Paris, França. Eles são os mais evitados na maioria das dietas. Mas os resultados de um estudo podem mudar o status dos carboidratos, de vilões para essenciais. De acordo com cientistas, uma alimentação baseada em “low carb” e muita proteína pode ser prejudicial à saúde, reduzindo até a expectativa de vida. 

Pesquisadores estimaram que, a partir dos 50 anos, a expectativa média de vida era de 33 anos adicionais para quem tinha ingestão moderada de carboidratos, quatro a mais do que para aqueles que consumiam pouquíssimo carboidrato (29). Aos que consumiam o composto em alta proporção, a expectativa de vida era de 32 anos adicionais. O estudo foi divulgado pela revista médica “The Lancet”, e o cientistas também afirmam que comer mais carnes – bovina, de porco, de frango e de cordeiro – e queijo no lugar de carboidratos estava relacionado a um risco de morte ligeiramente maior.

“As dietas com poucos carboidratos e que os substituem por proteínas ou gorduras são cada vez mais populares como estratégia saudável ou de perda de peso”, destaca a coordenadora do estudo, Sara Seidelmann, pesquisadora no Brigham and Women’s Hospital de Boston. 

“Nossos dados, no entanto, sugerem que uma dieta baseada nos produtos animais e baixa em carboidratos pode estar associada a uma expectativa de vida menor e não deveria ser incentivada”, explica. 

O estudo foi realizado durante 25 anos com 15.500 pessoas, com idades entre 45 e 64 anos, quando foi iniciada uma pesquisa sobre saúde – entre 1987 e 1989 – em quatro pontos diferentes dos Estados Unidos. Os participantes responderam aos questionários detalhados sobre seus hábitos alimentares. Ao longo do tempo de realização da pesquisa, mais de 6.000 deles morreram.

Os resultados foram semelhantes aos de estudos anteriores, com os quais os autores compararam seu trabalho e que incluíram mais de 400 mil pessoas de mais de 20 países.

Pouco eficaz. O estudo coloca em dúvida a moda das dietas “páleo”, uma tendência na Europa e na América do Norte, que evitam os carboidratos em benefício das proteínas e gorduras animais.

Os defensores desse tipo de alimentação alegam que a mudança rápida, há 10 mil anos, com o surgimento da agricultura, dos grãos, dos laticínios e dos legumes, não deu tempo suficiente ao corpo humano para se adaptar a esses alimentos, que são ricos em carboidratos.

Entenda

O que são. Os carboidratos considerados no estudo incluem vegetais, frutas e açúcar, mas a principal fonte deles são alimentos ricos em amido, como batatas, pão, arroz, macarrão e cereais.