A temporada Minas S/A Gestão & Marca tem hoje o primeiro episódio, com Lívia Paolucci, diretora regional da Multiplan em Minas Gerais e Distrito Federal, nas plataformas de O TEMPO.

A Multiplan administra 20 shopping centers e é uma das maiores do Brasil. Em Minas Gerais, a Multiplan tem o BH Shopping, o DiamondMall e o Pátio Savassi.

Lívia conta que está na empresa há 20 anos e começou a carreira como estagiária no DiamondMall, em Belo Horizonte.

A executiva informa que o DiamondMall passa por uma expansão para abrigar o quarto piso de lojas de grifes nacionais e internacionais, além de restaurantes, num investimento de R$ 86 milhões.

“A gente vai passar a ter 200 lojas no DiamondMall, mais opções de compra e de gastronomia”, explica. Entre as marcas internacionais estão: Tory Burch, Carolina Herrera, Dolce & Gabbana, Armani e Chanel. “Quando o novo piso do DiamondMall for inaugurado, a nossa previsão é de que serão mais 600 vagas de emprego”, calcula a executiva.

A seguir, a íntegra da entrevista:

HL: Eu queria que você se apresentasse um pouco para o pessoal, assim contasse um pouco da sua trajetória. A gente vê uma história longa dentro da empresa, começar como estagiária, ter essa valorização da empresa, da prata da casa, e chegar onde você chegou agora. Como que foi tudo isso? 
 
LP: Bom, foi uma história que começou… eu sou formada em Publicidade e Propaganda, né, que hoje eu acho que não faço um décimo do que eu aprendi na faculdade, e aí eu comecei como estagiária no Diamond, me apaixonei pela área de varejo, porque realmente é uma coisa que é cada dia de um jeito, então tem sempre novidade. 
 
HL: Não tem rotina, né? 
 
LP: Não tem rotina. E depois disso eu saí quando eu me formei, fui experimentar um pouco da área de digital e acabei voltando a convite de uma chefe para o marketing do BH Shopping. Aí eu fiz uma pausa de 1 ano para ter uma experiência fora e morei na Inglaterra por 1 ano.  
 
HL: Lá você foi estudar? 
 
LP: Fui estudar, fui fazer um pré-MBA em Sheffield, que é uma cidade no norte da Inglaterra, e aí voltei já para o Morumbi Shopping, também a convite de uma outra colega da Multiplan, e fui trabalhar no marketing do Morumbi Shopping. O Morumbi estava na época se expandindo, então eu vivenciei uma expansão lá, e aí a convite do Durleno, que era o Superintendente do BH Shopping na época, ele me trouxe de volta como Gerente de Marketing. 
 
HL: Você não quis ficar em São Paulo? (risos) 
 
LP: O convite foi muito positivo, não tinha como recusar e aí eu acabei voltando para BH, onde também minha família está, e aí também fui encarar a expansão do BH, que foi a expansão de 2010. Então o BH passou por uma revitalização, expansão, e terminada a expansão eu já fui para o Diamond, já fui promovida como Superintendente, e aí foi um viés completamente diferente, né, que você sai da área de marketing para a área onde você tem que dominar tudo, operações, jurídico, comercial, e aí foi um desafio muito legal. Eu era nova, eu fui a superintendente mais nova da rede, foi onde eu fiquei 7 anos, e de lá eu fui, depois da pandemia, para o BH Shopping, onde eu assumi também a superintendência, e 2 anos depois eu já fui para a Diretoria Regional, onde eu estou até hoje. 
 
HL: Quando você olha essa trajetória de 20 anos, né, foi o certo a fazer? Para essa meninada que está começando aí, que não para, né, que fala assim “ah, não aconteceu nada em 6 meses eu estou indo embora, já quero ser gerente, diretor com 1 ano”, o que você tem para falar para essas pessoas que estão começando agora no varejo, ou mesmo aquelas que já estão e precisam aí de um incentivo para continuarem? 
 
LP: É, eu acho que é uma coisa que você tem que galgar, porque você tem que ter certas vivências até pra você ter a maturidade de tomar decisões. Então, assim, para você ter a certeza de uma decisão que vai mudar alguma coisa, que vai impactar, você tem que ter essa maturidade, e a maturidade vem da análise de cenários, né. Então eu vou pegar as experiências passadas que eu vivi para tomar aquela decisão. Então quando você não tem experiência, como é que você vai ter certeza que aquela decisão vai ser assertiva ou não, né? Então essa vivência que eu tive no marketing me permitiu usar até essa criatividade, eu sou formada em Publicidade e Propaganda, meu sonho era ser de agência de publicidade, acabei indo para o varejo, mas eu uso essa criatividade que eu tenho e tal para lidar com situações. “Ai, vamos tirar o lojista daqui, vamos mudar, eu acho que isso aqui dá certo”, as campanhas de marketing eu dou meus palpites hoje, porque eu já vi o que funciona, o que não funciona nesses anos todos como Gerente de Marketing, as situações jurídicas que a gente já passou, as crises, então tudo isso forma o profissional que você é e não adianta a gente achar que depois de 6 meses num cargo, numa função, você vai estar pronta pra outra, né. Então, eu acho que é uma questão de maturidade, de vivência, que só vai ser adquirida com o tempo, por mais conhecimento e informações que você tenha, a vivência vem com a prática, e a prática leva tempo. 
 
HL: Sim, tem que ir errando, acertando para poder ter uma uma história e um contexto para tomar as decisões, porque aí vai todo mundo para cima de você e fala “qual é a decisão que você vai tomar, né?” A caneta vai assinar aonde, né? 
 
