Tecnologia

Uso de smartphones está revolucionando a medicina

Aplicativos informam dados pessoais sobre a saúde e são capazes de atuar em alguns diagnósticos


Publicado em 17 de junho de 2017 | 03:00
 
 
 
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BOSTON, EUA. Os smartphones estão revolucionando o diagnóstico e o tratamento de doenças, graças a complementos e aplicativos que transformam suas telas em dispositivos médicos, dizem pesquisadores. “Se você olhar para a câmera, o flash, o microfone... eles estão cada vez melhores”, afirma Shwetak Patel, professor de engenharia da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

“Na verdade, as capacidades desses telefones são tão boas quanto as de alguns dos dispositivos especializados”, acrescenta.

Os smartphones já podem atuar como pedômetros (contador de passos), contar calorias e medir batimentos cardíacos. E esses dispositivos e os tablets também podem tornar-se ferramentas para diagnosticar doenças.

“Você pode usar o microfone para diagnosticar asma ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)”, exemplifica Patel. “Com essas tecnologias ‘habilitantes’, você pode controlar doenças crônicas fora da clínica e com uma ferramenta clínica não invasiva”, destaca.

Câmera. Também é possível usar a câmera e o flash de um telefone celular para diagnosticar distúrbios do sangue, incluindo deficiência de ferro e hemoglobina.

“Você coloca o dedo sobre o flash da câmera e ela lhe dá um resultado que mostra o nível de hemoglobina (que tem a função de transportar oxigênio) no sangue”, explica Patel.

Um aplicativo chamado HemaApp mostrou funcionar tão bem quanto um dispositivo para medir a hemoglobina sem usar agulhas. Os pesquisadores estão buscando a aprovação da agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para seu uso mais amplo.

Ossos. Os smartphones também podem ser usados para diagnosticar osteoporose, um distúrbio ósseo comum em idosos. Basta segurar o smartphone, ligar o aplicativo e tocar no seu cotovelo.

“O sensor de imagens em movimento do seu telefone capta as ressonâncias que são geradas”, disse Patel. “Se houver uma redução na densidade do osso, a frequência muda”, explica.

Tais avanços podem capacitar os pacientes a administrar melhor seus próprios cuidados, aponta o especialista. “Você pode imaginar o impacto mais amplo disso nos países em desenvolvimento, onde as ferramentas de rastreio como essa nas unidades de atenção primária são inexistentes”, afirma.

“Então isso realmente muda a maneira como diagnosticamos, tratamos e administramos doenças crônicas”, completa.

Além disso, dispositivos de smartphones já estão ajudando pacientes a gerenciar câncer e diabetes, diz Elizabeth Mynatt, professora do Georgia Institute of Technology. “Alguém que foi recém-diagnosticado com diabetes realmente precisa tornar-se seu próprio detetive”, diz. “Eles precisam aprender as mudanças que devem fazer em seu estilo de vida cotidiano”, comenta.

Para as mulheres recém-diagnosticadas com câncer de mama, os pesquisadores forneceram um tablet que lhes permite acessar em tempo real informações sobre diagnóstico, manejo do tratamento e efeitos colaterais.

A técnica também ajuda os pacientes que não podem viajar para um consultório médico para cuidados regulares, reduzindo seus custos.

“Nossa ferramenta se torna um sistema de assistência pessoal. Eles podem interagir para obter conselhos para o dia a dia”, disse Mynatt.

A pesquisa mostrou que essa abordagem “muda dramaticamente seu comportamento”, afirma a especialista.

Ferramentas seriam úteis em ensaios

Se agora os pacientes estão usufruindo dos benefícios trazidos pela tecnologia, os médicos certamente já contam com esses avanços há tempos. Um número crescente de profissionais da área da saúde e pesquisadores estão usando smartphones em seu trabalho diário, vendo-os como uma ferramenta útil para gerenciar dados eletrônicos e descobrir os ensaios clínicos mais eficazes, afirma Gregory Hager, professor de ciência da computação da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

A realização de um ensaio clínico do início ao fim atualmente custa cerca de US$ 12 milhões, aponta o especialista. “A nova ideia consiste em microensaios randomizados, que devem ser muito mais eficazes, com dados mais naturais”, afirma.

Embora os custos também possam ser significativamente mais baixos, o campo ainda é novo, e é preciso fazer mais pesquisas para descobrir como avaliar completamente a qualidade e a eficácia de tais testes.


No Brasil, 86% fazem buscas sobre saúde

BRASÍLIA. Uma pesquisa da London School of Economics (LSE) revelou que 86% dos brasileiros com acesso à internet utilizam a rede para buscar orientações sobre saúde, remédios e outros temas correlatos.

Os dados da pesquisa revelam que 68% dos brasileiros buscam online informações sobre medicamentos, 45% procuram informar-se sobre hospitais e 41% querem conhecer na internet experiências de outros pacientes com determinado problema de saúde.

Os resultados mostram que a maioria dos brasileiros (57%) gostaria de poder renovar suas prescrições de tratamentos pela internet, enquanto 55% gostariam de usar a rede para marcar as consultas e 54% mostram interesse em acessar seus prontuários médicos ou resultados de testes online. Atualmente, 23% marcam consultas e acessam seus prontuários médicos e resultados de testes pela internet.

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