Luís Eduardo Falcão Ferreira, prefeito de Patos de Minas e presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), é o entrevistado de hoje na Temporada Minas S/A Desenvolvimento e Construção em todas as plataformas de O TEMPO.

Luís Eduardo, 41 anos, casado, pai de dois filhos, é o primeiro prefeito reeleito na cidade de Patos de Minas, no Alto Paranaíba.

Ao mesmo tempo, assumiu neste ano a AMM com o propósito de transformar a associação.

Formado em Direito, construiu uma trajetória com envolvimento comunitário.

Quer fazer uma reforma estatutária da AMM com o retorno ao mandato de 2 anos, como era antes da pandemia, com a possibilidade de recondução; atualmente, o mandato é de 3 anos.

Outra mudança a ser proposta é que apenas prefeitos em exercício sejam permitidos para cargos de diretoria, barrando ex-prefeitos, para evitar o que ele considera de “instrumentalização política” da entidade.

Luís Eduardo busca também o fortalecimento da representatividade municipal com maior participação dos prefeitos nas decisões da entidade, com atuação participativa das microrregiões.

O novo presidente da AMM quer ainda implementar uma diretoria exclusiva para municípios com FPM 0,6 (com menos de 10.188 habitantes), visando suporte específico a essas prefeituras.

A ampliação da capacitação técnica e transparência numa parceria com o Tribunal de Contas de Minas (TCE‑MG) para oferecer cursos e treinamentos a equipes municipais é outra meta de Luís Eduardo.

Continuidade da Escola de Gestão da AMM (EGM), que atualmente oferece mais de 50 cursos para prefeituras e servidores e divulgação aberta de contratos e despesas no portal da AMM, reforçando a transparência são outros pontos apresentados.

Luís Eduardo quer ainda reivindicar parte maior da compensação do FPM. Intensificação do diálogo com governos estadual e federal, além de articulação junto à CNM para defender os municípios.

A seguir, entrevista na íntegra de Luís Eduardo Falcão Ferreira:

HL: Prefeito, quero começar primeiro falando sobre a sua vida, o início da sua trajetória. A gente vê que o seu currículo é imenso, aliás, a gente, antes de começar aqui, estava perguntando, como é que você dá conta de fazer tanta coisa? É prefeito de Patos de Minas, a capital nacional do milho, uma cidade rica do Alto Paranaíba, é casado com a deputada Ludmila Falcão, tem dois filhos, é empresário, e agora, em 2025, assumiu a Associação Mineira de Municípios, que é a maior da América Latina. Dá para fazer tudo aí nessa agenda?    
LF: É um exercício diário de prioridade. A gente tem que estar sempre delegando, também, determinadas tarefas, mas sempre à frente dialogando com as equipes. Na AMM a gente tem uma boa equipe, na prefeitura de Patos também, graças a Deus, consegui montar uma equipe muito boa, unida, e eu acho que esse é o segredo. Realmente é muita coisa, mas eu gosto de muita atividade, eu vejo que quando a gente está ocioso, acaba por prejudicar até a saúde. Eu acredito que o ser humano precisa de movimento, precisa de atividade, até quando a gente aposenta, acho que a gente tem que arrumar uma outra atividade.  
 
HL: Isso é verdade.  
 
LF: Não pode parar. E eu fico muito motivado quando eu tenho desafios, quando eu tenho compromissos e metas a serem batidas, eu me cobro muito. Lá no município de Patos de Minas eu acredito muito que o trabalho foi ótimo até aqui, mas tem um monte de coisa que ainda precisa ser feita. Você cumpre um desafio, mas já de olho em outro, até porque,  em uma prefeitura, em um município, quanto melhor vai ao município, mais desafios. Se o município está crescendo, você precisa também de mais creches, de mais escolas, mais postos de saúde, mais infraestrutura, à medida em que a cidade gera mais empregos, recebe mais moradores, que é o caso de Patos de Minas, que está com 170 mil habitantes, aproximadamente, e recebeu aí de 12 a 15 mil novos moradores de 3 anos para cá. E o que isso significa? Mais desafios para o poder público. É acomodar todas essas pessoas, prover todos os serviços públicos.  
 
HL: Mais infraestrutura, mais esgoto, água encanada. 
 
LF: Tudo. Iluminação pública, coleta de resíduos sólidos.  
 
HL: Sim. Escolas, segurança pública. E tudo vai para cobrança na conta do prefeito, né? Você tem que resolver, né?  
LF: Esse é o problema, tudo é culpa do prefeito, como a gente costuma brincar. Esse é o problema. Uma estrada estadual, as pessoas cobram do prefeito, uma estrada federal, cobra do Prefeito, segurança pública, que é dever do Estado, como o prefeito está mais próximo, ele é o mais cobrado, geração de empregos, a mesma coisa, a própria saúde, que na verdade é tripartite, Município, Estado e União, mas quem é cobrado mesmo é o prefeito. Claro, os vereadores também, os secretários, mas principalmente o prefeito, como a figura de maior responsabilidade direta ali.  
 