LP: Exatamente, eu acho que pela experiência, hoje eu sou muito mais madura do que aquela Superintendente que começou lá no Diamond, que era Gerente de Marketing e teve que aprender tudo, e pelo que eu vivi, todas expansões que eu vivi, todas as mudanças no varejo, crises, pandemia, a gente sempre tira um aprendizado disso, que a gente vai levar para frente. 
 
HL: Nossa, a pandemia então… eu lembro de todos os shoppings fechados mesmo. 
 
LP: Foram 5 meses fechados, e aí a gente teve que se reinventar de várias formas, não só como profissional, mas como pessoa também. Eu tinha acabado de ganhar minha filha mais nova. 
 
HL: Você tem quantos filhos? 
 
LP: Eu tenho duas filhas. Então eu estava em casa com uma criança morrendo de ciúme, a outra acabando de nascer, então você tem que gerenciar a casa, é a questão do shopping, administrar os shoppings fechados, a ansiedade do lojista, ansiedade do consumidor. 
 
HL: Renegociar condomínio, renegociar aluguel, vacância, pessoal, equipe...  
 
LP: Então foi realmente, eu falo que a gente saiu fortalecido, porque foi um aprendizado, e eu acho que todos os problemas que a gente imaginava que eram grandes problemas, depois da pandemia eu acho que ficaram mais fáceis de resolver. Então às vezes eu vejo as pessoas se desesperando com algumas coisas, eu falo “gente, mas olha o que que a gente passou e a gente conseguiu sobreviver”, então a gente pode muito mais. Então eu acho que os limites também aumentaram depois da pandemia e a gente viu também que nada é o fim do mundo, eu acho que sempre existe um recomeço, e às vezes o recomeço, a transformação, é melhor do que aquilo no ponto de partida. 
 
HL: Você acha que as coisas ficaram mais rápidas depois da pandemia? As tomadas de decisões. 
 
LP: Eu acho que ficou mais rápido, e eu acho que principalmente pelo fato de as pessoas terem ficado mais imediatistas, talvez, assim, eu quero viver, eu quero aquilo agora. 
 
HL: Chega de mimimi, vamos pra frente, a gente não sabe se amanhã vai estar aqui... 
 
LP: É, eu acho que a questão do tempo, de aproveitar, se tornou uma questão muito forte também, uma tônica forte. 
 
HL: E o interessante, né, Lívia, que eu reparei, todo mundo falava assim “agora a compra vai ser toda digital, as pessoas se acostumaram, ninguém mais vai querer ir em shopping não, ter aquela experiência física lá pra que? Todo mundo teve que comprar online”. Ledo engano, né? 
 
LP: Lógico que a compra online vai sempre existir, é uma compra que tem um caráter de comodidade, de facilidade, eu brinco que às vezes você quer achar uma porca três quartos, em vez de você ir lá na loja de material de construção, você vai comprar online, chega na comodidade da sua casa, mas o shopping ou varejo é muito mais do que isso, a gente extrapola a racionalidade de uma compra. O varejo é sentimento também, as pessoas querem viver, querem experimentar, querem o contato com o vendedor, querem ver o produto. Às vezes você vai para o shopping, você quer desanuviar a cabeça, você não precisa comprar, mas você quer viver aquele momento. A gente falou, né, idosos vão no shopping, porque eles querem ver pessoas, querem conversar, querem compartilhar experiências, “eu quero almoçar no shopping com a minha amiga”, então é muito mais do que isso, eu acho que o varejo, hoje, a grande palavra do varejo, que já é algum tempo, é a questão da experiência. Eu quero ter uma experiência que seja de compra, de entretenimento, de lazer, mas as pessoas, mais ainda depois da pandemia, elas estão ávidas por essas experiências, uma experiência de viagem, uma boa comida, uma compra prazerosa, uma diversão. Então acho que isso acelerou pós-pandemia e isso foi de certa forma muito benéfico para o shopping, né. 
 
HL: Em Minas Gerais, a Multiplan tem, em Belo Horizonte, o BH shopping, o Pátio Savassi e o Diamond Mall. E agora o Diamond Mall está passando por uma fase de investimentos, de R$86 milhões, né, Lívia. Eu queria que você explicasse um pouco mais, porque nós vamos ter no Diamond um quarto piso com marcas, né, você até nem gosta de falar muito que são marcas de luxo... 
 
LP: São marcas nacionais e internacionais renomadas, a gente está fazendo esse investimento de R$86 milhões trazendo um quarto piso para o shopping, dando mais corpo para o shopping, então a gente vai passar a ter 200 lojas no Diamond Mall, mais opções de compra e de gastronomia também. Então são 3 restaurantes, a gente já pode falar o nome de 2, que é o Zucco, um restaurante italiano de São Paulo, e o Su, que é um restaurante japonês também de São Paulo. E temos uma terceira surpresa, que a gente ainda não pode falar, porque estamos assinando contrato, que é um restaurante mineiro, a gente tinha que coroar com restaurante daqui e é um restaurante super bacana, super renomado também, em breve a gente vai poder divulgar esse restaurante que também acho que vai coroar esse espaço gastronômico, que é um destaque desse quarto piso, porque ele fica numa área super agradável, a gente tem um janelão de vidro de 85 metros de extensão. 
 
HL: Ah, vocês vão continuar com esse conceito! 
 
LP: Vamos continuar com esse projeto, então a gente abriu o shopping, abriu a fachada, então vai ter uma vista e aí você vai estar de frente para um lugar super iluminado, super agradável, com restaurantes super bacanas para um almoço, para um jantar, e além disso a gente tem o mix de peso aí das marcas, a gente está trazendo algumas marcas internacionais, como a Tory Burch, Carolina Herrera, Dolce Gabbana, Armani, Chanel, e marcas nacionais como Nati Vozza, PatBO, Agilità, Iorane, Tania Bulhões, Anselmi, entre outras aí que fazem parte desse time de peso que vai coroar o mix do Diamond. Acho que agora o shopping se torna um shopping completo, tanto em termos de gastronomia, de entretenimento e de mix de lojas. 
 
