O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Márcio de Lima Leite cobrou hoje do governo federal a publicação do novo programa Rota 2030 para o setor automotivo e disse que as indústrias não podem mais esperar temendo até mesmo o comprometimento na liberação de novos investimentos para o setor no Brasil.

“Não existe plano B”, afirmou o dirigente, durante a divulgação de resultados da Anfavea para o ano de 2023 da indústria automobilística brasileira e projeções para 2024.

Mover

O Rota 2030 - criado no governo Michel Temer - deve se apresentar com um novo nome, o Mover (Mobilidade Verde).

Ele representa a política industrial do governo para o setor automotivo com etapas que as empresas precisam atingir no que se refere ao programa de eficiência energética, segurança no carro, emissões de gases poluentes, além de pesquisa e desenvolvimento.

O programa anterior vence agora, em dezembro.

“Precisamos ter um marco regulatório que é o Rota 2030 que fala de previsibilidade. Como você vai investir se você não sabe as regras do jogo? O governo tem dado um grande apoio, não há divergência. Esse foi um programa construído com a participação de todos. Mas precisamos da publicação da regra”, apelou Lima, diante da demora na análise do programa que já passou por vários ministérios.

Previsibilidade

De acordo com o dirigente da Anfavea, o novo rota tem que ser publicado ainda este mês porque ele é a previsibilidade para as matrizes das montadoras.

“O setor espera definição sobre a questão de emissões e as exigências relacionadas à pesquisa e desenvolvimento. Tem que ter isso senão o investimento (da montadora) vai para outro local”, afirmou.

Investimentos

Márcio de Lima disse que quando há a definição de investimentos, tem que se convencer não apenas as matrizes mas os acionistas das companhias.

“Sem a regra do jogo não tem liberação de investimentos. As montadoras locais competem com montadoras de outros países dentro do próprio grupo por investimento. Quando tem uma regra que não sabe qual é, qual é a primeira reação? (A montadora) aguarda”, disse o executivo que representa a indústria automotiva brasileira num total de 26 montadoras.

Novo ciclo

No Brasil, a indústria automotiva está investindo um total de R$ 70 bilhões dentro de um ciclo plurianual de 5 anos, desde 2018 e que está terminando agora.

Para o novo ciclo de investimentos, Márcio ainda não tem o volume estimado, o que passa pela definição do novo programa do rota também.

“A falta de previsibilidade acaba refletindo na falta de liberação de investimentos. A grande ajuda que o governo pode nos dar agora é a previsibilidade da segunda fase da rota do governo. Isso precisa ser publicado e tem que sair da gaveta e tornar realidade. A expectativa é que isso aconteça no dia 13 próximo senão o impacto para a industria vai ser maior”, alertou o dirigente.

Demora na publicação

Para o dirigente da Anfavea, a demora na publicação do novo rota para o setor automotivo é um efeito natural de primeiro ano de governo.

“Tiveram que entender o que é o programa, direcionamento do programa, eu atribuo como uma questão natural mas agora precisa virar realidade. Estamos fechando o período do rota 2030 não tem plano B mais”, informou Lima.