HL: A maior fatia, que deveria ser para as prefeituras, o prefeito tem que estar sempre lá em Brasília com o pires na mão, né? “Me dá uma emenda lá, ajuda lá”, aquela loucura toda. 
 
LF: Essa é a nossa grande causa, seja na AMM, na Associação Mineira de Municípios, ou na Confederação Nacional, na CNM, qualquer entidade representativa de municípios, é exatamente essa injustiça federativa que nós temos no Brasil, essa inversão da lógica onde o recurso é recolhido no município, é gerado no município, a atividade econômica acontece no município, só que esses recursos são todos subtraídos, 70% ou mais vai para Brasília,  20% aproximadamente para o Estado e resta para o município uma parte muito pequena, ao passo em que a cobrança é a maior de todas, e o prefeito, que está próximo dos problemas, sabe exatamente o que precisa ser feito, mas nós estamos sempre submetidos a essa lógica que, óbvio, isso foi feito para concentrar poder mesmo, para concentrar recurso.  Então, essa posição de submissão dos municípios, é o que a gente tem dito, isso precisa mudar.  É no município onde as pessoas estão, os votos estão lá, os recursos estão lá.  
 
HL: O problema está lá.   
 
LF: O problema está lá, a riqueza gerada lá e a pobreza também acontece nos municípios, na ponta. Então, é uma ineficiência muito grande quando você tem o recurso tão longe de quem paga a conta, porque é muito... para o recurso vir de lá até o município é como você falou, o prefeito e o vereador têm que ficar implorando, tem que passar o chapéu, como se diz. 
 
HL: Isso e é até coisas piores, que já aconteceram no passado recente, né? Você não era prefeito ainda...  
 
LF:  A falta de repasses 
 
HL: A falta de repasses que aconteceu no governo de Fernando Pimentel, dali em diante eu vejo que as prefeituras, todo mandato tem um problema, a Associação Mineira de Municípios até colocou o dividômetro quando acontecia o evento anual, e eu vejo que... eu entrevisto aqui muitos prefeitos nesta temporada Minas S.A. Desenvolvimento e Construção e vejo que todos, com algumas exceções, estão com esse problema de contas a pagar de gestões passadas. No seu caso, você está na reeleição em Patos de Minas.  O que agora, como presidente da Associação Mineira de Municípios, você pretende fazer? Porque é um problema enorme aí, que já se distancia em todas as administrações e ainda tem essa reforma tributária aí, que por um lado é boa, mas por outro vai juntar um monte de imposto e a prefeitura vai ser engolida de certa forma.  O que você pensa, Luiz Eduardo?  
 
LF: Olha, em primeiro lugar, quem representa tem que conhecer os representados. Minas tem 853 municípios, eu não posso tirar por base o meu município. O meu município é um município médio, de 170 mil habitantes, que não tem os problemas que mais de 500 municípios mineiros têm. Quais são eles? Os municípios com FPM-06, Fundo de Participação do Município Índice 06, aqueles que têm até 10.188 habitantes. Esses municípios têm uma realidade completamente diferente dos municípios médios e grandes, por isso eles estão sendo priorizados na nossa gestão. Por quê? Vou citar alguns exemplos. Lá na prefeitura de Patos de Minas ou aqui na prefeitura de Contagem, de Betim, de Belo Horizonte, você tem um setor de compras, você tem um setor jurídico, você tem mais condições de fazer as licitações, os projetos.  
 
HL: São as prefeituras que têm mais recursos também, né? Arrecadam mais. 
 
LF: São mais bem estruturadas, já que tem mais gente pagando imposto e uma economia mais diversificada. Em uma cidade pequena, muitas vezes o procurador ou a procuradora, ele também é o responsável pelo setor de compras, ele acaba acumulando funções, a coisa fica mais improvisada e os processos são sacrificados, né? Essas prefeituras não tem consultoria, não tem assessoria. 
 
HL: Não tem dinheiro para ficar contratando, não tem curso para ficar fazendo, gestão... 
 
LF: A questão é tão grave que, para citar um exemplo concreto, coisas do dia a dia, os prefeitos não têm recurso para fazer uma calçada. Você tem um terreno que teoricamente deveria ser uma praça, o prefeito tem vontade de fazer a calçada ali em volta, não tem recurso. O sonho dele é fazer um posto de saúde, o sonho dele é fazer a pavimentação de uma rua, duas ruas, três ruas, e ele não tem recurso, por quê? Ele vive só de repasse estadual e federal e o recurso é simplesmente para pagar os professores, os profissionais da saúde ali, quem trabalha na cantina, na limpeza. No caso da saúde, médico, enfermeiro, técnico e acabou o dinheiro, não tem margem para fazer mais nada, e muitas vezes não está sendo suficiente nem para o básico, essa é a realidade hoje.  
 