HL: Você considera que esse quarto piso tem um ticket médio um pouco mais alto, ou ele acompanha também, porque são marcas que tem produtos que são mais caros mesmo, né? 
 
LP: Sim é a gente tem um mix de marcas, vamos falar com ticket médio mais alto, e a gente tem um consumidor no shopping que é um consumidor que tem um ticket médio mais alto, então acho que coroa. A gente tem um mix de opções no shopping que vai de A a Z, do básico ao sofisticado, a gente tem para todos os gostos. Eu acho que é isso que faz o diferencial de um shopping. 
 
HL: Lívia, você está comandando toda essa estratégia. Essas marcas, a gente já teve em outros momentos em Belo Horizonte, Nova Lima, tentativas de empreendimentos fazerem lojas só voltadas para essas marcas, para essas grandes grifes, sejam elas internacionais, nacionais, em alguns momentos isso não deu certo. Por que agora essas marcas colocaram Minas Gerais, Belo Horizonte, no radar delas? Porque a gente já tem muito isso em São Paulo, né? 
 
LP: Sim. São Paulo, no Rio também, a gente tem o VillageMall, que tem esse foco também. Eu acho que é uma questão de oportunidade, eu acho que o mercado mineiro sempre foi um mercado que essas marcas vislumbraram, mas não tinham uma oportunidade, porque elas gostam de vir em conjunto, até para ter realmente uma sinergia de mix, ali, as marcas são muito sinérgicas, tanto as nacionais quanto as internacionais.  
 
HL: Então elas confiam num projeto. “Você vai Chanel?”, “vou”, então a Dolce Gabbana vai também. 
 
LP: Exatamente. E aí surgiu essa oportunidade, que foi a expansão do Diamond, e aí a gente fala que é do zero que a gente começa um trabalho de mix, e foi um trabalho muito pontual, caso a caso, conversando com essas marcas e a gente construiu esse mix. Elas já têm dados de pesquisa do consumidor mineiro, então eu acho que isso acaba facilitando a vida do consumidor e consequentemente você gera mais vendas, mais fluxo para aquele empreendimento. 
 
HL: E aí, assim, agora com esse quarto piso vocês consolidam... já tem muito tempo que vocês estão estudando isso, essa tomada de decisão da Multiplan de investir, tem espaço para mais uma expansão? 
 
LP: É, na verdade esse projeto... o shopping já nasceu com o projeto de expansão, a gente fez um primeiro projeto com a inauguração do terceiro piso em 2005, e aí tinha esse projeto do próximo pavimento, que é o piso L4. 
 
HL: Independentemente daquela negociação com o Atlético de comprar, desde que ele nasceu em 1996 já estava preparado para isso. 
 
LP: E a gente teve o time certo de maturação do próprio shopping para investir, a gente tinha esse projeto um pouco antes da pandemia, veio a pandemia, mas a gente continuou fazendo todos os projetos que é uma coisa que leva tempo, e aí agora a gente está pronto para inaugurar o piso, é mais um filho que nasce (risos) 
 
HL: (risos) Dá trabalho, né? O pessoal vê você com essa cara calma, sorridente, mas a gente sabe que o varejo é uma provação todo dia, a pessoa tem que ter pele de crocodilo para aguentar os altos e baixos ali, né? 
 
LP: Mas a gente brinca que é uma cachaça também, depois que você bebe, não tem jeito (risos). 
 
HL: É verdade! (risos) Lívia, o que acontece a partir de agora, esses R$ 86 milhões é um investimento do shopping, apenas só da Multiplan ou não, é também para revitalização da praça de alimentação, de escadas rolantes, é de tudo? 
 
LP: Esses R$ 86 milhões é o investimento da expansão da Multiplan, só que a Multiplan tem um cuidado, que a gente falou um pouco, que é a preocupação do empreendimento todo estar atualizado. Então não adianta eu ter um piso novo, se eu não atualizar o shopping como um todo, e isso a gente faz não só em shoppings que estão em expansão, mas shoppings, por exemplo, o BH shopping em 2019, a gente passou por uma revitalização profunda, trocamos forro, piso, escada rolante, fizemos aquele rooftop com os restaurantes, então a preocupação dos empreendimentos sempre estarem novos, né, porque quem não se renova vira museu. 
 
HL: Fica obsoleto, e aí a pessoa não quer mais ir lá só por causa de um andar, ela tem que passar pelos outros, né. 
 
LP: Exatamente. Então a gente tem sempre uma pesquisa, quais são os novos materiais, quais são as tendências de arquitetura, de varejo, que a gente pode trazer para que aquele empreendimento esteja sempre atual, então além desse investimento de R$86 milhões na expansão, a gente tem um investimento também na revitalização do shopping. Então a gente já trocou todos os forros, colocamos uma iluminação mais agradável, mais solar, a gente está quebrando todas as entradas para trazer entradas mais modernas, trocamos a claraboia com vidros mais eficientes também, que vedam melhor o calor, tem eficiência energética, então tudo é pensado para criar um novo ambiente, não só na expansão, mas no shopping, porque na hora que você entrar a gente quer que seja um novo Diamond Mall, mas não é só um novo piso, é um novo shopping.  
 
HL: Ou seja, essa preocupação não somente a gestão, mas a marca também, não é? Diamond Mall, Pátio Savassi, BH Shopping, marcas da Multiplan que sempre estiveram na dianteira de tudo que é moderno, né? 
 
