O prefeito de Sabará, Sargento Rodolfo Tadeu da Silva, 39, é o oitavo entrevistado da Temporada Minas S/A Desenvolvimento e Construção em todas as plataformas de O TEMPO.
O prefeito de Sabará, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, fala sobre os vários desafios.
Sabará tem quase 130 mil habitantes e um acervo histórico importante.
Mas a prioridade do prefeito no primeiro ano de seu governo será a saúde.
"Só temos uma UPA em Sabará, e todo mundo tem que se deslocar para a UPA. É tudo centralizado nela", reclama o prefeito que quer mudar essa metodologia.
"Na UPA são investidos R$ 2,7 milhões por mês com 116 médicos; e nos postos de saúde tem 32 equipes de PSF (Programa de Saúde da Família) com 17 UBS de atenção primária. Vamos desobstruir a parte da UPA voltando o atendimento para perto da casa das pessoas", explica o Sargento Rodolfo.
Além disso, ele vai investir em teleconsulta para facilitar a vida do cidadão.
"Hoje, de 1.002 funcionários da saúde, 306 médicos são médicos, isso é desproporcional", critica. O Sargento Rodolfo saiu vitorioso na eleição para prefeito de Sabará com a maior votação da história da cidade com 41.204 votos.
A seguir, a íntegra da entrevista com o prefeito de Sabará, Sargento Rodolfo:
HL: Eu sempre, aqui com os prefeitos, busco saber no início como é essa trajetória. Você é uma pessoa nova, tem 39 anos, aliás, eu tenho conversado com vários prefeitos dessa nova geração, todos com muita vontade de fazer as coisas, mas eu queria saber um pouco da sua trajetória, como foi o início da sua vida até chegar aqui como prefeito.
SR: Bom, olha só, são 39 anos de idade, me aposentei como Sargento da Polícia, porque o militar é a única profissão que você tem um cargo eletivo, então você não pode voltar depois, a gente aposenta.
HL: Tem alguma explicação?
SR: É legislação, constituição. Se você tem mais de 10 anos de profissão, você se aposenta proporcionalmente, a gente não pode voltar, é uma decisão drástica. Eu estava com 21 anos de profissão, então a gente agora interrompeu o ciclo na polícia para poder vir para a política.
HL: É um novo desafio legal.
SR: Muito. Eu nasci no bairro Caieira, lá em Sabará, é um bairro mais carente, o apelido do bairro era chão preto por causa das ruas, pela infraestrutura que a gente tinha que era muito precária.
HL: Era tudo de barro, tudo de terra, na chuva era barro?
SR: Tudo. E minha mãe era Presidente da Associação do Bairro, então grande parte, hoje, das residências que tem lá foi ela que conseguiu passar para as pessoas, a questão de loteamento e tudo, ela conseguiu melhorar a infraestrutura do bairro, então desde pequenininho… ela era enfermeira, ela abandonou a profissão para se dedicar às pessoas
HL: Como é o nome da sua mãe?
SR: Ela se chamava Helena.
HL: E o seu pai?
SR: Meu pai era Orlando, e ele era policial também.
HL: Eles já se foram?
SR: Já se foram. Então, assim, eu me acostumei desde pequenininho lá em casa com as pessoas batendo na porta de casa para poder pedir ajuda e minha mãe sempre muito solícita, sempre com um coração gigante, saía para ajudar as pessoas. Naquela época não tinha rede social, tinha orelhão, você ligava para alguém “ó, chama a Helenice pra mim”, tinha que bater na porta da casa da Helenice, “tem telefone para você”. (risos)
HL: A pessoa chegava na sua casa e você estava almoçando “vem cá, senta aqui também”, não tinha nada disso de mandar um zap.
SR: Não tinha, mas era uma época boa em que todo mundo era muito próximo, né, a gente ficava brincando nas ruas sem medo nenhum, aquele monte de criança só tinha que fazer o dever e ia para rua brincar.
HL: Não tinha tela de computador, nada de celular.
SR: Nada, tinha que ir à biblioteca pública para poder fazer o trabalho…
HL: Pegar o livro, ler o livro, era uma coisa mais ingênua, né, eu acho.
SR: E era, assim, uma coisa mais aconchegante. Então, eu cresci nesse bairro, sempre fui muito estudioso na escola.
HL: Você gostava de quê, Rodolfo?
SR: Assim, eu gostava de tudo, sabe?
HL: Você gostava de estudar
SR: Gostava sim, gostava muito.
HL: Não era aquele que ficava lá no fim da sala?
SR: Não, pelo contrário, eu ficava lá na frente para concentrar. Meu pai falava assim “a única coisa que eu cobro de você é estudar”, então, assim, eu sempre fui muito estudioso.
HL: Que é o que a gente leva para o resto da vida, né?
SR: Conhecimento ninguém tira. Aí, eu comecei a trabalhar com 7 anos de idade, trabalhava no bar da minha tia, eu e mais dois primos, a gente vendia salgados e limpava o bar. Eu lembro, na época, a gente ganhava R$5 por dia, mas era dinheiro demais da conta, dava para fazer muita coisa.
HL: Você guardava esse dinheiro?
SR: Guardava, andava de ônibus, olha só, a gente era pequeno e gostava de andar de ônibus, então a gente andava de ônibus, ia de metrô, eu me lembro da primeira vez que a minha mãe me levou no metrô, era coisa de outro mundo.
HL: Deve ter sido um acontecimento.
SR: É, então, assim, a gente teve essa infância mais tranquila, mais próxima das pessoas.
HL: De muita responsabilidade, porque começar a trabalhar muito cedo já sabendo o que é a vida não é fácil, dando valor ao dinheiro.
SR: Exatamente. E a gente era apegado às coisas simples, sabe? Eu lembro que eu e meus primos… meu tio era motorista de ônibus Intermunicipal, metropolitano, então ele tinha um ônibus lá que chamava ônibus executivo, e no Natal a nossa alegria era meu tio levar a gente no ônibus para Belo Horizonte, sabe, aquela coisa simples, mas era satisfatório, juntava meus primos todos para a gente andar de ônibus executivo. Então, assim, eu acho que hoje a gente tinha que restabelecer essa conexão, da criançada brincar, sair um pouco do celular, aquela proximidade maior e a gente vai investir muito nisso. Enfim, com 14 anos eu comecei a fazer um estágio, então eu estudava de manhã, trabalhava no Museu do Ouro, que é um museu lá de Sabará, à tarde, e aí com 16 eu comecei a fazer cursinho, então eu tinha três períodos no dia: estudava de manhã, trabalhava à tarde e cursinho à noite, porque naquela época para poder passar em Faculdade era prova de português, matemática, química física e biologia, aquele monte de matéria.
HL: E carro apertado é o que anda, né?
SR: É (risos). Então, assim, com 17 anos eu passei em 3 Faculdades e passei na Polícia. Eu passei em duas Faculdades de Direito e uma de Sistema de Informação, eu também sempre fui muito aberto à tecnologia, e aí eu cheguei para o meu pai e falei “pai, passei na Faculdade e tal”, aí ele falou assim “eu não tenho dinheiro para pagar não”. (risos) Aí eu falei “então vou entrar na Polícia, porque aí eu pago minha faculdade”, e foi a decisão mais assertiva que eu tive. Eu entrei com 18 anos, a minha turma tinha mil pessoas e eu era o mais novo da turma, tinha acabado de fazer 18, agradeço muito à Polícia pelas coisas que eu conquistei, por tudo que eu tive, pela disciplina também que eu aprendi, pelo planejamento que a gente tem na vida, a polícia ensina muito isso, essa hierarquia, ela dá muita dinamicidade para o nosso dia a dia.
