem perfeitamente continuar em cena – caso, inclusive, das que têm pegada artesanal. Assim, peças em macramê, crochê, bordado, redes e rendas continuam como bola da vez, só que conjugadas a itens como botas, casacos e afins. “O legal é sempre misturá-las com peças básicas e clássicas, o que sempre vai gerar produções cool, elegantes e, ao mesmo tempo, modernas”, pontua Denise Valadares, da grife que leva seu nome, que tem o feito à mão como DNA.

A consultora de imagem, estilo e comportamento Marcia Caldas Vellozo Machado acrescenta: “Hoje, podemos mesclar várias referências de forma bem democrática. Posso investir numa linda carteira de crochê e usá-la com um belo terno de alfaiataria. Uma camisa branca de corte impecável pode trazer por cima uma túnica de macramê com um sapato de bico fino superalto – ou posso colocar um tênis e sair por aí. Não existe regra, só não vale se fantasiar de hippie”, adverte.

Para Marcia, saber escolher a peça certa e os acessórios faz toda a diferença. “Desafiar o tempo construindo um novo olhar para o que já foi usado é o grande diferencial. O (estilo) hippie chique é saber dar personalidade ao look sem transformá-lo uma fantasia ou em uma caricatura”, complementa.

A personal stylist Juliana Brasil adiciona: “Fibras naturais, bem como trabalhos manuais que as utilizam, têm, claro, tudo a ver com o verão, por isso são sempre muito presentes nesta estação, tanto em roupas quanto em acessórios. O que a gente pode fazer para levá-las à nova estação é explorá-las em peças como bolero, pelerine, casaquetos de crochê ou mesmo em acessórios como cintos – na verdade, com eles a gente consegue mais facilmente transportar para uma meia-estação ou mesmo para o inverno, dependendo, claro, do restante do look, de como a pessoa vai fazer a combinação”.

Ela não se furta a dar algumas dicas. “É possível combinar com tecidos também de fibra natural, por exemplo, linho ou lã – um casaco Chanel de tweed ou uma calça de linho, por exemplo”, ensina.

Macramê. Em meio a tantas técnicas handmade, o macramê tem arregimentado cada vez mais fãs. Presente com força na decoração que remete a aconchego, o trabalho, que se caracteriza pelos nós, tem ampliado espaço também na moda, principalmente nos acessórios.

Caso da grife Primeira Impressão, tocada por Érica de Oliveira Fonseca. “O macramê surgiu como um divisor na minha vida. Comecei a trabalhar com arte em 2017 e a expor meus trabalhos em feiras e em outras cidades e Estados. A técnica, feita com linhas como fio encerado, barbante e malha, é muito valorizada por quem a conhece”, enfatiza.

Embora se debruce prioritariamente sobre objetos para a casa, Paula Pimenta Patrus, da Trespês, já se aventurou no universo da moda. Ela, que trocou o direito pelo macramê, lembra que, no início, só encontrava tutoriais estrangeiros no YouTube. “Hoje, existem muitos feitos no Brasil”, diz, associando o êxito das técnicas manuais a um movimento de retorno à simplicidade, em voga em todo o mundo.

Néon, florais, tie-dye: como usá-los também no friozinho

Assim como os trabalhos manuais estiveram em alta no verão e vão continuar na meia-estação, outras tendências badaladas nos dias mais quentes seguem presentes no friozinho que se aproxima. A New York Fashion Week, realizada no início de fevereiro, mostrou que o néon, sucesso nos biquínis e maiôs no verão brasileiro, é um exemplo: o print apareceu nos desfiles da Area e Prabal Gurung com força, só para dar dois exemplos.

Mas a personal stylist Juliana Brasil, fundadora da startup My Personal, lembra que é preciso parcimônia para usar essa cartela. “Os tons néons não são muito democráticos. Na metodologia cromática pessoal (análise dos tons que combinam com cada um), existem 12 cartelas de colorações diferentes e apenas duas ou três incluem esses tons, sobretudo no Brasil”, comenta. “Porém, como é uma tendência forte, quem quiser usar use. Sabendo que o tom valoriza pouquíssimas mulheres brasileiras, a dica é colocá-lo na parte de baixo, escolher uma calça, uma saia ou um acessório, uma bolsa”, diz.

Outra boa aposta que sai do calor para o frio são as estampas florais, antecipadas no último Minas Trend e outros desfiles. Elas inclusive podem ser misturadas ao animal print. A influência dos anos 60 e 80 segue também em outras tendências, e, assim, deve seguir no guarda-roupa de outono o couro colorido, os babados, além do tie-dye e dos dégradés – ainda não tão destacados, por aqui, mas em evidência no Hemisfério Norte.

“A gente não viu muito forte nas ruas, mas viu a presença nos desfiles, passarelas. O tie-dye não vai ser para todas as mulheres mesmo, por ter um estilo mais ousado, criativo, e não são todas que gostam. Já o degradê e tom sobre tom, sim, porque dão uma ar mais clássico e atemporal”, comenta Juliana. Por fim, vale lembrar que o mood faroeste, tendência máxima deste verão, com suas franjas e xadrezes, vem ainda mais forte nesta temporada de frio. (Aline Gonçalves)

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