HL: Fica escalando o pagamento. Você acha que essas prefeituras deveriam continuar existindo? Essas com até 10.188 habitantes? Elas são viáveis?  
 
LF: Olha, eu tinha uma visão um pouco diferente em relação a isso. 10.188 habitantes é até bastante habitantes, mas tem municípios com mil, dois mil habitantes, e eu sempre pensei que isso deveria ser revisto. Hoje, para te ser sincero, eu tenho uma visão diferente, porque quanto mais você descentraliza os recursos, quanto mais você dá a oportunidade das pessoas viverem em municípios menores, da origem deles ali, a qualidade de vida aumenta e o que eu vejo hoje como problema não é a existência desses municípios, e sim a ineficiência na aplicação do recurso, a concentração do recurso em Brasília, principalmente, que tem mais de 70 % dos recursos. Então, esses municípios devem existir, se você verificar os países mais desenvolvidos, eles têm mais municípios proporcionalmente do que o Brasil. Então, o problema não é a existência do município, o problema é a concentração do recurso em Brasília, principalmente, o que causa uma ineficiência enorme, o recurso acaba sendo espalhado, mal gasto, para não falar de...  
 
HL: É, de acordo com o poder político de cada região, né?  
 
LF: Exatamente.  
 
HL: Mas isso não vai mudar, não é, Luiz Eduardo? Assim, ou você tem essa utopia de que vai? Isso teria que mudar a lei, não é? E teve uma reforma tributária e não foi mudado isso. 
 
LF: O Ariano Suassuna falava que, quando alguém perguntava para ele se ele era otimista ou pessimista, ele falava que ele é um realista esperançoso. Eu também me defino como um realista esperançoso. Acho muito difícil mudar totalmente, virar de cabeça para baixo, mas a gente tem que trabalhar para ir avançando.  
 
HL: E o que você acha que a Associação Mineira de Municípios pode fazer detendo essa quantidade de municípios, a maior da América Latina? Qual é o poder dela e a sua visão como advogado, como empresário? Você já esteve do outro lado do balcão, agora está na gestão pública, de tentar melhorar, ao menos, esse ambiente de negócios aí, esse relacionamento da prefeitura com o poder estadual e federal?  
 
LF: São inúmeras pautas, tem muita coisa que não resolve o problema por si só, mas melhora a situação, essa é a luta da AMM diariamente. O que resolveria o problema de uma vez por todas seria a revisão do pacto federativo, que nada mais é que a divisão do bolo, dividir os recursos de forma mais justa, que você, tanto quanto eu, deve ouvir falar disso a vida inteira.  
 
HL: Nossa, eu tenho 31 anos de jornalismo e eu escuto desde que eu comecei.  
 
LF: Todo mundo fala sobre a revisão do pacto federativo, e o pior é que todo mundo concorda: “não, tem que fazer”, mas na prática a coisa não muda. Eu particularmente tenho aversão de falar “vamos para a marcha lá em Brasília. Todo mundo fala, grita, bate palma”, mas a coisa não muda realmente. Agora, nós temos uma grande oportunidade, por ocasião das eleições gerais de 2026,  o municipalismo nunca esteve tão forte, a Associação Mineira tem que juntar com a Associação Paulista, com a Carioca, com do Rio Grande do Sul, todas do Nordeste, do Centro-Oeste, junto da CNM e bater pesado nisso. A gente tem que sentar com os candidatos a Presidente no ano que vem, com os futuros congressistas também, e fazer um compromisso em relação a isso, começar a, proporcionalmente que seja, parceladamente, melhorar a condição dos municípios, e as questões mais localizadas, você tem, por exemplo, as despesas que os municípios pagam hoje que são originárias do Estado e da União. Despesa com Polícia Civil, Polícia Militar, funcionários cedidos para o judiciário, uma série de convênios que a gente paga, também não tenho a ilusão de que vai retirar tudo de uma vez, mas precisa começar a discutir isso. O Estado não está nos trilhos? Minas, nos trilhos, o Estado... Então, peraí, já que está nos trilhos, vamos começar, então, a aliviar um pouco para o lado dos municípios, nem que seja parceladamente. O Governo Federal já concentra recursos demais, nós ainda vamos pagar a despesa deles? Lá no meu município eu gasto milhões por ano com salário de funcionários cedidos, isso não é razoável, é uma situação, aliás, absurda.  
 
HL: Cada um tem que assumir as suas responsabilidades.  
 
LF: Nós temos outros exemplos, vou procurar ser breve aqui, mas por exemplo, o índice de pagamento pessoal, na folha, é de até 54%. 
 