HL: O respeito pela autoridade do outro, né?
SR: Exatamente. E aí, eu puxei minha mãe, sou muito ligado ao lado social, então a gente criou um projeto na cidade, que depois que meus pais faleceram eu fui desprender minha energia mais no social, que era o que minha mãe fazia. Eles faleceram com 3 meses de diferença um para o outro, em 2012, e aí eu fui para o social. A gente nunca teve apoio público de nada, nunca tivemos R$1 de nada, sempre as pessoas ajudando pessoas e aí o nosso projeto cresceu. É uma rede colaborativa, todo mundo querendo ajudar a fazer as coisas, a gente faz um Natal Solidário, que hoje já chegamos a 7 mil crianças todo ano, a gente começou com 113 cartinhas em 2014, e aí hoje já conseguimos 7 mil crianças. A gente tem um trenzinho da alegria, Helenice, conseguimos um trenzinho da alegria que a gente faz uma bagunça com a criançada, tipo aquela carreta furacão, então a gente roda com eles também no Natal, no Dia das Crianças, em alguns meses durante o ano a gente roda com eles, então acaba que é uma coisa bem legal, e uma coisa que para mim não tem preço é a criançada ter um carinho enorme comigo, e em criança é uma coisa que é natural. Então, isso para mim é muito satisfatório, o sorriso, eles me veem na rua é “R10, é sargento”, e, sabe, quando eu estava trabalhando na Polícia eles iam no quartel me procurar, ligavam para o quartel “o Sargento Rodolfo está aí?”, então esse carinho… a gente já fez vários aniversários de Polícia com as crianças.
HL: Essa identificação, né, de se inspirar no seu propósito de vida, querer fazer isso também, é sentir verdade na sua ação, não é?
SR: Verdade. Então é isso que dá mais motivação para o nosso dia a dia, saber que a gente pode mudar e transformar a realidade dessa criançada.
HL: Que é possível, né? É só querer. Dá trabalho, dá muito trabalho, né?
SR: Muito, mas é gostoso.
HL: E, assim uma coisa que chama atenção em você, Rodolfo, é que desde que você chegou aqui, você tem esse sorriso no rosto, apesar de tudo que você sabe que você vai ter que fazer na Prefeitura de Sabará, você não perde essa razão de viver, de acreditar que o copo está meio cheio e não meio vazio, né?
SR: Helenice, essa é uma coisa que eu falo lá, é até minha marca registrada, o sorriso, e na campanha sempre foi assim, é meu jeito. A gente fala que veio para humanizar a gestão, então, por exemplo, lá na Prefeitura quando a gente chegou no dia 2 de janeiro, eu me lembro que a gente chegou na Prefeitura e o pessoal olhava meio, assim, né, chegando agora, então ficava “oi, bom dia”, aquela coisa mais retraída.
HL: “Nossa, o Prefeito!”. Aquela liturgia do cargo.
SR: “O cara é Polícia”.
HL: “É Polícia, como é que vai ser?”. (risos)
SR: E, assim, hoje, para você ter uma ideia, para eu chegar no meu gabinete eu vou na Prefeitura inteira. Todos os dias que eu chego no meu gabinete, eu tenho que passar em 1 por 1, dou um aperto de mão e um abraço em todo mundo, todos os dias. Então, já virou liturgia eu chegar e cumprimentar 1 por 1 e ir para o gabinete, eu não vou sem antes mexer com as pessoas.
HL: Isso faz uma diferença?
SR: Muito, primeiro porque é minha essência, eu falo que a gente não pode perder a essência da gente, o poder é transitório e a gente não pode subir a cabeça o poder, a gente é tudo igual, a diferença é de responsabilidade, porque está numa função que é diferente da outra. Então, assim, eu aprendi isso lá com a minha mãe, você vai tratar o menor ou o maior, o mais rico ou o mais pobre do mesmo jeito, todo mundo é a mesma coisa. Então, a gente humaniza muito a gestão, a gente trata todo mundo bem, eu cobro isso muito de quem está em função de chefia, de liderança e de gestão, e é inegociável tratar bem os nossos colaboradores, isso é inegociável. Para estar conosco na gestão tem que ter empatia, tem que cuidar bem dos nossos para os nossos cuidarem bem dos outros. Não adianta eu querer cuidar do cidadão se eu não estou cuidando dos meus para poder cuidar deles, porque é uma bola de neve, é um ciclo ali. Então, a gente tem muito isso, para estar conosco tem que ter essa empatia, esse jeito de acalento, de carinho, de cuidado que é o que faz a nossa gestão, sabe? Nossa gestão é muito de proximidade, que é o que você falou.
HL: É o calor humano.
SR: É, chegou aqui, deu a mão e abraçou, é assim.
HL: Cumprimentou todo mundo.
SR: É assim. E eu sou de quebrar protocolo, estou conversando com você aqui, aí eu vou ali e faço alguma coisa, paro tudo. (risos) A gente teve uma posse agora de novos empossados do concurso, uma parte deles.
HL: Mais de 100 pessoas, né?
SR: Mais de 100 pessoas, quase 200. E aí a gente lá falando, tem todo o rito ali do cerimonial, aí chama um de cada um, primeiro um de cada cargo para vir, eu falei assim “vamos parar tudo aqui”, quebrei o protocolo, “todo mundo pode descer aqui para me dar um abraço”. (risos)
HL: Aproxima, né? Você abre para o diálogo, mostra que está aberto ao diálogo, e tem que ter muito diálogo numa prefeitura que você acaba de chegar, que já tem uma dinastia aí há várias décadas estando no poder, e aí agora você vem com uma nova proposta. Como foi essa tomada de decisão “vou ser candidato, vou me apresentar à cidade com uma proposta” e conseguir ganhar essa prefeitura, como foi essa tomada de decisão, Rodolfo?
SR: Pois é, a primeira vez que fui candidato foi em 2020, a primeira vez e a prefeito. A gente tirou de lá uma família de 30 anos no poder sendo oposição, ou seja, não tendo a máquina na mão. Então, a gente vem em 2020, eu tive quase 26 mil votos, quem ganhou naquela época teve 32 mil e alguma coisa.
HL: Você já entrou logo como candidato a prefeito? Você não passou primeiro na Câmara não?
SR: Não, eu nunca fui nem síndico de condomínio. (risos)
HL: Você não tinha experiência nenhuma no legislativo, no executivo, em nada?
SR: Em nada, mas é isso que eu falo, antigamente quando a gente veio, até alguns poucos agora, me batiam por isso “ah, mas não tem experiência”, mas acaba que é o que eu falei anteriormente, a Polícia nos dá muita experiência de gestão por ser uma instituição que é muito hierarquizada, muito disciplinada.
HL: E tem um preparo incrível, né, na educação e em tudo.
SR: Muito. Então, na Polícia eu tirava coordenação de turno, eu coordenava toda a área do batalhão que correspondia a 4 cidades, que é Sabará, Caeté, Nova União e Taquaraçu, todos os militares eram sob minha coordenação, então acaba que você tem ali a minha metodologia de gestão de pessoas também.
HL: Era muita gente então que você coordenava.
