Combate

Tecnologia mineira detecta a presença do zika no Aedes 

Técnica possibilita que órgãos públicos tomem medidas mais direcionadas


Publicado em 11 de fevereiro de 2016 | 04:00
 
 
 
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A comunidade científica se mobiliza cada vez mais para apresentar avanços à sociedade. E não seria diferente em um momento de combate ao Aedes aegypti. Após pesquisas, uma empresa mineira desenvolveu uma técnica capaz de detectar a presença do zika vírus em exemplares do mosquito coletados por meio de um sistema de monitoramento inteligente.

A Ecovec, empresa especializada em controle epidemiológico, aperfeiçoou testes em laboratórios para encontrar o vírus nos mosquitos. A tecnologia pode ajudar a conter a epidemia, uma vez que oferece resultados rápidos, em contrapartida aos testes para detectar o vírus em humanos. As informações são do site do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), onde a empresa está sediada.

Armadilhas. De acordo com Cecília Marques, bióloga e diretora científica e executiva da Ecovec, o método usado para detecção do vírus no Aedes aegypti é capaz de demonstrar resultados mesmo em amostras muito pequenas – cerca de dez partículas virais. Os espécimes são coletados em regiões com suspeita de circulação do vírus e da doença, por meio de armadilhas implantadas e que são visitadas semanalmente por agentes treinados. “Os resultados, já geoprocessados, ficam prontos em menos de uma semana”, conta.

Dessa forma, os órgãos de saúde podem agir com mais rapidez, implantando medidas direcionadas ao controle do mosquito para evitar que o vírus continue em circulação, aumentando os casos da doença. “Uma vez que ainda não existe, no Brasil, um grande número de laboratórios capazes de diagnosticar a contaminação pelo vírus em humanos, saber onde há mosquitos infectados com rapidez se torna crucial”, afirma.

Foco. A dificuldade de controlar o zika é agravada pelo fato de a doença apresentar sintomas muito brandos – às vezes, as pessoas sequer sabem que foram infectadas. “No caso das grávidas, o feto pode ter problemas neurológicos mesmo que a mãe nem perceba que estava doente”.

Segundo Cecília, a quantidade de mosquitos infectados é relativamente pequena, girando em torno de 5%. Ainda assim, considerando que a população do inseto cresce muito no verão e imaginando a quantidade de picadas que podem acontecer diariamente, o perigo se torna considerável.

Nesse sentido, a informação assume papel primordial. “Sabemos que muitas casas não aceitam as visitas dos agentes de campo, e isso representa cerca de 30% a 50% do total de moradias. Muito esforço e dinheiro são gastos tentando visitar essas casas, sem ao menos saber se são áreas realmente importantes. Por isso, monitorar os mosquitos e o vírus é essencial para que os esforços sejam mais bem direcionados”, explica a bióloga.

Armadilhas

Casos. Como a armadilha captura o mosquito adulto, é possível ter uma dimensão mais clara da proliferação do vetor. O número de relatórios gerados é de 52 por ano, uma vez que as visitas são semanais.

Como funciona a captura do Aedes

A Ecovec possui uma armadilha especializada que simula um criadouro para que as fêmeas adultas do mosquito Aedes aegypti possam colocar os ovos.

A partir do momento em que as fêmeas entram nas armadilhas, elas são capturadas e ficam retidas num cartão adesivo até a vistoria dos agentes.

Dentro da armadilha, há um composto sintético, desenvolvido com o propósito de simular o odor de um criadouro ideal para as fêmeas adultas do mosquito.

Com um dispositivo móvel que faz parte do sistema, os dados do local são disponibilizados para os gestores.


Força-tarefa anuncia novo teste rápido



Campinas. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, inicia, na próxima segunda-feira, testes rápidos para detecção do zika vírus. O método é capaz de constatar a presença do vírus em amostras de sangue, saliva e urina, e o resultado sai em cinco horas.

Inicialmente, os testes serão aplicados somente no Hospital das Clínicas de Campinas. Atualmente, o exame é realizado apenas em amostras de sangue, e o resultado leva, pelo menos, uma semana para ser divulgado. Segundo a professora do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenadora da pesquisa, Clarice Arns, embora bastante preciso, o teste só consegue detectar a presença do vírus durante a fase aguda da doença.

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