LP: Exatamente. A gente está fazendo isso também no Pátio agora, então eu falo que eu sou a rainha das obras, porque no ano passado a gente fez em Brasília/DF, no Parque Shopping Brasília, ele completou 40 anos, e aí o nosso plano era que ele fosse quarenta anos um novo shopping. Então foi feito investimento também de forro, piso, claraboias, mobiliário, e mix também, então o shopping está completamente renovado e agora estamos planejando uma expansão lá também. (risos) E o Pátio Savassi já começou um processo de revitalização também, onde a gente está trocando o piso, forro, escadas rolantes, e a gente vai fazer um novo projeto para o piso L3, que é o terceiro piso do shopping, que vai trazer novas lojas, gastronomia e um rooftop com vista, vai ser aberto, um espaço super agradável. Hoje já existe esse jardim, só que ele não é aberto ao público, e aí a gente vai fazer todo um fechamento de vazios ali, é uma obra, uma engenharia grande para que o terceiro piso ganhe uma nova circulação, novas lojas e tenha essas opções gastronômicas também que a gente acha que falta hoje no Pátio Savassi. 
 
HL: Lívia, agora pensando nessa questão de marca, de desenvolver todos esses projetos, vocês contratam consultorias para saberem “olha está precisando de fazer uma reforma, está precisando de atingir esse outro tipo de público, tem que expandir o portfólio, vamos mudar o mix de produtos, de lojas ou dar uma revigorada, chamar outras”, como é feito esse processo?  
 
LP: É um processo feito muito a quatro mãos. Eu acho que a gente tem várias visões, tem a visão do próprio Superintendente do shopping, porque o que a gente fala: a gente tem que ser muito piso de loja, piso de Mall. A gente anda muito pelo Mall, a gente pega muitos insights do consumidor através das mídias sociais, através até de conversa, grupos, entrevistas, a gente tem uma visão muito empreendedora do nosso presidente hoje, do Eduardo, ele visita muitos shoppings pra ter até insights “isso precisa mudar, isso pode melhorar”, a gente tem pesquisas, a gente vai fora do país, vamos nos mercados asiáticos, nos Estados Unidos ver o que é tendência, o que é novo, para que a gente sempre possa antecipar aquilo que é tendência, é novidade para as novas gerações. Então a gente já fez um estudo com uma empresa de tendências, a Box 1824, para saber o que essa nova geração pensa, qual é o sentimento que está, o que eles demandam. Então isso é antecipar para a gente estar sempre novo, tanto para as gerações ou para o cliente atual, quanto para as novas gerações. 
 
HL: E ainda tem muito aquela visão do Isaac Peres? Eu lembro quando ele veio aqui, nos 40 anos do BH Shopping, eu assisti a palestra dele, você estava lá também no Conexão Empresarial, de acreditar em espaços que ninguém está vendo oportunidade, né, “comprei o lote lá onde seria o BH Shopping, só tinha cavalo pastando, o dono do lote ainda perguntou se tem ouro aqui, né, por que que você tá comprando isso aqui?”, ele “porque eu vou construir um shopping”. Então, assim, a Multiplan continua com essa pegada? 
 
LP: Continua com esse DNA de empreendedorismo. A gente vê não só quando a gente aposta em greenfield, né, que são os novos shoppings, que a gente desenvolve em áreas que muitas vezes você nem imagina que vai crescer, que foi o caso do BH Shopping, não existia nem a Raja Gabaglia quando ele começou o projeto do shopping e hoje você vê como é que está o crescimento imobiliário de Nova Lima, da região, o comércio todo indo ali pro Vila da Serra, para o Belvedere. Então você vê que realmente o vetor de crescimento da cidade está ali, e isso não é só aqui em Minas, isso aconteceu em São Paulo, aconteceu no Rio, então acho que a empresa, através do Isaac, de seus filhos, de todos os gestores, tem essa visão muito empreendedora e visionária do que que vai acontecer. Temos centros médicos nos shoppings, os desenvolvimentos imobiliários que acabam trazendo também novos empreendimentos imobiliários para aquela região, agora também a gente trabalhando com nosso aplicativo trazendo inovações no acesso do shopping. 
 
HL: Eu estava vendo os números na divulgação de resultados da Multiplan, né, que ela tem Capital Aberto, então ela divulga a cada trimestre os números, foram 2 milhões de acessos únicos só em 2024, e é uma delícia aquele aplicativo, você paga tudo ali, você ganha prêmio. Quer dizer, é a tendência? A pessoa quer ser premiada o tempo inteiro, ela quer ter pontos tudo revertido ali para a vida dela? Como vocês estão pensando isso para atender sempre esse aplicativo? 
 
LP: Eu acho que a gente pensou muito em como a experiência do consumidor ia ser completa, né, porque hoje o varejo a gente fala que é figital, é mistura do digital com o físico. Então como é que a gente faria essa experiência completa, e a gente pensou muito nesse aplicativo, que é para facilitar a vida do cliente dentro do shopping, então hoje se você quer reservar um restaurante, você pode fazer a reserva pelo aplicativo Multi, você pode pagar o seu estacionamento ali pelo aplicativo, compra do ingresso de cinema... e, ah, o shopping está fazendo um evento infantil, eu faço a reserva ali para o meu filho dentro do aplicativo, além do programa Multi, que é um programa de fidelidade desenvolvido pela Multiplan, que premia aqueles clientes que são fiéis, e aí são vários prêmios, a gente já deu shows do Paul McCartney, experiências em camarotes, até um café, várias coisas que esses clientes que são mais fiéis a gente gosta de premiá-los. 
 
HL: Para que eles continuem fidelizados, né? Comprando cada vez mais, ganhando estacionamento, ele tira os pontos... 
 