SR: Muita gente. Então, assim, pela primeira vez que eu vim e tive uma votação expressiva, credenciou a gente, realmente a gente tinha essa credibilidade com as pessoas. E agora nessa última eleição, a gente teve a maior votação da história da cidade, então tivemos 41 mil e 204 votos, nós aumentamos em mais de 16 mil votos de uma eleição para a outra
HL: Ou seja, a adesão das pessoas que queriam uma nova proposta para a cidade.
SR: Isso. E hoje, o que é engraçado, é que a gente roda nas ruas e aí quem não votou em mim fala assim “poxa, cara, não votei em você, porque eu achei que você não ia ter experiência, mas você já está mudando a cidade”, em 27 dias de gestão. Então, assim, o que eu mais ouço nas ruas é “não votei em você, mas eu me arrependo hoje, porque a gente está vendo o quanto você está fazendo em pouco tempo”, e a parte boa, Helenice, é que o nosso secretariado é todo técnico, eu não tive acordo partidário para montar.
HL: Você não chegou, assim, cheio de dívida de campanha não?
SR: Não, então, assim, os meus secretários, muitos deles eu nem conhecia, a gente pediu na época currículos, então mandaram currículos, passaram por entrevista, a gente viu o perfil da pessoa, então tinha que ser uma tríade ali: o currículo, adaptar a empatia para também adaptar com o tipo de pessoa ali, com o tipo de personalidade com a gente, é uma mesma finalidade ali.
HL: É, você tem que ter liberdade com a pessoa para falar “eu quero assim. Vamos discutir aqui então.” Tem que ter uma similaridade ali de interesses, né? E aí você me chamou a atenção para essa questão de que as pessoas chegam e falam “Prefeito, você já está mudando a cara da cidade”. O que é mudar a cara da cidade de Sabará?
SR: Bom, a primeira coisa de mudar a cara, é ver o sorriso no rosto das pessoas, isso para mim foi a maior mudança que houve na cidade.
HL: Por que, não tinha antes?
SR: Não tinha, as pessoas estavam apáticas, entristecidas, desgostosas com a cidade, não pertencentes à cidade, não sentiam aquele amor pela cidade. Hoje, em menos de 1 mês você já vê que o pessoal está feliz, o pessoal está vendo que a gente está conseguindo resolver demandas, por mais que a gente não consiga resolver todas e é óbvio que a gente não consegue, até mesmo porque a gente herdou muitos problemas. Para você ter uma ideia, no primeiro dia nosso de gestão, dia 2 de janeiro, a gente já entrou ali com uma cratera de quase 4 metros numa rua que quase abriu a rua inteira, que foram reportagens de várias emissoras, então o primeiro dia nosso foi esse. Agora, com menos de 1 mês, nem 1 mês, nós vamos conseguir entregar a obra que já está arrastando desde o mês passado, desde dezembro. Então, assim, foi o primeiro dia nosso, fora que, para você ter uma ideia, inauguraram mês passado 2 pontes, as 2 pontes com problemas de estrutura, inauguraram creches, uma a creche está vazando, inauguraram uma maternidade, quando a gente foi lá ver ela não está concluída a obras, não está nem pintada, está com infiltração, está com outros problemas de estrutura. Enfim, a gente pegou assim N problemas, nós já chegamos com N problemas, mas a gente está conseguindo resolver.
HL: E como vocês estão conseguindo resolver? O que você enxerga que desembaraça a coisa e vai chegando a uma solução?
SR: A solução, hoje, é que os nossos colaboradores estão motivados.
HL: Os funcionários públicos que você diz?
SR: Isso. A gente mudou a nomenclatura, porque tem a questão de servidor público, funcionário público, mas aí eu mudei a nomenclatura para colaborador, porque é quem nos ajuda, quem colabora, quem está conosco ajudando a crescer.
HL: Entendi.
SR: Então, os nossos colaboradores estão muito motivados.
HL: Está tendo uma distribuição de tarefas, metas a cumprir, meritocracia…
SR: Exatamente. E, assim, a gente até brinca, porque o uniforme deles é amarelo, então, assim, nunca se viu tanto amarelo na rua, porque o pessoal está todo trabalhando
HL: Você botou o pessoal todo de gabinete na rua, vai resolver.
SR: Todo mundo. É pós-horário trabalhando, finais de semana estão trabalhando.
HL: Você está conseguindo isso? Porque a gente tem visto aí imagens em outras prefeituras que é “não posso ajudar”, e o Prefeito filmando…
SR: Exatamente, a diferença nossa é essa, porque a gente mostra para as pessoas esses problemas que a gente herdou, mas a gente também mostra a solução. Então, o nosso Governo é baseado em soluções. Eu falo que eu não entrei para enxugar gelo, eu estou ali para resolver problemas.
HL: É, porque senão vai ser mais do mesmo, fica os 4 anos e depois tchau, o que a população agora não está mais aceitando. E se entrar já pensando no próximo mandato, em ficar 8 anos, é o maior erro que eu vejo em muitos gestores por aí. Rodolfo, o que você vê, qual é o ponto nevrálgico, digamos, da cidade de Sabará que você precisa resolver no primeiro ano de Governo, se possível em menos de 1 ano?
SR: Bom, vamos lá, o mais concernente com o que você falou é a questão da saúde, como em quase todos os municípios, a saúde é muito problematizada. Como funciona Sabará hoje?
HL: É sempre esse tripé: saúde, educação e segurança, e em Sabará não é diferente.
SR: Não é diferente. Na saúde, por exemplo, como é que funciona, Helenice? Você tem o acolhimento no Posto de Saúde, que é de 7 às 10 da manhã, e 10 e 1 é UPA, então lá em Sabará só temos uma UPA, é tudo ‘upalizado’. Então, as pessoas têm que se deslocar de diferentes pontos da cidade para a UPA, e nós temos outro problema ali que é atrelado a isso, que é a difícil mobilidade por causa do transporte público que é totalmente ineficiente em Sabará.
HL: Mas pera aí, todo mundo que tem um problema de saúde tem que ir só nessa UPA?
SR: É, tudo é centralizado na UPA, porque os Postos de Saúde têm o atendimento agendado, então o que nós vamos fazer? Aí a gente até fala com o pessoal que tem que ter um pouco de paciência, porque não é de um dia para noite, mudar a metodologia do Sistema de Saúde tem ali uma transição que é ‘desupalizar’, ou seja, eu vou deixar de investir, não é deixar de investir tanto financeiramente, mas essa sistematicidade do Sistema de Saúde, que é a atenção secundária, que é a UPA, para eu ir para primária, que são os Postos de Saúde, isso demanda uma transição, tem um tempo ali de transição para isso acontecer. Para você ter uma ideia, na UPA hoje a gente investe R$ 2.7 milhões, são 116 médicos só na UPA.
HL: Isso por mês?
SR: Por mês, só na UPA. E nos Postos de Saúde a gente tem aí 32 equipes de PSF com 17 UBS.
HL: PSF é o quê?
SR: É Programa de Saúde da Família, que é 1 enfermeiro, 1 técnico, 1 médico…
HL: E aí vai na casa da pessoa quando precisar.
SR: Isso. Então, assim, essa metodologia de saúde que nós vamos implantar é o que vai desobstruir essa parte da UPA. Porque olha só, na UPA hoje nós atendemos 83%, a gente brinca de pulseirinha verde, que é o atendimento por saúde…
HL: A pessoa chega com uma dor de garganta, aí chega um esfaqueado lá e ele tem que ficar esperando a dor de garganta ser atendida, nada contra, mas são prioridades, né?