HL: Responsabilidade fiscal.  
 
LF: Que é coisa muito séria e muito correta.   
 
HL: Também acho, tem que ter.  
 
LF: Na nossa casa, a gente não pode gastar mais do que ganha, como é que governo...  
 
HL: Senão começa uma insolvência financeira.  
 
LF: Exatamente. Hoje você tem funcionários terceirizados da saúde, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Hoje, eles incidem nesse índice de até 54% de pagamento pessoal na Folha. Existe um diálogo da AMM, um pleito, na verdade, da AMM, com o Tribunal de Contas do Estado, que, aliás, recebeu essa demanda muito bem, através do presidente do Durval Ângelo, e eu acredito muito que a gente vai conseguir retirar esses profissionais desse índice. Isso vai significar o quê?  Um respiro. Resolve o problema como um todo? Não, mas ameniza. Eu chamo de afrouxar um pouco a corda no pescoço, porque os municípios não estão conseguindo respirar.  
 
HL: Está muito complicada a situação dos municípios? A maioria dos 853 municípios?  
 
LF: Da maioria esmagadora. Como eu disse para você, dos 853, mais de 500 são esses menores, com até 10.188 habitantes. 
 
HL: E o restante também não está lá essas coisas, bem das pernas? 
 
LF: No meu município, que eu posso te falar com total propriedade, esse é o meu pior ano.   
 
HL: E olha que Patos de Minas tem um agronegócio fortíssimo, é a capital nacional do milho, tem a Fenamilho lá. 
 
LF: Café do cerrado mineiro, é o município que mais produz leite no Estado de Minas Gerais.  
 
HL: Região próspera, muitas indústrias, e mesmo assim...  
 
LF: Mas a conta não fecha. O cobertor é curto, você puxa para cima, o pé fica de fora. E é exatamente isso mesmo, o cobertor é curto, você fica o tempo todo “eu vou cortar isso para fazer isso. Eu não posso cortar aquilo”. Então, você tem que tirar essa outra coisa. Esse ano de 2025, em termos de repasses, ele é o pior pra mim desde 2021, quando eu entrei na gestão.  
 
HL: E olha que você assumiu na época dura da pandemia, não é? É que você foi eleito em 2020, então foi até hoje uma das piores crises mundiais que a gente tem aí da história, e teve que enfrentar todo aquele contingenciamento.   
 
LF: Exatamente.  
 
HL: E agora ainda está pior do que na pandemia? Você acha que piorou de lá para cá? 
 
LF: É que durante a pandemia a gente teve mais repasses, né? E as necessidades eram menores, uma vez que a atividade foi reduzida, você teve custos, menos despesas. Aqui eu falo da questão orçamentária mesmo, de ter orçamento para fazer o que é necessário. Durante a pandemia a gente tinha uma condição um pouco melhor a um custo muito alto, porque ninguém quer ter uma condição melhor porque está tendo uma crise, uma situação onde muitas vidas foram perdidas, mas, graças a Deus, a gente lamenta muito pelas vidas que foram perdidas, mas passamos e vida que segue.  
 
HL: Luiz Eduardo, e agora você à frente da Associação Mineira de Municípios, você tem, eu vejo, várias frentes de trabalho. Primeiro, reunificar a associação.  A gente que está do lado de fora sente que ela saiu dividida nessa eleição, teve uma cisão agora com seu nome, ok, teve uma cisão antes, mas agora você está tentando pacificar. Qual é a lição que se tira dessa eleição e o que você quer aí para frente no estatuto da AMM?  
 
LF: Eu acredito muito na maturidade dos prefeitos e das prefeitas, todos estão acostumados com a disputa. E o que ocorre é que a disputa na AMM é muito diferente da disputa no município. No município é uma disputa partidária, você tem ali um adversário, muitas vezes são... Eu não tenho inimigos, mas tem gente que trata como inimigo, leva para o lado pessoal e joga pesado. Na AMM foi uma disputa, claro, que a gente trabalhou muito e teve o adversário, mas isso é natural, gente, isso é democracia. O presidente que estava, entendeu que deveria ser candidato à reeleição, e é um direito dele, apesar de que agora a gente vai mudar... 
 
HL: Mudou o estatuto, né, para que sem ser prefeito pudesse ser candidato, né? 
 
LF: Ex-prefeito. Nós vamos mudar para não poder ser candidato e também vamos passar o mandato de 3 anos para 2 anos. Nós vamos propor isso, na verdade.  
 
HL: Como era antes da pandemia, né?  
 
