Começou a chover, e a dona de casa Maria das Graças Medeiros, 68, não teve dúvidas: saiu correndo de dentro de casa para acudir as roupas no varal. No meio do caminho, ela escorregou no gramado molhado, levou um tombo e bateu a cabeça em uma mureta. Sete pontos foram o resultado da “estripulia”. Por sorte, as consequências não passaram de um susto, mas as quedas são um perigo real para os idosos.
Segundo um levantamento de 2009 feito pelo Ministério da Saúde, cerca de um terço das pessoas com mais de 65 anos sofre, pelo menos, uma queda em um período de um ano. Em Minas Gerais, 8.677 idosos já foram internados por queda neste ano, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES). Em 2015, foram 14.307 internações. O problema disso é que as quedas nos idosos, quase sempre, são acidentes muito graves. Com o crescente envelhecimento da população, a preocupação aumenta.
“As quedas podem ter consequências imediatas e no longo prazo. Imediatamente, pode haver fraturas – porque idosos são mais propensos à perda óssea e à osteoporose –, traumatismos cranianos, hematomas intracranianos e sangramentos no cérebro”, diz a geriatra Maria Aparecida Camargos Bicalho, professora de clínica médica da Faculdade de Medicina da UFMG.
Já as consequências de longo prazo, segundo ela, podem ser ainda mais graves. Devido às fraturas, o idoso pode começar a sofrer de fortes dores, ficar com mobilidade reduzida e até acamado. “Quando a pessoa cai e tem uma fratura, ela pode ficar imobilizada. Isso aumenta os riscos de uma trombose e de uma embolia pulmonar, de pneumonia, de infecção urinária, porque prende mais o xixi, aí tem que passar sonda. Tudo isso aumenta os riscos para a saúde”, diz, alertando até para casos de óbito.
Causas. São diversos os fatores que podem levar uma pessoa da terceira idade a ter um acidente. Desde um escorregão na grama molhada, como foi o caso de dona Maria das Graças, até problemas derivados do próprio envelhecer.
“Na terceira idade, muitas pessoas perdem massa magra e ficam mais fracas. Também são muito comuns as tonteiras, muitas vezes causadas até por medicamentos para pressão ou para dormir. Os problemas de visão são outro fator que aumentam muito as chances de uma queda”, explica a professora Maria Aparecida.
Para prevenir os acidentes, de acordo com ela, é fundamental levar o idoso ao médico para conferir a dosagem e o tipo dos medicamentos, além de fazer um check-up da visão. Outra medida fundamental é adaptar o ambiente da casa para retirar possíveis ameaças ao idoso (veja infográfico). “É importantíssimo prevenir as quedas, pois, depois que a pessoa já caiu, a família terá que lidar com diversas dificuldades. E procurar o médico se o idoso caiu ou está caindo também, para tratar as possíveis lesões e evitar novos acidentes”, orienta a professora.
Ginástica. A atividade física é fundamental para evitar a perda muscular e prevenir as quedas.