SR: São as pulseirinhas, né, que a gente brinca. Então, quando a gente volta para as UBS, que é o Posto de Saúde, é mais perto da casa da pessoa, é mais cômodo, é mais confortável, é menos tempo de espera. Fora isso, nós também vamos investir em telemedicina, a teleconsulta, que vai facilitar. Chegou tarde em casa e não consegue se deslocar, é uma dor de garganta, é uma febre, pode fazer a videochamada.
HL: Abre a tela, manda o QR code do remédio, na pandemia fez isso e deu certo, por que não continuar um negócio desse?
SR: Concordo com você, isso vai também desobstruir o atendimento na UPA.
HL: Desburocratiza, esvazia a UPA, que precisa estar concentrada em atendimento de urgência.
SR: E facilita a vida do cidadão, porque você ali na tela do celular já consegue fazer o atendimento.
HL: É lógico que quando tem que examinar e tudo, é uma coisa complexa, aí não dá.
SR: O próprio médico no atendimento fala “essa situação é mais complexa, desloca para a unidade de saúde X”, mas a parte boa é que quando ele for atendido e o médico falar “desloca para a unidade de saúde X”, que o médico vai ter acesso ao endereço, ele já vai estar triado, então vai facilitar na chegada.
HL: E já chega lá com um tipo de atendimento. Vai precisar de investimento maior na Saúde? Como está a sua previsão orçamentária para a Saúde?
SR: É por essa mudança de metodologia que a gente demora um pouco mais, principalmente por causa do planejamento financeiro, porque hoje, para você ter uma ideia, de 1.002 funcionários, colaboradores da saúde, nós tínhamos 306 médicos, então é desproporcional, e a gente não conseguia enxergar isso no final, que é na ponta da linha, a gente não enxergava isso. Então, sempre reclamavam que faltam médicos, mas tinha excesso de médicos no quadro. Então, nessa reestruturação a gente tem que entender onde estavam esses médicos, como estava sendo feita a carga horária, a implantação dos médicos, a gente tem muita dobra, ou seja, um médico estava dobrando, estava fazendo função de outro médico, então, assim, a gente tem que entender esse contexto ainda.
HL: Como essa conta vai fechar na Saúde, você não sabe ainda.
SR: Então, é esse sistema que a gente está estudando para poder investir na atenção primária.
HL: E também o orçamento, tudo vai ser ao longo desses meses agora redefinidos?
SR: Claro, e também a gente vai buscar nos órgãos Estaduais e Federais investimento, emendas, convênios, projetos para que a gente consiga trazer mais recursos e investir na saúde das pessoas.
HL: Às vezes o pessoal fica assim “hospital, tem que ter hospital”, e aí muitos prefeitos me falam assim “tem que ter hospital, mas como vai ser para rodar esse hospital?”, porque você abre o hospital e depois é caríssimo para manter o hospital.
SR: A logística disso, o custeio, né.
HL: Você pensa nisso também ou é uma coisa que vai ficar o atendimento por meio de UPA?
SR: Na verdade, assim, quando a gente ‘desupalizar’ e focar na atenção primária, que são as UBS, e nós aumentarmos as equipes de PSF, de saúde e da família, nós vamos dar a maior amplitude para atendimentos das pessoas, e aí quando a gente também usar outras estratégias, como o teleatendimento, também vamos ‘desupalizar’ e tirar aquele quantitativo de pessoas da UPA. Fora isso, a gente também está fazendo parcerias com Universidades para levar os formandos.
HL: Os médicos que estão estudando, os residentes.
SR: Exatamente, os que estão no último período. Hoje, a gente recebeu da Faminas cerca de 30 do último período de Medicina, que são médicos.
HL: Já tem que saber atender, né?
SR: Exatamente. Já estamos recebendo 30 deles, então essas parcerias que a gente faz também, vamos fazer da odonto, para você ter uma ideia, lá na Odontologia nós temos uma fila de espera de 2 mil pessoas para fazer canal, então, assim, é uma fila gigante que a gente tem para poder fazer canal.
HL: É, e se não fizer vai ficar uma turma de desdentado, porque a tendência é essa, se você não recupera o dente ali a tempo, acabou.
SR: E começa a dor, vai extrair e tchau.
HL: Você quer acabar com essa fila aí também? Você tá com uma proposta de acabar com essa fila em quanto tempo?
SR: Nós vamos fazer parcerias com as Universidades, nós fomos na Uni-BH e lá são 3 andares de consultórios odontológicos, é uma coisa, assim, monstruosa que vai nos ajudar a reduzir essa fila , quiçá zerar essa fila.
HL: Ainda nesse ano, você acha?
SR: Se Deus quiser. A gente faz caravana para poder resolver. (risos)
HL: Chega todo mundo lá e atende em bloco. (risos)
SR: É isso aí. Vamos levar uns 10 ônibus, mas a gente vai resolver.
HL: Que legal gente, muito bom. Rodolfo, da Saúde para a Educação, que é outro ponto também que demanda muita atenção de um prefeito. Como está a Educação em Sabará?
SR: Para você ter uma ideia, lá em Sabará a gente não tem escola integral, que é um pedido latente principalmente das mães solo.
HL: Escola integral, creche, para elas ficarem tranquilas, às vezes muitas vêm para Belo Horizonte para trabalhar, né?
SR: É isso aí. E atrelado ao que você falou “vem para Belo Horizonte para trabalhar”, olha só, nós hoje somos uma cidade dormitório, a gente não tem emprego, a renda per capita é baixa e a gente tem que ter essas pessoas fazendo essa mobilidade, pegar ônibus, 2, 3 ônibus, ir e voltar, são 3, 4 horas por dia de deslocamento.
HL: Duas horas para ir e duas horas para voltar.
SR: Exatamente. Fora o estresse diário, sendo que podia ter emprego em Sabará. Então, atrelado a isso a gente vai investir na educação, não tão somente na questão das crianças, mas também quando a gente investe em desenvolvimento econômico, a gente também investe no conforto das mães, dos pais para trabalhar próximo e dar uma melhor qualidade de vida para a criança, para a família, enfim, isso é meio que atrelado.
HL: Não precisa ficar nesse êxodo urbano, né?
SR: Exatamente. E olha só que péssimo que a gente recebeu lá, na hora que nós entramos no mandato, a gente percebeu que não tinham deixado licitado o material escolar e o uniforme para as crianças. Foi uma surpresa negativa para a gente, a gente chegar e não terem licitado, né, porque o período ali é muito próximo entre uma gestão e outra para o início das aulas, o ano letivo, então não tinham licitado. A gente se reuniu lá, a equipe, e já começou aquele mutirão para poder dar celeridade.
HL: Senão não ia começar o ano letivo em fevereiro.
SR: Exatamente. Então, assim, a gente ainda vai ter um pouco de atraso para a entrega, mas nós vamos conseguir entregar material e uniforme para as crianças graças a equipe aí que se desdobrou e deu o melhor de si.
HL: Essa capacitação técnica do pessoal, para tentar manter essa mão de obra lá, para ter mais conhecimento, como você pretende fazer isso também?
SR: Pois é, essa capacitação técnica vai ser feita periodicamente para professores e diretores, e não só para a Educação, mas para a Saúde também e demais outras áreas. A gente, hoje, tem diretores que são indicados, que é uma lei antiga da gestão anterior, que o diretor é indicado. Nós vamos mudar isso, porque eu não concordo que o diretor seja indicado pelo Prefeito. A gente ainda manteve agora, porque as aulas já começaram e a Câmara só volta semana que vem.