LP: Ganha prêmios especiais, então é o reconhecimento desse cliente e a gente consegue também identificar o que ele gosta, o que ele quer, se ele tem filho, ele não tem. 
 
HL: O tipo de consumo dele, o hábito dele, para ver se vocês precisam revitalizar o mix. 
 
LP: A experiência dele, os pontos de contato dentro do shopping, se ele usa o meu espaço família, se ele consome muito a gastronomia dentro do shopping, e aí com isso eu posso aprimorar a experiência dele dentro do shopping e deixá-lo cada vez mais encantado mesmo. 
 
HL: Essa ideia de colocar o quarto piso no Diamond, tudo bem que já tinha isso desde o início, a questão é o time certo de startar esse projeto. Como que foi idealizado assim, foi o grupo mesmo que falou “olha, agora acabou a pandemia vamos começar e tem que ser nesse aspecto de buscar essas marcas”, como é que foi assim a idealização? 
 
LP: A gente está com uma política, assim, eu acho que a empresa, pelo menos nas entrevistas que o Eduardo sempre faz, ela nunca descarta shoppings greenfield, ou seja, shoppings do zero, mas hoje é cada vez mais difícil pela questão de escassez de terreno, de recursos. 
 
HL: O investimento é muito maior também, né. 
 
LP: A própria maturação do empreendimento, então tem se investido muito, como a gente falou nos nossos shoppings, os nossos ativos, que são ativos bons, bem localizados, então é muito dentro dessa ótica. A gente está com a expansão do Diamond agora para inaugurar e a gente tem Curitiba/PR também que vai inaugurar, e a gente ainda tem mais duas expansões encaminhadas, então é isso, aumentar a oferta, reforçar os ativos da companhia, que já são ativos fortes, consolidados. Por exemplo, o Diamond hoje é um dos melhores shoppings da companhia em vendas por metro quadrado, então é expandir aquilo que já é um sucesso. 
 
HL: Lívia, os últimos dados, a divulgação de resultados da Multiplan, ao menos no segundo trimestre a gente vê que o Diamond teve um crescimento de mais de 15% em vendas, isso comparando o segundo trimestre de 2024 em relação ao segundo trimestre de 2023. Isso aí foi por conta dessa mudança de mix, restaurantes com um ticket maior, foi um conjunto de uma série de fatores? 
 
LP: É um conjunto. Aí a gente volta e vê que realmente faz sentido investir naqueles shoppings que são shoppings consolidados. No pós-pandemia a gente teve uma mexida grande de mix dos shoppings e o Diamond era um shopping que tinha pouca gastronomia, e aí a gente teve a oportunidade de fazer esse espaço com esses 3 restaurantes, a gente trouxe o Marie, que é um restaurante de Brasília/DF, o Caravela, que é um restaurante daqui que a gente já tinha uma conversa antiga com ele, português, e o Pobre Juan, que já tinha um restaurante no BH (shopping) e que estava super bem sucedido que queria expandir, foi um casamento super assertivo, e a gente também colocou Outback lá embaixo, que também era mais uma opção gastronômica e outras mudanças de mix de moda feminina. A gente pontuou muito o que faltava no shopping, e esse resultado, a aceitação do consumidor é muito imediata, né. Poxa, eles trouxeram um restaurante que eu gosto, eles trouxeram aquela marca de moda feminina que eu gosto, que não tinha aqui, então é esse carinho, esse cuidado que a gente teve de pensar num mix para o shopping e ele é claramente expresso no crescimento de vendas. 
 
HL: E é um crescimento rápido, né, porque 1 ano só crescer mais de 15% em vendas é porque foi bem acertado, não é? 
 
LP: E o mais incrível, é sem expandir nada. 
 
HL: É, porque agora com o quarto piso no ano que vem, daqui a um ano, aí a gente vai ver também o que aconteceu com esse dígito aí, para onde que ele está indo. 
 
LP: E isso é muito bom, porque você vê que o shopping está muito maduro para receber essa expansão. 
 
HL: A Multiplan, eu vi também na divulgação de resultados que o BH Shopping, Pátio Savassi, Diamond Mall, eles respondem por mais de R$3 bilhões em vendas e isso impacta em quase 20% do resultado de locação da Multiplan, né. Minas, nesse ranking aí dos shoppings da Multiplan, dá para a gente cravar que ela é a vice-liderança ou ela está entre os 3 primeiros, os 5 primeiros  
 
LP: Eu falo que é regional como um todo, incluindo Brasília, é uma regional muito forte em faturamento, em receita. Eu acho que o mercado mineiro hoje está muito bem, a gente fica ali entre os melhores em vendas por metro quadrado da Multiplan, e aí eu não estou falando só de Diamond, estou falando de BH, de Pátio também, Brasília também, então assim são shoppings muito fortes hoje no portfólio da Multiplan e que continuam dando resultados expressivos, e por isso muito do investimento da Multiplan aqui em Minas, que a gente está falando só de Diamond, a gente já fez o no BH e está fazendo agora no Diamond e no Pátio 
 
HL: E daí, Lívia, há também uma cobrança maior por performance, né? Quer dizer, se está dando esse resultado de mais de R$3 bilhões, os 3 shoppings em Minas, é porque ele tem potencial para ter um resultado ainda maior, não é? A gente não vai falar de projeção, porque a empresa é de capital aberto, mas assim tem uma expectativa da empresa em relação ao potencial do público mineiro, né? 
 
LP: Sim, eu acho que é um mercado que está cada vez mais maduro em termos de consumo, a gente vê até no imobiliário também uma expansão, uma pujança, então eu acho que é um investimento muito assertivo e que a gente vai colher fruto sem dúvida nenhuma. 
 
