Em 2023, foram mais de 2.500 oportunidades postadas na plataforma TransEmpregos e mais de 1.000 profissionais contratados. É o que aponta um relatório da plataforma de empregabilidade voltada para pessoas transsexuais. O portal nasceu em 2013, das mãos de mulheres trans e travestis que buscavam preencher a lacuna da qualificação profissional tão comum entre pessoas transsexuais.
Por meio do site é possível fazer cursos gratuitos, aprender a fazer currículo e acessar vagas de empresas parceiras. “Temos uma série de cursos gratuitos. Um deles, o Transformação, em parceria com a Google, já preparou quase 10 mil pessoas trans”, diz a confundadora da TransEmpregos, Maitê Schneider.
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Maitê diz que houve avanços no ambiente corporativo, tanto no aumento de contratações como no letramento. “A empresa que investe em diversidade permite que a convivência com as pessoas trans aumente e diminua todo o preconceito e a discriminação.” Para ela, é preciso investir ainda mais na preparação dos talentos trans e conceder benefícios específicos, tendo à frente lideranças humanizadas.
Perfis
Em 2023, relatório da TransEmpregos mostrou que do universo de 24.646 usuários do portal, 39% responderam ter graduação, mestrado ou doutorado. Dos perfis apurados, 38,54% eram mulheres trans; 37,47%,homens trans; 5,76%, travestis; e 10,17% pessoas não binárias.
O portal tinha 2.559 empresas parceiras, um aumento de 16% em relação a 2022. O relatório mostrou ainda que o trabalho remoto representou 12,4% das contratações. São Paulo foi o estado que mais contratou, com 60,5% do total; seguido por Rio de Janeiro, com 10,2%; Santa Catarina, com 4,5%; Bahia, 2,8%; e Rio Grande do Sul, 2,3%. Minas Gerais não apareceu na lista.
Política municipal: BH terá comissão LGBTQIA+
Belo Horizonte deve criar, este ano, uma comissão LGBTQIA+ para construir de forma plural com a sociedade civil a política municipal sobre o tema. “Este é um projeto do município, e não uma política de uma gestão”, garante Gisella Pereira Lima, diretora de Políticas para a População LGBT, ligada à Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania. Segundo ela, a demanda é histórica e necessária para melhor tratar as pautas para esta população.
A Diretoria de Políticas para a População LGBT foi criada em 2017, mas o município já tinha o Centro de Referência LGBT há mais de 15 anos. “O espaço funciona como local de acolhimento psicossocial; faz encaminhamento para retificação do nome; orienta sobre transição de gênero; e também dá suporte para questões de emprego e capacitação”, diz.
A capital oferta ainda cursos de capacitação focados nesta população e conta com a Casa de Acolhimento, onde os funcionários são LGBT, uma forma de acolhimento mais humanizado aos usuários e também uma forma de estarem inseridos no mercado de trabalho.