HL: Tem que ter um Projeto de Lei, os Vereadores, você tem que estar alinhado com eles, né, tem que ter maioria para conseguir votar um projeto desse.
SR: Exatamente. Então, nós vamos mandar o Projeto de Lei para a Câmara para que eles votem e a partir do ano que vem já é escolha democrática, eleição.
HL: Você acha que isso também flui melhor dentro de uma escola?
SR: Flui melhor e, assim, lógico que vão ter requisitos técnicos que tem que ter de acordo com a legislação, não pode ser qualquer pessoa que vai almejar o cargo de direção, e também esses outros requisitos de humanização, de empatia, de relacionamento interpessoal, isso é importante para esses cargos de direção, de chefia.
HL: De ter esse diálogo, essa transparência para resolver essas questões. Para o pessoal, eu tenho visto, também, muitos prefeitos preocupados, assim, “vou fazer um convênio com o Sistema S”, é Senar, Sebrae, Senac, Senai, Indústria, Comércio, Turismo, é Aprendizagem Rural… Como está, também, isso na sua visão? Você acha que é possível, dá para manter esses cursos lá em Sabará para as pessoas não terem que se deslocar para cá?
SR: Olha só, com cerca de 10, 15 dias de Governo, a gente já tinha feito um compromisso com o Sebrae. Então, o Sebrae já vai investir em Sabará, isso para nós é um momento histórico, porque nunca tinham conseguido essa parceria, e o orçamento é do Sebrae, então nós só vamos receber toda a logística deles, todo o investimento deles, é zero custo para o Município. Então, isso para nós é uma conquista imensa, Helenice, recebemos o apoio da Rede S, do Sebrae, sem zero recurso da Prefeitura. Fora isso, a gente vai fazer outras parcerias com a Rede S, como por exemplo na área do Turismo, a gente precisa alavancar o Turismo na Cidade. Sabará é uma cidade histórica, turística, mas não tem turismo. Tínhamos um Hotel que foi feito há cerca de 10 anos e hoje virou sala comercial, porque não se manteve, não teve turistas na cidade.
HL: As pessoas vão lá, visitam e vão embora.
SR: Isso aí. Então, a gente quer criar uma metodologia de investir no turismo, Sabará é uma das únicas cidades que tem todas as fases do Barroco.
HL: Nossa, isso é dificílimo de encontrar no Brasil.
SR: Dificílimo de achar. A gente tem obras de Aleijadinho e a igreja de Aleijadinho, que é a Nossa Senhora do Ó, uma igreja que é reconhecida mundialmente. Então, a gente tem todas essas expertises, fora que nós temos lá, Helenice, 77 trilhas, porque o pessoal também é costumeiro de ir em Sabará de bike, de moto, então nós vamos catalogar todas as trilhas, jogar para um aplicativo para as pessoas que vão lá visitar ter o acesso a essas trilhas.
HL: Dá até para fazer campeonatos lá, isso chama muita gente.
SR: Dá para fazer.
HL: Mas aí já tem que ter uma rede hoteleira, já tem que ter algum hotel perto para o pessoal ficar lá, porque aí consome lá.
SR: Concordo. O problema disso é que hoje nós temos 3 pousadas lá que estão quase fechando, porque não tem turista. O hotel que eu disse que virou a sala comercial fechou, nós em Sabará não temos nenhum Airbnb, nada, zero, então, por exemplo, Tiradentes hoje é uma potência no turismo, ela saiu de 0 para 490 pousadas.
HL: Menor, muito menor…
SR: Muito menor que Sabará.
HL: E se falar do acervo histórico aí, Sabará não deixa nada a dever.
SR: História cultural, proximidade com a RMBH, se você pegar Sabará hoje, é a cidade histórica mais próxima da RMBH, então, assim, nós temos 2.8 milhões potenciais turistas aqui.
HL: A igreja é a segunda mais antiga do Brasil, não é?
SR: O teatro, é o segundo teatro mais antigo do Brasil e com a melhor acústica da América Latina, é o de Sabará. Então, assim, nós também vamos popularizar o teatro, porque hoje subentende-se que o teatro é uma par de elite, e não é, o teatro é de todo mundo, então nós vamos popularizar isso.
HL: Tem que democratizar, todos nós pagamos, todos são contribuintes.
SR: E lá é muito gostoso, o teatro. Você vai lá… você vai ter a oportunidade, não sei se você já foi.
HL: Eu acho que não, o teatro não. Agora, as igrejas já fui, achei lindo, tem aquele Festival também de Jabuticaba lá.
SR: O Festival de Jabuticaba é o maior de todos os festivais aqui da Região.
HL: E fica lotado.
SR: Lotado, são mais de 100 mil pessoas.
HL: É reconhecido nacionalmente, todo mundo vai.
SR: E a jabuticaba, Helenice, é patrimônio imaterial, reconhecido lá. Então, assim, já é também um selo que a gente tem da jabuticaba. E, olha só, a gente vai restabelecer vários outros festivais na cidade, o Festival de Gastronomia, o Festival de Música, o Festival da Cachaça, e na década de 1990 o Festival da Cachaça de Sabará era o maior do Brasil, e se perdeu, acabou, então nós vamos resgatar isso. A gente quer fazer esses investimentos nessa área também de festivais, de Cultura, é Festival Gospel, enfim, vários eventos grandes pelo menos uma vez por mês para que a gente traga o turismo, emprego, renda, gire a economia local.
HL: E não é um investimento tão alto assim, né? E tem a Economia Criativa que cria no entorno desses eventos.
SR: E aí acaba que você favorece… hoje a nova metodologia de turismo chama-se Turismo de Experiência, que é você ir no lugar, sentir o prazer daquilo, falar com outras pessoas, porque o boca a boca é a melhor propaganda que tem, às vezes você vê a imagem ali, mas a Helenice está falando para a amiga dela “nossa, vai lá em Sabará, que lugar, que vinho gostoso, a jabuticaba, que licor…”, é isso aí, é diferente, quando você passa o seu feedback para outra pessoa é diferente, isso favorece tanto para o positivo quanto para o negativo. Então, a gente quer realmente proporcionar esse turismo de experiência, agradável, acolhedor na cidade para que elas propaguem a cidade para outros lugares e queiram voltar, que é o principal.
HL: É, porque aí está deixando o dinheiro lá, gerando arrecadação, renda, né.
SR: Atrelado a isso, também, nós vamos investir muito no desenvolvimento econômico, que a gente já tinha falado sobre o Distrito Industrial.
HL: É, porque a gente conversa um pouquinho antes aqui, né, para saber para onde que está caminhando. E a gente sabe que Sabará tem uma história riquíssima com ouro, ela foi a maior produtora de ouro do país.
SR: Isso aí. As 3 cidades que começaram Minas Gerais, que é Sabará, Mariana e Ouro Preto, então tudo começou dessas 3, e a riqueza de ouro lá, a gente tem uma mina de ouro, uma das maiores da América Latina.
HL: E eu até te perguntei isso, né, Rodolfo, de como está a previsão lá, quanto tempo a reserva dura.
SR: Ali tem ouro demais. (risos)
HL: Para o próximo século, né?
SR: São 23 andares para baixo, subterrâneos, então é muita coisa.
HL: É a maior mina que tem no país de profundidade, mais de mil metros de profundidade, não é?
SR: Isso aí. Para chegar lá embaixo são 3 horas de carro.
HL: Você já foi lá?
