Minientrevista

'Precisamos tirar a condição do lugar de uma patologia.'

Ana Karina Canguçu-Campinho Psicóloga Especializada em intersexuais


Publicado em 28 de fevereiro de 2016 | 03:00
 
 
 
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O que é a intersexualidade?

É uma categoria que abrange várias condições diferentes. Algumas pessoas nascem com algo que não se consegue identificar se seria uma corporeidade masculina ou feminina. Mas outras condições vão ocorrer na adolescência. Há meninas que têm corporeidade feminina, mas na adolescência não menstruam. Fazendo ultrassom, vê-se que elas não têm útero nem ovários, mas têm testículos no abdômen.

Todas as crianças passam por cirurgias?

Nem todas. A cirurgia não é obrigatória. Se os médicos acharem que a família está lidando bem com a situação, e a condição não oferecer riscos para a saúde da criança, não precisa operar.

Há preparo para lidar com essa situação?

Muitas vezes, os médicos têm receio de que a família não saiba lidar com a criança e evitam que a mãe veja o bebê. Para o psicológico dessa mãe, isso afeta enormemente. No momento da construção do vínculo, ela é privada da presença do bebê. Atendi uma mãe que ficou separada de sua filha. Quando falavam para ela sobre a situação, ela imaginava muitas coisas, inclusive que a criança tivesse nascido sem um pedaço da cabeça. Quando ela viu, disse, aliviada: “mas é só isso?”.

Como podemos evoluir nessa questão?

Precisamos tirar do lugar de uma patologia, uma monstruosidade, e levar para o espaço da diversidade, da dignidade. 

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