LF: Exatamente. Porque se o mandato de prefeito é de 4 anos, qual é o sentido de você colocar um mandato na AMM de 3 anos? Vamos supor, eu fico lá por 3 anos, aí vai entrar outro e fica 1. Depois, às vezes, ele não é mais prefeito, como que ele vai ficar lá mais 2 anos representando quem está no mandato? Fica uma situação meio incoerente. Então, houve a disputa, mas, pelo menos da minha parte, com muita tranquilidade, um clima de respeito e a disputa acabou, gente. A gente está conversando com todos os prefeitos, eu fiz esse compromisso durante a campanha.  
 
HL: Você está chamando os adversários, a outra chapa?   
 
LF: 100%.  
 
HL: Todos estão aceitando e trabalhando unificados? 
 
LF: Até porque eu sei da minha obrigação de trabalhar para todos. Eu tenho a minha ideologia, mas eu não vou levar a minha ideologia para dentro da AMM, lá é uma instituição, o trabalho tem que ser institucional. É como se o presidente da Assembleia Legislativa falasse assim “eu vou trabalhar só para os deputados que são do meu partido”. Não, ele tem que ser presidente de todos os deputados,  assim como o presidente da Câmara, Hugo Motta, a mesma coisa,  
 
HL: Você está representando quantos prefeitos hoje?  Estão todos na Associação Mineira de Municípios ou não? Os 853?  
 
LF: Minas tem 853 municípios. Hoje, na AMM, nós temos 831 municípios associados.  
 
HL: Aumentou então?  
 
LF: A gente aumentou já na posse, e depois da posse a gente vem filiando mais alguns e nós estamos com essa meta de filiar 100% dos municípios mineiros.  
 
HL: É, o interessante é isso, né? Trabalhar por todos. E é um Por que você acha que esses ainda não estão? É melhorar os serviços da AMM? 
 
LF: Questão de custos, né? Existe um custo, uma mensalidade e tem municípios que tem uma situação mais difícil e falam “eu não vou entrar”. Outros municípios, às vezes um pouco maiores, falam “eu não preciso da associação”, mas a gente está trabalhando para mudar isso. Por exemplo, Betim entrou agora, Betim não fazia parte, e o que a gente precisa deixar claro é que a atuação em bloco é muito mais forte do que se for feita fragmentada. Então, o trabalho de convencimento é o seguinte, gente, vamos estar todos juntos. O municipalismo mineiro precisa trabalhar de forma unificada e sair, como eu disse, dessa posição de submissão, nós temos que passar para cima da situação e assumir um protagonismo que é dos municípios, não temos que ficar submissos ao Governo do Estado, ao Governo Federal, ficar pedindo, ficar implorando. Lógico que tudo com muito respeito, mas nós temos que nos impor um pouco mais. Os municípios não podem ficar com essa autoestima de que somos o lado mais fraco, não podemos fazer isso. Na verdade, nós somos o lado mais forte, as pessoas vivem nos municípios. Como eu disse, os empregos, a riqueza, as pessoas. O Estado e a União são entes meio gasosos “ah, o Estado, o governo do Estado, o Governo Federal”. O que existe, que a gente vê atividade econômica, vê os problemas, é o município, é a cidade, é lá que as pessoas vivem. Então, nós vamos fazer esse trabalho, estamos fazendo, e de forma cada vez mais forte para que os municípios assumam o lugar que é seu, nós, não vamos aceitar ser achatados, nós temos que assumir o nosso lugar e exercer a liderança que é dos municípios.  
 
HL: Luís Eduardo, você continua sem partido, aliás, saiu do Partido Novo logo depois que acabou a eleição da Associação Mineira de Municípios. Muito se falou na época que você ficou chateado com o governador Romeu Zema, do seu partido antigo, o Partido Novo, muito se fala aí no mercado que ele não apoiou da maneira contundente que deveria ter apoiado, até manifestou também palavras para o outro candidato. Como ficou essa relação agora com o governador? Ficou rusga? Ou se ficou, já foi aparada aí? Ou isso é fofoca de mercado?  
 
LF: Não, não ficou rusga nenhuma. Na política você tem que estar preparado para tudo. Eu entrei na disputa preparado para tudo, só que convicto da vitória, independente de apoios do Governo ou de qualquer outro ente, de qualquer outro político, eu tinha muita convicção que quem ia decidir a eleição eram os prefeitos, não era o Governo de Minas, o Governo Federal. Lógico que o apoio é sempre bem-vindo de todos os deputados, enfim, mas são prefeitos, principalmente prefeitos. E isso foi amplamente discutido, nós é que temos que decidir isso aqui. Em relação ao Governo, houve uma escolha de neutralidade em relação ao que eles falam, que ficaram neutros, eu entendo que era uma situação até fácil de resolver, né, chama os dois candidatos para conversar, faz ali uma composição considerando que o presidente que saiu já tinha sido presidente, não estava mais no cargo de prefeito e, no entanto, a disputa seguiu e está tudo certo, do mesmo jeito que fizeram uma escolha, eu também fiz a minha, por entender que ficar sem partido neste momento é o melhor para o municipalismo mineiro.  
 