SR: Não, mas eles falaram com a gente que se tiver que ir de carro são 3 horas para chegar no fundo, então é muito grande.
HL: Que potência que tem, não é? E de tudo, porque a mineração não é vilã numa cidade se tem todos os cuidados, né, se seguem todas as regras, os licenciamentos e tudo, ela está é gerando emprego, renda, arrecadação, a CFEM, que é o imposto da mineração.
SR: E também tem as contrapartidas, né, Helenice, e a fiscalização ambiental, que isso é natural, tem que ter, tanto do Município quanto do Estado. E essas contrapartidas são ali investidas onde tem os maiores problemas ocasionados, nos bairros ali afetados, e é onde a gente vai também cobrar dessas empresas que elas forneçam contrapartidas para os locais que são afetados. A gente tem um aterro, o aterro sanitário nosso que também é um dos maiores da região, Belo Horizonte vai para lá, outras várias cidades vão para Sabará.
HL: Tudo joga lá?
SR: Tudo em Sabará. E aí, para você ter uma ideia, agora vai ter uma empresa que vai investir ali em Usina de Biometano, então vai tornar sustentável. Isso é importante, porque a gente vai economizar gás carbônico para a natureza, é quase 1 milhão de toneladas que vão ser economizadas de gás carbônico da natureza, é o carbono zero.
HL: Num ano que a gente está na COP-30, toda essa dinâmica…
SR: E faz parte da ODS, essa questão do carbono zero também é das 17 metas da ODS. Então, assim, a gente quer se adaptar também a essa realidade, fazer com que as coisas se adaptem.
HL: E transformar isso em renda para a população, né? Isso é dinheiro que está voltando para a Cidade.
SR: Isso aí. Então, esse Distrito Industrial ficou 10 anos parado. Na época em que ele foi idealizado, em 2014/2015, a previsibilidade era de 6 mil empregos. Hoje, nós estamos lá com 600 a previsibilidade, por quê?
HL: Tem uma potência aí para ser desbravada.
SR: Exatamente, por que qual é o problema? Como teve ali um problema de gestão para outra quando foi implantado o Distrito, as empresas não vão ficar esperando, elas vão migrar, então várias empresas que estavam ali para se estabelecer tiveram que migrar para outros locais e perdemos isso em Sabará, então a gente perdeu mais de 4 mil empregos em Sabará. A gente vai, agora, brigar para fazer essas empresas voltarem, para investir em Sabará, para trazer emprego para Sabará.
HL: O que você vai fazer para atrair as empresas?
SR: Dar aquele atrativo fiscal.
HL: Doação de terreno, isenção de IPTU para os próximos 10 anos, ISS…
SR: Isso, essas coisas. O ISS de Sabará já é baixo, então já é um atrativo para a empresa, lá é o mínimo que tem na Região Metropolitana, é 2%, então é muito atrativo, e também a logística.
HL: A proximidade, né, vai mudar tudo com a 381.
SR: Tudo, isso vai ser uma mudança extrema.
HL: O que você está vendo, será que essa obra sai rápido?
SR: Agora sai.
HL: Eu tenho mais de 30 anos de jornalismo…
SR: Você ficou esperando, né? (risos) Eu vou morrer e não vou ver a 381 sair.
HL: Eu vou me aposentar e esse negócio não saiu, mas agora sai?
SR: Para você ver, nós lá vamos ter 2 obras que vão afetar diretamente Sabará, que é a duplicação da 381, que são o lote 8A e o 8B. O lote 8A é da Cristiano Machado até Ravena, e o 8B de Ravena até Caeté. Então, isso vai afetar positivamente e diretamente Sabará.
HL: Por quê?
SR: Por causa da logística. Essa duplicação vai favorecer as empresas irem, as pessoas se deslocarem, principalmente de Ravena, vai ser muito mais rápido e atrativo para empresa ir também, porque logisticamente falando, para uma empresa estar numa BR, o polo dela, é muito mais rápido a vazão.
HL: Ela distribui ali mais rápido, o Centro de Distribuição fica muito mais dinâmico do que numa cidade que não tem essa estrada tão eficiente ali na porta dela.
SR: Isso aí, e atrelado a isso temos também o Rodoanel que também vai ser ali na altura de Ravena, vai ser Vespasiano, São José da Lapa, Santa Luzia, BH…
HL: Ravena é um Distrito?
SR: É um distrito de Sabará. E hoje a gente tem muito problema logístico em Ravena por dificuldade de transitar, de mobilidade.
HL: Ela acaba ficando isolada, né?
SR: Isolada.
HL: Então, vocês têm que fazer todo um trabalho, ter um gasto muito maior. Agora, ela entra já no circuito.
SR: Então, Ravena já vira agora do circuito.
HL: Que tipo de empresa, Rodolfo, você pensa? Você fala aí que está muito ligado a tecnologia, sempre gostou, sempre estudou muito isso. Que tipo de empresa você pretende atrair, tanto para Ravena quanto para Sabará?
SR: A gente vai começar do empreendedor. A gente vai tornar atrativo o empreendedorismo na cidade dando curso, capacitação, a gente vai fazer uma parceria com IFMG lá de Sabará, Instituto Federal, que é um grande instituto que tem Sabará hoje, graças a Deus, temos o instituto para poder ajudar o empreendedor local. Então, por exemplo, a senhora lá do salão, o cara da barbearia ou a padaria, essas pessoas crescendo automaticamente a cidade cresce, porque eu começo no salão, eu contrato mais um, então eu contratei alguém do bairro que vai comprar na padaria, que vai aumentar a venda que aí vai ter que pedir mais insumo.
HL: Vai ter mais dinheiro para gastar no comércio. Aí o produtor rural da região vai comprar mais ovo lá, vai comprar mais leite de lá, queijo…
SR: É isso aí. Então, entende que é um ciclo ali? Esse empreendedor que é do salão, da barbearia, da padaria são os geradores de empregos mais rápidos que a gente tem na cidade, e mais volumosos, que dão impacto mais diretamente no bairro. Então, nós vamos ajudá-los desburocratizando, facilitando a eles acessos, dando crédito, fazer convênio, parcerias com instituições financeiras, então isso tudo a gente vai fazer. A gente vai ter uma sala lá só para empreendedor, que vai facilitar também a eles entenderem como é que funciona essa metodologia de criação de CNPJ, até empréstimo para poder crescer o seu empreendimento, então começa aí. Agora nas questões de empresas, esses atrativos fiscais e essa facilidade logística que nós vamos ter agora, eu tenho certeza de que vai ser um dos maiores atrativos para empresas irem para Sabará, porque favorece esse deslocamento.
HL: E eu ouço muito, Rodolfo, o pessoal falando “ah, mas grande empresa não gera muito emprego”, mas ela gera uma cadeia longa de fornecedores que acabam migrando para região para atender aquela grande Indústria, aquela grande empresa ali de serviços, seja na Indústria, seja no setor Agropecuário, e isso fica ali, a gente vê outras cidades que tem essa vocação.
SR: Vou dar um exemplo. A empresa de biometano, a usina que vai implantar lá a partir do ano que vem, são 214 milhões de investimento na cidade, 500 empregos gerados, dos 500 gerados, 30 são diretos, mas 470 são indiretos, que é a padaria que vai fornecer, o restaurante que vai fornecer alimentação, que é o cara que tem uma van e vai fornecer a logística, então está gerando emprego direto.
HL: E cada emprego desse está impactando uma família de pelo menos 3 pessoas, ou seja, olha a reverberação disso.
