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WhatsApp nega, mas especialista diz que é possível rastrear fakes

Segundo relatório da PGR, app guarda registros de usuários


Publicado em 26 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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São Paulo. O WhatsApp negou que possa fornecer à Justiça os registros referentes a notícias falsas disseminadas durante a campanha eleitoral que possam levar aos primeiros disseminadores desse conteúdo. “Usuários brasileiros enviam milhões de arquivos de mídia no WhatsApp, todos protegidos por criptografia de ponta a ponta”, disse a empresa em nota. “Nós não armazenamos dados que identifiquem o primeiro remetente de arquivos de mídia compartilhados no WhatsApp; fazer isso poderia minar a natureza privada do WhatsApp e criar um potencial de uso inadequado”, completou.

A nota se refere a reportagem publicada pela “Folha de S.Paulo” na semana passada segundo a qual a Procuradoria Geral da República recebeu, em 26 de novembro de 2018, um parecer técnico com rastreamento de algumas das principais notícias falsas disseminadas na campanha eleitoral.

Em outubro, a “Folha” revelou que empresas estavam comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparavam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno. A prática era ilegal, pois se tratava de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada. O jornal apurou à época que cada contrato chegava a R$ 12 milhões.

Rastreamento

O relatório, elaborado pelo especialista em telecomunicações da PUC do Rio Miguel Freitas, permitiria identificar quais foram os primeiros propagadores das mentiras que mais circularam na eleição passada. O relatório chegou a identificadores sobre o primeiro “upload” de cada vídeo ou imagem no WhatsApp. “Se a Justiça requerer ao WhatsApp os registros que a plataforma mantém em relação a esses identificadores que nós localizamos será possível chegar ao endereço IP da pessoa que primeiro fez o upload, ou seja, identificá-la”, diz Freitas.

Segundo ele, quando um arquivo é carregado pela primeira vez, ele produz nos servidores do WhatsApp um registro (log) que permite recuperar posteriormente a identificação do usuário que enviou esse conteúdo.

Em relação à resposta do WhatsApp, que afirma não manter registros, o pesquisador declara que a existência e o armazenamento de dados registrando o acesso e a atividade dos usuários são amparados em duas evidências públicas: os Termos de Uso do Serviço WhatsApp, que no item 7 fala do armazenamento dos “logs”, e uma investigação conduzida pela revista “Forbes” que analisou o histórico de processos judiciais, encontrando diversos casos em que a empresa de esses metadados para o FBI.

Marco Civil

Lei. Os artigos 13 e 15 do Marco Civil da Internet obrigam provedores de acesso a guardarem e fornecerem por um ano os registros de conexão e, para apps, (caso do WhatsApp), por seis meses.

 

‘Não vendemos dados pessoais’, diz Zuckerberg

São Francisco, EUA. O cofundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, voltou a repetir na quinta-feira (24) que a rede social não vende os dados pessoais de seus usuários, em mais uma tentativa de rebater as críticas cada vez mais recorrente sobre a empresa. Zuckerberg escreveu, em artigo publicado nos jornais “Wall Street Journal” e “Le Monde”, que o Facebook armazena os dados de seus usuários para melhorar sua experiência, mas não os vende.

“As pessoas nos dizem que, se devem ver anúncios, estes devem ser pertinentes para eles”, escreveu. A resposta a uma das críticas mais frequentes contra a rede social, sobretudo desde o escândalo Cambridge Analytica, um caso de troca de informações pessoas sem o conhecimento dos usuários e com fins políticos. As polêmicas custaram um preço elevado, já que a empresa teve que gastar bilhões de dólares para melhorar a imagem.

Flash

Integração. Segundo o “NYC”, o Facebook está desenvolvendo, para 2020, um sistema de troca de mensagens unindo Instagram, Messenger e WhatsApp.

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