HL: Por quê?  
 
LF: Isso reforça a minha posição de independência, de trabalhar para todos os prefeitos, de direita, de esquerda, de centro. Como eu te falei, eu tenho a minha ideologia, tinha o meu Partido, mas eu não posso ir pra dentro de uma instituição da importância da AMM e passar a trabalhar só pra quem pensa igual eu, só pra quem está no meu partido.  
 
HL: Mas isso também não pode passar uma imagem de descrédito em relação à filiação partidária? Você pode estar dando o exemplo, também, contrário, de dar um efeito bumerangue aí na sua carreira?  
 
LF: Eu acho que se você fizer uma pesquisa, como muitas já foram feitas no Brasil, eu respeito muito os partidos políticos, mas a população brasileira não está preocupada com isso, a população brasileira está preocupada com honestidade, com transparência, com princípios, valores e com resultados.   
 
HL: O problema é que na hora de votar os partidos votam de acordo com a orientação partidária e aí a coisa muda.  
 
LF: Com certeza. Por isso que agora eu vou tomar uma decisão, claro, com o tempo, eu não vou me filiar a nenhum partido agora.  
 
HL: Agora em 2025 não?  
 
LF: Acredito que não. Muito difícil. Essa decisão deve ser tomada muito provavelmente no ano que vem. A gente tem recebido convites, assim...  
 
HL: Você tem sido assediado por vários partidos, Luís?  
 
LF: Eu recebi alguns convites do PSD, do PL, e vou conversar com todos eles, porque a política é diálogo, nós temos que conversar, entender qual é o projeto de cada partido para Minas Gerais e para o Brasil e tomar uma decisão mais adiante, mas com muita clareza de que não é isso o mais importante agora, o importante é o resultado, é o trabalho para os municípios. Os prefeitos estão esperando que a gestão deles tenha ganhos através da atuação da AMM, seja nessas questões junto ao Tribunal de Contas, seja nas questões junto ao Governo do Estado, junto ao Governo Federal, junto ao Judiciário, enfim, essa é a nossa pauta diária.   
 
HL: 2026. Muita gente está falando que você vai ser candidato. Você nega ou está em estudo alguma candidatura em 2026 para Deputado Federal? Deputado Estadual sua mulher já é.   
 
LF: Na política, quem manda é o povo. O prefeito que fala isso, o político que fala isso, é uma coisa muito batida, mas é verdade, e eu pretendo levar isso a cabo. Eu não vou fazer nada que a minha população lá de Patos de Minas não queira.  
 
HL: Mas então não está descartado você ser candidato ano que vem a Deputado Federal, por exemplo?  
 
LF: Não está descartado. Eu fui reeleito prefeito, eu tenho mandato até 2028. Esse é o meu compromisso, fui reeleito Prefeito e tenho que cumprir o mandato. A não ser que a população diga que precisa ser seguido um outro caminho. Eu vejo isso com muita tranquilidade, muita clareza.  Se o caso for de cumprir o mandato até o final, vou fazer isso com maior orgulho da minha vida, eu nunca imaginei ser prefeito da minha cidade, fui eleito com 52% dos votos e reeleito com 85% dos votos, é a maior votação...  
 
HL: O primeiro prefeito reeleito da história de Patos de Minas, gente, o povo lá é exigente, né? Para ter dado esse voto de confiança pela segunda vez para você é porque...  
 
LF: O povo lá é exigente e, assim, a gente subiu a régua, porque na medida que você vai melhorando as pessoas querem mais, ninguém aceita pouco, ninguém aceita mais o que era antes.   
 
HL:  É, pagar funcionalismo é a responsabilidade de qualquer gestor, a gente quer mais, é obrigação, né? Então, a gente quer muito mais. 
 
LF: Manter a cidade limpa, manter a cidade bonita é obrigação também. Agora, o que acontece muitas vezes é que é uma obrigação que muitos não fazem, e aí a hora que você faz, acaba que fica destacado ali aquelas ações.  
 
HL: Luís Eduardo, deixa eu apertar só mais um pouquinho, está bom? (risos) 
 
LF: Pode apertar, eu gosto, pode apertar.  
 
HL: Você gosta, né? Já está acostumado, né? Como empresário, matava um leão por dia, já sabe como é a vida.  Não seria contraditório, por exemplo, se você for candidato ano que vem, não sendo prefeito e continuar na presidência da AMM? Aí como que seria? 
 
LF: Tem que sair, tem que renunciar.  
 
HL: Aí tem que renunciar mesmo.   
 