SR: Exatamente. Então, não é só impacto direto ali de quem está no local trabalhando, é o que essa cadeia produtiva quando se instala, proporciona, que é o que você falou, reverbera ali, alcança mais pessoas na cidade.
HL: Como vai chamar essa empresa, qual é o nome da empresa?
SR: Na verdade são uma parceira de 2 empresas italianas, a CH4 e a Azage, então elas se uniram ali para poder montar essa grande usina, a maior da maior de Minas Gerais.
HL: E já tem um volume que elas vão processar, já tem todo um planejamento que elas já apresentaram para você?
SR: Elas vão corresponder a produção de 7% da energia do Brasil.
HL: Nossa, é muita coisa. Isso joga na rede da CEMIG?
SR: Isso aí, e o importante é que é sustentável, então tira aquela coisa que está degradando o meio ambiente, tira aquele problema do lixão. Então, aquele gás ali vai ser todo compactado e todo transformado
HL: Nossa, que coisa viu, assim, vai mudar a cara da cidade, vai mudar Sabará.
SR: Então, é isso que a gente está querendo fazer, transformar a cidade.
HL: E aí, assim, o que a pessoa que mora no bairro que está com a rua dela de terra, está sem poste, está sem água encanada, o que você já respondeu para essas pessoas de mudar a realidade delas? Porque a gente sabe que Sabará também tem bolsões de miséria, né.
SR: Claro. Para você ter uma ideia, hoje nós temos quase 20 mil pessoas que não têm acesso a esgoto.
HL: 20 mil pessoas é quase 10% por cento aí da população.
SR: É mais, são cerca de 17% que não tem acesso a esgoto. E não só isso, Helenice, muitos desses 130 mil (habitantes) o esgoto não é coletado, então a gente vai ser muito incisivo com a com a COPASA, se precisar nós vamos judicializar, porque não pode cobrar um serviço que não é realizado.
HL: Então, vocês já vão procurar a Copasa para poder fazer serviço?
SR: Com certeza, nós vamos notificar a Copasa, eles vão ter que passar para a gente tudo que é coletado, onde é coletado, cada tipo de esgoto, se não é coletado, por que está pagando? Não vamos pagar. Então, nós vamos, se precisar, judicializar isso, a gente não vai aceitar. Fora as obras também que são feitas pela COPASA, que abrem o buraco e não fecham, ou que cria um transtorno que não consegue dar resultado, nós também vamos começar a fiscalizar isso.
HL: E tentar um diálogo também com eles, vocês já procuraram?
SR: Já procuramos, já tivemos esse contato até mesmo desde a última eleição, mas a gente vê que é um problema que se arrasta, e não é só Sabará, a gente tem Congressos com vários prefeitos e todos eles, 100%, reclamam da mesma coisa. Então, a gente vê que é um problema estrutural.
HL: Tem que fazer uma ação conjunta de prefeitos, um mutirão para poder tentar solucionar essas questões.
SR: Então, a gente tem esse problema estrutural, mas ao mesmo tempo a gente também tem que ter um planejamento de cidade.
HL: O que você quer, assim, nesse plano plurianual, nos próximos 4 anos, Rodolfo?
SR: Então, o nosso plano diretor, que é onde se estabelece o crescimento ordenado de uma cidade, o planejamento de uma cidade, ele está vencido desde 2023. Então, o plano diretor é de 2008, vale por 15 anos, venceu em 2023. Nós temos que fazer um novo plano diretor já pensando nessa logística da duplicação da 381, do rodoanel, já pensando em locais onde não tinha acessibilidade e hoje tem, já pensando em locais onde eram zonas rurais e hoje é urbano etc.
HL: Você tem um plano de quanto você vai investir nesses próximos 4 anos? Pelo menos, assim, na sua cabeça o que você sonha para Sabará?
SR: Na verdade, a gente, hoje, tem uma arrecadação prevista de 710 milhões, só que no ano passado ela não foi executada nesse valor, foi quase 100 milhões a menos. Então, a gente quer aumentar nossa arrecadação, a gente já pensa em 30% de aumento da arrecadação, fora que com a atração dessas novas empresas a gente consegue também ter mais impostos dentro da cidade, e também quando a gente consegue atrair turismo, a gente gira a economia local.
HL: É isso que eu ia te perguntar, como você vai aumentar em 30%? É muita coisa.
SR: Aumentar a renda per capita, fora que hoje tem empresas lá que às vezes estão devendo o ISS, então a gente tem que chamar para poder conversar, vamos reajustar, porque isso é investimento nas pessoas, na estrutura da cidade, na saúde, na educação, enfim, quando a gente consegue aumentar a receita, a gente consegue ter um maior retorno do investimento no dia a dia dos nossos cidadãos.
HL: Sim, qualidade de vida é tudo, né, para todos os setores.
SR: E um problema latente que a gente tem lá também, Helenice, é o transporte público, como quase toda cidade tem esse problema, é natural. Vamos trabalhar, por exemplo, a gente tem uma das passagens mais caras da RMBH, lá por quilômetro rodado, hoje, a pessoa para andar de um bairro para o outro em cerca de 2 quilômetros paga R$5,40, então é altíssimo o valor pago.
HL: Vocês vão rever essas licitações com as empresas de ônibus?
SR: Durante a campanha, a gente até entrou na justiça contra a empresa, porque a empresa tinha uma concessão de 20 anos que se encerrou no meio do ano passado, mais ou menos em agosto. E aí, o que a gente fez, a gente viu que tinha sido renovado automaticamente a concessão por mais 20 anos sem licitação, sem audiência pública, sem nada. Então, nós judicializamos lá no ano passado para que a Justiça veja e reveja o processo que foi feito, porque a gente não concorda de ser renovado o contrato sem passar por uma audiência pública, sem passar por uma nova licitação, e estamos esperando a Justiça decidir.
HL: E quem decide isso? É o Tribunal de Contas?
SR: Não, é o TJ, Tribunal de Justiça que vai avaliar o processo que foi feito e ver se realmente teve vícios. Se teve, há o rompimento do contrato, a gente abre uma nova licitação com uma nova metodologia de transporte, a gente quer implantar o transporte suplementar, que é o bairro a bairro, porque é mais rápido, é mais cômodo, é mais barato, é mais confortável.
HL: É, ela não precisa pagar essa passagem cheia, né.
SR: Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, tem lugar que você paga R$ 1,90 para poder ir de um lugar para outro, então a gente quer se basear nesse transporte suplementar para poder dar rapidez e fluidez no transporte.
HL: No transporte intermunicipal também, você acha que está funcionando? Você acha que dá para conversar com o Governo, aliás, como está o diálogo com o Governo Zema?
SR: O Governo é a nossa base, a gente é base do Governo, o Partido do Governo veio conosco na campanha, então a gente tem uma conversa bem tranquila, bem aberta e bem direta. Quando a gente tiver alguma coisa que for mais urgente, a gente liga direto para o Governador.
HL: Tem a porta aberta.
SR: Tem, com Vice-Governador, tem a porta aberta, são muito solícitos quanto a isso. Esse intermunicipal, também, a gente tem alguns problemas, mas aí como você falou, é de competência do Governo, mas a gente consegue ter essa fluidez de demandas para poder resolver. O transporte hoje de Sabará é R$5,40, o de Belo Horizonte que sai de Sabará para BH é pouco mais de R$7,00, então você roda quase 30km e paga pouco mais de 7, e lá você roda 2 e é R$5,40, não está fechando, está muito diferente.