HL: Me fala um pouco do público. Tem muito bem delineado assim qual que é o público-alvo, target, do Diamond, do Pátio Savassi, do BH Shopping, ou são públicos similares? 
 
LP: Eu acho que assim, os clientes permeiam os 3 shoppings por motivos distintos, mas a gente já fez várias pesquisas focadas até para entender cada um e aí a gente sempre fala que o BH Shopping é o shopping da família, o shopping tradicional, é o shopping que as pessoas do interior vão visitar, é o shopping mais democrático, que vai de A a Z, tem muita coragem, ele é maior também. O Diamond é um shopping que está localizado num bairro nobre, eu falo que é um público mais tradicional, a gente viu muito assim que é o momento do Eu, é a hora que eu vou comprar para mim, não é uma compra para minha família, a compra é minha, é o meu momento ali de prazer, de ir no restaurante com as amigas. E o Pátio já tem uma pegada um pouco mais jovem, de Life Style, de todas as tribos, exatamente, então cada um tem o seu público e lógico que o consumidor perpassa os 3, muitos escolhem pela proximidade ou muitos escolhem pela idade. 
 
HL: E aí vocês acabam atingindo todo mundo, né? Todo tipo de idade, não é? 
 
LP: Sim. E a gente toma muito cuidado na escolha de cada loja, para cada shopping, porque a gente já sabe o que que vai funcionar aqui, o que não funciona ali. 
 
HL: Essas marcas já têm mais ou menos na expansão do Diamond qual que vai ser o ticket médio nessas vendas lá do quarto piso? 
 
LP: Varia muito. 
 
HL: É, porque Chanel vai ser um tipo de produto, vai ser mais ancorado na maquiagem, né. Aí Dolce & Gabbana vai ter perfume. 
 
LP: Dolce & Gabbana é uma experiência completa. 
 
HL: Armani também, né
 
LP: O que a gente está muito feliz é que as lojas que a gente entregou, a gente fala entrega de chaves, que é uma entrega simbólica do espaço ali comercial para eles começarem as obras, e a gente já viu muitos projetos arquitetônicos das lojas, porque eles mandam os projetos com antecedência e está muito bonito, porque como é um piso novo, os projetos são sempre novos e é muito moderno, então também acho que o piso vai ser um diferencial na arquitetura, porque as lojas estão com muito primor nos projetos arquitetônicos. 
 
HL: Lívia, eu vejo também uma preocupação enorme da Multiplan na sustentabilidade, nas emissões de gases de efeito estufa, de reduzir cada vez mais, na energia limpa, porque a gente sabe que a energia é um dos maiores custos, né, seja na Indústria, seja no Comércio, no setor Agropecuário. Então, na Multiplan, como é que tem sido esse entendimento em relação a essa sustentabilidade, até mesmo para o investidor que olha muito isso na hora de comprar uma ação da Multiplan para a carteira dele de investimentos? 
 
LP: Eu acho que hoje a palavra ESG está super em voga, tem que ser uma prioridade de todas as empresas, seja de varejo, seja mineradora, então acho que isso é uma preocupação. A gente tem um departamento que cuida especificamente dessa parte e toda área de operações, a diretoria de operações, também é muito preocupada na questão da eficiência e da sustentabilidade. Então, por exemplo, a gente tem um projeto que é super bacana do BH Shopping, e tem em outros shoppings também, que é questão da compostagem. Todo lixo que é consumido na praça de alimentação do shopping vira adubo e esse adubo ou é doado ou é utilizado para adubar as nossas plantas. Lá no BH a gente tem o projeto Adote o Verde, que a gente adota ali a praça em frente, então esse adubo é constantemente reutilizado ali. A gente faz várias pesquisas em novos equipamentos, elevadores, escadas rolantes que sejam mais eficientes, que consumam menos energia, então, por exemplo, no caso do Diamond, a gente está trocando toda a central de água gelada do shopping por equipamentos novos e isso também gera uma economia, os elevadores inteligentes. Então tanto a área de relações institucionais quanto a área operacional estão sempre imbuídas disso, além disso, a gente tem uma série de ações sociais com o entorno, é Dia das Crianças solidário, a gente faz campanha de doação junto com órgãos públicos, inclusão, a gente tem vagas especiais para autistas, temos abafadores de som, porque o autista muitas vezes num lugar ele fica nervoso, a gente tem em shoppings nossos até uma sala de descompressão para autistas. Então, eu acho que são iniciativas que tendem a crescer e que estão aí no nosso estudo, que fazem parte também da preocupação nossa como empresa 
 
HL: Energia limpa também, fotovoltaica, vocês usam? Em essa produção de energia solar? 
 
LP: Energia vindo até de lixo a gente utiliza, então tem muita coisa, muita iniciativa, shoppings, também, que tem reuso de água de chuva. 
 
HL: Na diversidade, você estava me falando aí que tem muita mulher, eu acho legal isso, você por exemplo aí está aí num... porque eu fico sempre questionando “ah, entrevisto tão poucas mulheres que estão ali com o poder da caneta, de assinar e decidir o rumo de um negócio, né, não só diretores, gerentes”. Como é esse entendimento na Multiplan, Lívia? 
 
LP: Então, eu falo que a Multiplan é uma empresa que tem muitas mulheres, né, eu, por exemplo. São 4 superintendentes, 3 são mulheres, só 1 é homem. Eu falo que ele é o bendito fruto entre as mulheres, e hoje eu acho que é quase 50% de superintendentes mulheres. Então é uma empresa que tem muita mulher na gestão 
 
HL: Faz diferença? Esse olhar, assim, equilibrado aí desse jeito que você está falando? 
 