LF: Tem que desimcompatibilizar, você tem que sair de entidades, de órgãos que poderiam conferir a você uma vantagem na disputa. Mas eu insisto que, nesse momento, o meu foco é a Prefeitura de Patos de Minas e AMM.  A disputa do ano que vem, ao mesmo tempo em já está batendo na porta, tem muita gente… 
 
HL: Todo mundo só fala nisso, é incrível como foi antecipado, né?   
 
LF: Exatamente, e isso me preocupa muito, porque daqui a pouco a gente não está trabalhando mais. Todo e qualquer movimento deixa de priorizar, às vezes, os resultados para priorizar uma movimentação estratégica, politicamente falando.  
 
HL: E, assim, “eu vou ficar bem com o próximo candidato, com o próximo governador, como é que vai ser”, não é? Então essa isenção é essencial.  
 
LF: Nós temos que ter projeto de país, projeto de Estado e cumprir aquilo que foi programado. Se você ficar alterando a programação das coisas por conta de eleição, acaba que o prejudicado é quem paga a conta, é a população, por isso eu sou a favor de unificar eleições no Brasil em mandatos de 5 anos.  
 
HL: Está sendo discutido no Congresso, né? 
 
LF: É discutido há muito tempo, agora está quente de novo esse tema. Eu torço para que seja aprovado, porque o Brasil não aguenta ficar vivendo de eleição em eleição, gente.  
 
HL:  E tudo picado, né? Para prefeito é uma coisa… 
 
LF: Acabou de terminar a eleição de prefeito, aí já começa a preparação para eleição de 2026. Nós estamos em 2025, tem meses que eu fui reeleito, que muitos foram eleitos, e a gente já está vivendo toda a situação da eleição do ano que vem. Você vai buscar recursos em Brasília ou aqui em Belo Horizonte, tudo é pautado em cima da eleição do ano que vem. Esse é um processo que acabou ficando natural no país, mas nós não podemos nos acostumar com isso.  
 
HL: Isso engessa tudo, até mesmo o diálogo. Você já fica pensando “mas aquele ali já vai sair, já não pode ficar, já foi reeleito”.  
 
LF: Você faz um compromisso com o outro… senador, por exemplo, eu tenho compromisso com uma pessoa, aí aquele outro, como é que eu faço? Com ele não vou ter muita condição de conseguir recurso, porque ano que vem tem eleição, já fica meio na dúvida, é complicado, é bem complicado.   
 
HL: A relação com o Tribunal de Contas do Estado, eu vejo que você também está querendo mais cursos, mais capacitação para os prefeitos. Vejo que muitos prefeitos têm esse problema, vai fazer uma licitação… eles estavam me falando, vai fazer uma licitação numa caneca simples, dois meses pelo menos para o processo estar todo pronto e na praça. Quer dizer, a prefeitura e o prefeito passam praticamente o primeiro mandato só com licitação e aí as obras vão sair mesmo no segundo. Às vezes um errinho, aí volta tudo de novo. Como está essa preocupação na AMM, Luís Eduardo?  
 
LF: No Brasil, nós temos uma cultura partindo do pressuposto que todo mundo é desonesto, aí você tem que provando que você não é desonesto. Isso criou um arcabouço legal, criou um emaranhado de regras jurídicas com esse pretexto de que é para evitar aquilo que é ilegal, mas acaba por criar uma ineficiência, uma lentidão, uma demora muito grandes. Essa é a minha maior ansiedade como prefeito, eu não aguento ver aqueles processos de licitação de compras demorarem meses. Você tem o recurso, decide hoje, eu quero fazer tal obra, até que faça todo o processo, tem coisas que, principalmente se depender de verba estadual ou federal, tem coisas que demoram anos. Eu fiz cinco obras de asfaltamento lá em Patos de Minas de estradas importantes que são entradas e saídas da cidade, estradas estratégicas que ligam indústrias a muitos produtores rurais. Quatro delas eu fiz com recurso próprio, elas ficaram prontas mais rapidamente. A que dependia do recurso do Ministério da Agricultura, passou pela Caixa Econômica, agora está sendo concluída lá, e eu estou no quinto ano de mandato.  
 
HL: No quinto ano?  
 
LF: Eu comecei a trabalhar nessa situação em 2021. Então, é o que você falou, eu fui reeleito, mas poderia não ter sido.  
 
HL: E aí o próximo prefeito talvez não quisesse continuar, não tivesse jeito.   
 
LF: Você não consegue entregar as obras dentro do seu mandato. Então, diante dessa cultura que existe no Brasil, de toda a burocracia, de todas as normas, o que a gente tem buscado é uma aproximação com órgãos, como o Tribunal de Contas do Estado, que sempre foi meio que um terror para os prefeitos. A gente está lá e eu acho que nenhum prefeito quer fazer coisa errada não, mas ficam assim, pode, não pode, como é que faz isso? Então vamos aproximar o Tribunal de Contas do Estado, deixar claro o que pode e não pode capacitar os gestores, vamos fazer cursos em parceria para que os prefeitos, e prefeitas tenham tranquilidade de prover os serviços públicos, de fazer as obras, de fazer as melhorias sem ficar nesse pânico.  
 