HL: Está muito diferente, tem que rever isso aí. E o que você espera do Governo Zema? Já que faz parte desse apoio todo, tem porta aberta lá na Cidade Administrativa, o que você espera mais do Governo agora, já que está todo mundo junto aí mesmo barco?
SR: É um Governo que também é baseado no que a gente está fazendo, que é um Governo mais técnico, que tem pessoas ali com um profundo conhecimento da sua respectiva pasta, é um Governo que tem esse diálogo, que a gente consegue estabelecer esse diálogo, que a gente tem essa parceria, que consegue envolver demais entes para poder investir na cidade e que deu porta aberta para correr atrás de recursos. Muitos dos recursos que nós deveríamos ter, que a gente não tem, se não tivesse diálogo entre Governos, tanto Estadual quanto Federal, a gente deixa de arrecadar e quem perde com isso é o cidadão. Então, essa proximidade com os entes Federais e Estaduais é uma parte facilitadora para a gente poder ter acesso a esses investimentos. Então, como com o Governo Estadual a gente tem essa abertura, facilita para a gente fazer captação de recurso para poder investir no cidadão sabarense.
HL: Mas tem alguma coisa lá que você vai falar “Governador Zema, Vice-Governador Matheus Simões, tem que dar mais apoio aqui nessa área”, tem alguma assim?
SR: Tem, foi até bom você tocar nisso. Nós temos o Hospital lá em Sabará, na Roça Grande, que chama Hospital Cristiano Machado, ele é rede FHEMIG, então é do Governo do Estado. Hoje, para você ter uma ideia, Helenice, se você precisar fazer uma cirurgia, qual é o fluxo hoje? Estou com uma dor aqui, vou no UBS, aí o UBS fala assim “opa, pode ser uma hérnia” e te manda pro Cemae, que é um especializado, aí o médico te atendeu e falou assim “vai ter que operar”, te faz o papel para você ir na Secretaria de Saúde, esse é o trâmite. Chegou na Secretaria de Saúde, o que acontecia anteriormente, você deixou o papel lá, passaram 2, 3 anos e você não foi atendido, perdeu-se o papel. Era comum perder o papel lá e aí você tinha que refazer o fluxo todo de novo, voltar lá na UBS para ir para o Cemae, para poder ir para a secretaria, ou seja, era um sistema arcaico. Nós vamos automatizar esse sistema para que não perca papel, para que seja mais rápido e mais eficiente, tudo digital. Outra coisa que é um dos piores também, você está em Sabará, para você poder operar, o convênio é Lagoa Santa, então a pessoa tem que se deslocar para Lagoa Santa mesmo com o Hospital Cristiano Machado lá, que tem 2 blocos cirúrgicos preparados para isso, que estão há 5 anos sem funcionar os blocos cirúrgicos, porque o convênio de Sabará foi feito com Lagoa Santa. Então, o que nós vamos fazer? Nós já estamos já em diálogo com o Governo do Estado para nós voltarmos às cirurgias, sair de Lagoa Santa e voltar para Sabará, é mais cômodo, mais rápido, mais barato, mais prático e mais confortável. Está lá na cidade uma estrutura formidável que não está sendo usada.
HL: Mas depende de o Governo do Estado dar essa autorização?
SR: Isso, dessa parceria. Então, a gente só está esperando o trâmite, porque eles estão implantando OS na rede do Estado, nos hospitais, e assim que implantar a OS vamos firmar a parceria para as pessoas serem operadas em Sabará.
HL: Ah, legal isso. Isso também é qualidade de vida né, Rodolfo. A gente já está terminando menino, olha que loucura, passou rápido, né?
SR: Passou rápido, rapaz, já tem quase 1 hora aqui. (risos)
HL: (risos) E tanto assunto, assunto espinhoso, outros bons, né? Mas como você quer ficar reconhecido, assim, qual que é o legado que você em deixar para Sabará, já pensa nisso?
SR: Eu tenho a maior satisfação do mundo que é sair na rua e não conseguir andar, para mim é a maior alegria que tem quando a minha esposa fala assim “vai lá no supermercado”, e eu demoro 5 horas para voltar para casa. (risos)
HL: Todo mundo para e conversa com você. (risos) O pessoal te chama de Sargento Rodolfo?
SR: Chama, mas agora já é prefeito. (risos) Teve uma vez que eu fui ao supermercado, agora há pouco tempo, há uma semana, aí cheguei lá, o pessoal falou assim “ué, Prefeito, o que você está fazendo aqui?”. Eu falei, “ué, fazendo compra. A mulher mandou, tem que vir”, aí ele falou assim “mas eu achava que era seu assessor que fazia compra”.
HL: O povo acha que virou Prefeito, virou ET.
SR: Comigo não tem nada disso, eu ando de chinelo, ando de bermuda, porque eu gosto, porque você tem que andar no dia a dia assim, sou muito, muito tranquilo com isso. Se eu tiver que subir no palco, eu estou subindo, vou dançar, vou descer e vou abraçar todo mundo, então eu não posso perder…já virei figurinha de WhatsApp, já virou, já era! (risos) Mas isso é bom, porque é meu jeito. A gente criou agora uma ideia de ir à casa das pessoas, então uma vez por semana eu vou na casa de alguém almoçar. A gente só tem mil e 500 casas, Helenice, eu acho que vou precisar de uns 10 mandatos para poder ir às casas. (risos) Mas, assim, é uma vez por semana e você tem que ver o acolhimento com a gente.
HL: E você também sente quais são as demandas, né?
SR: Exatamente. Conversa, aí entende do bairro, vê o que está precisando.
HL: Uma vez eu vi um filme sobre o Winston Churchill, que foi o Primeiro-Ministro do Reino Unido, ele resolveu a guerra toda e conseguiu resolver a guerra numa viagem de metrô, conversando com o morador, vendo o que eles achavam que ele devia fazer em relação a guerra. Quer dizer, às vezes se você fica só em gabinete com ar refrigerado, você perde a noção do que o povo precisa.
SR: Mas olha o porquê é bom ter secretário técnico, eu vou para a rua sabendo que eu tenho um assessoramento que está resolvendo as coisas. Então, por isso é que é bom, me dá tranquilidade de ir para a rua.
HL: A máquina continua funcionando. Você está aqui dando entrevista há mais de 1 hora…
SR: E tem alguém resolvendo as demandas lá.
HL: A cidade não para.
SR: Então, é isso que dá tranquilidade para a gente ir para a rua. Por isso que eu fico muito na rua, porque eu tenho essa tranquilidade lá dentro, a gente está ali para gerir uma máquina inteira, mas eu tenho pessoas que estão ali conseguindo movimentar, sabe? Então isso é que dá mais tranquilidade.
HL: Muito boa essa estratégia.
SR: O que a gente pede para as pessoas mesmo é só aquela questão de paciência. A gente está com 27 dias de mandato, já resolvemos muita coisa na Cidade, mas a ansiedade, porque foram 30 anos de uma metodologia, a gente está vindo com outro tipo de metodologia, então acaba que o pessoal quer que resolva rápido, porque é natural. Pô, está vendo resolver no bairro tal, então agora eu quero meu bairro, isso é muito natural, mas a gente só pede isso para as pessoas, essa tranquilidade de entender que nós vamos resolver, mas é um processo, uma sistematização que a gente tem que implantar e um planejamento para o dinheiro público ser bem gasto, né, não ter que fazer e quebrar, fazer e quebrar, e gastar o dinheiro dele.