LP: Eu gosto muito dessa diversidade, porque eu acho que homem tem tino para algumas coisas e mulher tem para outras, principalmente quando a gente fala de marca e de moda, às vezes a mulher tem muito mais facilidade nesse tema do que talvez um homem. Lógico que tem homens que dominam, mas eu acho que a mulher está ali, ela consome, faz parte do nosso dia a dia, a gente fala sobre roupa, sobre sapato, sobre cabelo, então a gente acaba se interessando mais e se envolvendo mais com isso, né. E eu acho também que a mulher tem essa habilidade de fazer 1000 coisas ao mesmo tempo, que ajuda também. 
 
HL: Eu fico pensando em você, com duas filhas, e esse varejo que consome mesmo o tempo de qualquer um, aliás qualquer profissão, né, gente, se você quiser mesmo fazer uma coisa legal, tem que trabalhar muito, muito esforço, né, tem que estudar, tem que estar sempre se atualizando, e você consegue fazer, não é? Consegue fazer tudo. Você tem que viajar muito também, né? 
 
LP: Viajo. Segunda-feira, por exemplo, 03:30 da manhã, eu estava indo para Brasília/DF, que precisava resolver uma coisa lá, mas dá para gerenciar. Eu acho que é isso depois da pandemia, também acho que a gente teve uma maturidade de equilibrar os pratinhos e poder viver tudo de forma equilibrada. 
 
HL: Tem reunião que dá para fazer online, não é tudo... 
 
LP: E eu tenho o tempo das minhas filhas, tenho o tempo do meu esporte, porque tenho que fazer 
 
HL: Você tem algum hobby? 
 
LP: Eu faço kickbox, tem 15 anos que eu faço. 
 
HL: Por isso que está magra desse jeito. 
 
LP: (risos) E faço beach tennis agora, que eu adoro, e musculação. 
 
HL: Não dá muita lesão não, né? 
 
LP: Não, e também é a válvula de escape, assim, é o meu momento ali, eu acho que o esporte também ajuda muito. 
 
HL: Ele ajuda. Eu tenho ouvido muito gestor, muito CEO falar que a prática esportiva te ajuda a decidir melhor as coisas durante o dia. Isso funciona também no seu caso, isso funciona para o varejo também? 
 
LP: Funciona. Eu acho, assim, eu acordo de manhã, às 6 horas da manhã, e vou malhar, vou fazer meu exercício e aí isso já dá outra disposição. Eu acho que... 
 
HL: Tem mais disciplina para decidir? 
 
LP: Mais disciplina, é essa coisa, por exemplo, eu faço kickbox, que tem muita explosão, muita coisa, então decisões rápidas eu acho que tudo ajuda, e eu brinco também que eu faço ginástica, que eu quero ser uma velhinha de 80 anos que se senta sozinha. 
 
HL: É verdade, porque senão a gente caminha para uma situação mais complicada, dependente dos outros, né. 
 
LP: Não, eu quero aproveitar, eu quero ser aí o 60 mais que vai viajar, vai viver.  
 
HL: Eu olho aquelas doninhas no shopping de salto, inclusive, toda maquiada com aquela independência, eu quero ser assim, se eu chegar lá eu quero estar desse jeito (risos). Lívia, a gente já vai chegando para o final, mas ainda tem alguns minutinhos, e eu queria saber de você, também, para onde que você acha que o varejo caminha, com toda essa sua experiência desses 20 anos, o que você espera? Eu tenho visto também muita discussão da Inteligência Artificial, né, do algoritmo, para onde que ele está levando. Os shoppings têm usado essa tecnologia também na tomada de decisões? 
 
LP: Sim, cada vez mais a gente constrói um data base onde a gente vai tomar as decisões ali, né. Então os programas de fidelidade também, não só de shoppings, mas de outras empresas, é muito para você conhecer o consumidor e entender o que pode ser ofertado, o que é mais relevante, o que é menos relevante, que é basicamente o que a própria Meta faz, né, te oferece anúncios personalizados, você está pesquisando uma viagem, aí você vai ver e coincidentemente ele está te indicando.  
 
HL: Aí começa a mostrar um monte de lugar diferente. 
 
LP: Eu acho que ainda tem muitos pontos de interrogação aí na questão da Inteligência Artificial, até porque a gente tem vários exemplos aí sendo usados para golpe, para coisas que não são positivas, mas ela tem muito a agregar também na experiência do consumidor. Eu acho que sempre vai ser o figital, cada vez mais o digital vai se aprimorar para trazer uma experiência... a gente vê também, por exemplo, umas exposições imersivas que a gente tem levado para o shopping, Van Gogh, que foi um sucesso, então isso permite também a você trazer um ambiente que o consumidor não teria a possibilidade de ir. Eu não posso ir ao Louvre, mas eu posso ver a exposição do Van Gogh imersiva ali, então acho que traz experiências novas e que a gente ainda não sabe onde que isso vai chegar, não tem limite ainda. Muito se falou de Metaverso, dessas coisas, mas nada ainda é conclusivo, nada é “a tendência”, é o caminho que vai seguir. E eu acho que o varejo, o varejista, ele tem que estar sempre se atualizando, porque cada vez mais rápido, principalmente as novas gerações, as tendências mudam muito rápido. Hoje é o TikTok, amanhã vai ser outra mídia, e aí a gente tem que sempre estar ligado e entender qual que vai ser o próximo passo e se aproveitar da melhor maneira desse próximo passo para comunicar ou para entender qual é o desejo, qual é a necessidade daquele consumidor. 
 
HL: E maximizar as vendas, né, ter uma venda melhor, um resultado melhor para poder continuar crescendo e capilarizar cada vez mais. 
 
LP: Qual é a trend do momento, é maquiagem?  
 
