Depois da pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, o mundo vem assistindo a muitas mudanças no mercado de trabalho. Muitos profissionais romperam drasticamente com o modelo laboral formal de se dedicar 40 ou mais horas semanais a determinada atividade; outros se adaptaram tão bem ao home office que tiveram dificuldade de se acostumar novamente ao presencial. Outros milhões, mundo afora, abandonaram seus empregos e foram em busca de administrar seu tempo com outras atividades remuneradas. 

Mas nem todos têm a prerrogativa de jogar tudo para o alto e, entre o cenário do home office, presencial ou híbrido, e da flexibilização também nos formatos de contrato - como Pessoa Jurídica (PJ), freelancer ou CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) -, O TEMPO ouviu o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seção Minas Gerais (ABRH-MG),  Leandro Souza de Pinho sobre o tema: 

O mundo do trabalho vem passando por mudanças significativas: além da flexibilização do modelo de 40h semanais, 100% presencial, muitas empresas têm rompido paradigmas, concedendo 60 dias de férias, mudando . Além disso, a inteligência artificial bate à porta e impõe desafios para várias profissões. Como você vê esse cenário? Há uma transformação evidente e as empresas que têm possibilitado diferenciais, têm conseguido ser foco do desejo de inúmeros profissionais. A lógica da contratação mudou: são os candidatos que têm escolhido a empresa, pela análise de um conjunto de valores, como propósito, benefícios, flexibilidades etc. Isso tem exigido muito da área de gestão de pessoas. É preciso convencer as companhias da necessidade de atualizar suas políticas e práticas.

O cenário de transformações no mundo do trabalho, como a flexibilização dos modelos tradicionais de jornada e a adoção de práticas inovadoras, está em consonância com as mudanças sociais, tecnológicas e econômicas que vêm ocorrendo globalmente. A integração eficaz de tecnologias emergentes, a promoção de ambientes de trabalho inclusivos e a atenção às necessidades dos funcionários são elementos-chave para o sucesso das organizações nesse novo contexto.

No entanto, a implementação efetiva dessas mudanças requer uma abordagem equilibrada, considerando tanto as necessidades das empresas quanto as dos funcionários, bem como o contexto social e econômico em que estão inseridas.


No pós-pandemia, muitos profissionais tiveram dificuldade em retomar o trabalho formal, presencial. E muitos negociaram com as empresas essa flexibilidade. Essa tendência ainda está forte ou arrefeceu? O trabalho remoto também está mudando para grande decepção de muitos trabalhadores que se adaptaram ao home office na pandemia. Uma semana inteira com trabalho 100% remoto está se tornando menos comum e as empresas têm optado por modelos híbridos. Assim, se adaptam às suas necessidades e da força de trabalho. Aquelas que conseguem ofertar opções flexíveis e compatíveis com a realidade das entregas e das pessoas têm sido as mais desejadas e com maior retenção de talentos. A percepção e valorização da qualidade de vida mudou drasticamente após a pandemia. Porém, a maioria dos CEOs ainda preferem o expediente presencial.


Muitos profissionais têm optado por modelos menos tradicionais de trabalho - preferem ser PJ à CLT e trabalhar por produção. Isso é factível na atualidade? A opção por modelos menos tradicionais de trabalho, como trabalhar como Pessoa Jurídica (PJ) em vez de CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), tem se tornado mais comum em alguns setores. Essa mudança está relacionada a uma busca por maior flexibilidade, autonomia e, em alguns casos, uma abordagem de remuneração baseada em entregas e produção. Mas há pontos a serem considerados que eu destacaria: dentro de flexibilidade e autonomia, muitos profissionais querem mais controle sobre seu tempo e trabalho e o PJ pode oferecer isso; esses modelos geralmente são aplicados em modelos de negócios ou setores específicos, como o de economia criativa, tecnologia e consultoria. 

Um aspecto relevante a ser considerado é que o trabalhador PJ tem responsabilidades fiscais e previdenciárias diferentes dos trabalhadores CLT, precisam lidar com a gestão de impostos, previdência social, férias não remuneradas, entre outros. Em setores que demandam habilidades especializadas e específicas, os profissionais podem ter mais poder de negociação para escolher seus modelos de trabalho. 

Em resumo, a viabilidade de modelos menos tradicionais de trabalho depende de diversos fatores, incluindo a regulamentação local, a cultura da empresa, a natureza do trabalho e as preferências individuais dos profissionais. É importante que os trabalhadores estejam cientes dos desafios e responsabilidades associados a esses modelos e que as empresas estejam dispostas a criar ambientes flexíveis para atrair e reter talentos, além de analisar os riscos jurídicos de cada proposta, antes de oferecer aos seus funcionários.

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