HL: É roupa? É aquele look do dia? É isso tudo, né. E aí isso também passa, por exemplo, você olha um mix e fala “não, a gente vai ter que mudar esse mix”. Como é? É a loja que chega para vocês e fala “olha, não está dando, o resultado que eu estou tendo aqui não está legal, pelo aluguel que eu tenho que pagar”. Esse entendimento assim com o lojista, ele melhorou muito depois da pandemia? 
 
LP: Melhorou, eu acho que o lojista está cada vez mais profissional, eu acho que a pandemia o fez ser mais eficiente em termos de estoque, de tamanho de loja, então acho que o mercado varejista está cada vez mais maduro e tem que ser, porque senão não sobrevive, né. Eu acho que hoje a concorrência... a gente fala, “ah, a concorrência é global”, mas a concorrência é limitada, pode ser a pessoa da esquina, como pode ser o e-commerce, como pode ser o seu vizinho. Então, assim, eu acho que tem que ter uma maturidade muito grande, um entendimento muito grande do consumidor e aí sempre existe um diálogo e oportunidades surgem, eu quero aumentar minha loja, eu quero diminuir a minha loja, essa loja ficou vaga, eu acho que cabe isso... a gente brinca que shopping é um jogo de xadrez que você tem que saber encaixar as peças certas no momento certo. 
 
HL: A sua liderança, como você define a sua liderança? É uma liderança assertiva, ela é pontual, ela é naquela hora ali que tem que decidir, aí você junta superintendentes e fala “gente, não. Vamos para esse caminho”. É uma coisa ponderada? Como que você se auto define? 
 
LP: Eu acho que eu sou uma liderança participativa, eu gosto de uma decisão conjunta. Eu acho que eu escuto bastante, coloco as minhas ideias e eu gosto de estar no processo, porque eu acho que quando você está no processo ali, você dá insights até para outra pessoa tomar a decisão. Nem sempre sou eu que tomo a decisão final, mas eu ajudo o superintendente, uma pessoa que está ali na situação a tomar a decisão. Eu acho que é importante isso, porque a gente também tem dentro dos quadros pessoas que são de áreas diversas, então, por exemplo, eu vim da publicidade de uma área mais criativa, tem gente que veio do financeiro, tem gente que veio da engenharia, então cada um tem uma vivência e isso somado é que realmente leva a uma decisão mais assertiva, mais correta. Então eu sempre ouço muito e pego... principalmente quando eu virei superintendente, que eu “e agora, como é que vai ser essa história?”, então você tem que aprender muito também e ouvir as outras áreas, como é que funciona operação, como é que funciona o financeiro. Então acho que é isso, é um conjunto, eu ouço muito, escuto e entro ali para fechar a decisão. 
 
HL: Para ter uma probabilidade cada vez menor de erros, né, que eu acho que é o grande desafio de qualquer negócio, seja ele pequeno, médio ou grande. Legal, Lívia. Quero te agradecer pela entrevista, muito obrigada, viu, foi um prazer enorme, que você volte mais vezes com mais investimentos, que é o que a gente sempre gosta, mais geração de empregos, né, porque esses investimentos, claro que eles geram os shoppings, e eles geram muitos empregos, não somente diretos. 
 
LP: São mais de 11 mil empregos diretos. 
 
HL: Isso só em Minas Gerais? 
 
LP: Só em Minas Gerais, empregos diretos, fora os fornecedores. 
 
HL: A cadeia toda de fornecedores, os empregos indiretos, temporários que ali demandam. 
 
LP: Agora, por exemplo, na expansão são mais de 100 empresas envolvidas, desde luminária, piso, estrutura metálica, o que você puder imaginar. Os lojistas começam as obras agora também e são mais novas empresas de engenharia que entram, e o novo piso, quando inaugurado, a nossa previsão são mais 600 vagas de emprego. Então é sempre positivo, porque é uma cadeia toda que somando você movimenta economia, gera mais empregos, gera mais negócio. 
 
HL: Gera mais arrecadação e gera mais atração de investimentos no entorno ali do shopping, né. Não somente no entorno do shopping, mas centros de distribuição de outras grandes empresas. 
 
LP: Exatamente, pequenos fornecedores que fazem a linha daquela roupa, enfim, é uma cadeia aqui de suprimentos que não tem limite, né. E uma outra coisa que eu queria deixar o convite aqui, é que teremos o Minas Trend no BH Shopping esse ano. 
 
HL: Ai, que legal! 
 
LP: Novas marcas, a gente também sempre quer investir e trazer novas marcas para os shoppings, marcas que estão começando, então a gente vai sediar o Minas Trend, em outubro, e você está convidadíssima para ir lá visitar! 
 
HL: Adoro, adoro shopping e Minas Trend. Poxa, é uma iniciativa que deu certo, pegou e, assim, levou muitas empresas a ter uma outra visibilidade. 
 
LP: Exatamente. Eu acho que é um acelerador de marcas, é uma oportunidade para a marca vender para multimarcas, para criar um novo negócio no shopping, de escalar o negócio. 
 
HL: Onde vai ser lá, no BH?  
 
LP: Vai ser no estacionamento, no terceiro piso. Eles vão montar a estrutura toda no terceiro piso e aí vai ser muito bacana. 
 
HL: Porque é enorme, né, é uma estrutura que demanda lá... nossa, vai atrair mais ainda o público, né, que é isso aí, esses eventos também itinerantes e de temporadas, né. 
 
LP: É isso, é sempre surpreendendo, a gente está sempre inventando uma moda nova. 
 
HL: Que legal, parabéns, Lívia, que você continue inspirando cada vez mais mulheres a falarem e a galgarem essas escadas aí no varejo. 
 
LP: Tomara que tenham mais lideranças femininas cada vez mais. 
 
HL: Com certeza.