HL: É, vou ficar ficha suja, né?   
 
LF: Exatamente. Eu nunca tive um processo, espero não ter, e você fica ali o tempo todo com medo de ter o processo.   
 
HL: Mas você está bem assessorado, você tem gestores lá junto que têm conhecimento, mas mesmo assim, né? Uma coisinha que sai fora da curva… 
 
LF: É um risco para todo mundo. Eu vou citar um exemplo bobo aqui. Tem um curso d'água dentro de uma cidade qualquer e de repente tem um esgoto lá que é jogado naquele curso d'água. Você entra no mandato, um promotor ou uma promotora fala assim “você tem tantos dias para tirar isso, senão você será processado”, e aí você é processado e acaba por ter que responder um processo, sei lá por quanto tempo, em uma situação em que você entrou, não foi você que deu causa àquilo e não é simples de resolver. Então, a gente tem feito essa aproximação para quebrar essa resistência e eu acredito muito em capacitação. Não é só junto ao Tribunal de Contas, mas todos os cursos que a AMM oferece.  
 
HL: São 50 cursos?  
 
LF: São mais de 50 cursos e nós vamos ampliar agora. A AMM tem uma escola de gestão municipalista e nós queremos, não apenas receber as equipes das prefeituras aqui em Belo Horizonte, nós queremos ir para os municípios.  
 
HL: É, isso também, não é? Isso em Minas, eu tenho visto as entidades tentando mudar isso aí, interiorizar a ação, ir aonde as pessoas estão para facilitar essa logística. 
 
LF: Belo Horizonte está no meio do mapa, por assim dizer. Tem municípios que andam 900km para chegar em Belo Horizonte, é muito difícil. Patos de Minas está a 400 km daqui. O sul de Minas tem municípios distantes também.  
 
HL: O Norte de Minas, então, é muito mais para Bahia do que para Minas. 
 
LF: Jequitinhonha, Vale do Mucuri. Então nós vamos até esses municípios levar os cursos e levar também os profissionais que a AMM, hoje, tem nas áreas técnicas.  Saúde, educação, cultura, turismo, esporte, lazer, infraestrutura, para que eles conversem com as equipes dos prefeitos e das prefeitas, já que nós temos muitas novidades, nós temos novas ferramentas.   
 
HL: O que você mais sente falta dos prefeitos? De curso que precisaria ter, é urgente e que a Associação Mineira dos Municípios não tem ainda? 
 
LF:  Ela tem. Hoje, a associação tem cursos em todas as áreas. O que a gente sente falta, o que precisa ser feito é uma adesão maior dos municípios.  A capacitação precisa virar uma agenda de gestão, obrigatória. Eu quando entrei lá em Patos de Minas, o pessoal falou assim “os prefeitos anteriores não deixam a gente viajar, fica um custo muito alto”, eu falei “não, eu quero que vocês vão. É claro que isso não pode virar festa, mas vocês têm que ir para Belo Horizonte, vocês têm que ir para Brasília, conversar com os outros servidores de outros municípios, porque ninguém precisa inventar a roda”. Tem coisas dando certo em outros municípios e podem simplesmente serem replicadas aqui no nosso município. Então o que a gente vai promover cada vez mais na AMM é esse relacionamento, esse networking, essa troca de experiências mesmo, porque sempre tem algo a ser aprendido. Todo município tem alguma coisa a ensinar para o outro. Qualquer município de Minas tem coisas dando certo que Belo Horizonte não faz, e Belo Horizonte tem uma série de coisas sendo feitas que também servem para os outros municípios.  
 
HL: Você vai começar, então, a fazer caravanas, a fazer um trabalho no interior? Você vai ficar mais no interior do que no gabinete aqui na AMM? 
 
LF: Você até adivinhou o nome do nosso programa, vai ser Caravana AMM. Nós vamos para todas as dez macrorregiões do Estado com os cursos e também construir uma pauta prioritária de cada região. Fazendo a campanha para a Associação Mineira de Municípios, eu percebi o seguinte, tem regiões que estão carentes e não é que falta representação política, muitas vezes a representação política existe, mas como um deputado é de um Partido, o outro é de outro, não consegue unificar a pauta e apresentar ela de forma robusta para o Governo do Estado ou para o Governo Federal.  
 
HL: E sabe o que eu reparo? O Norte de Minas tem uma demanda, a Zona da Mata tem outra. A gente vê que a Zona da Mata... Eu sou de Barbacena, Campo das Vertentes.  Campo das Vertentes, Zona da Mata, eu vejo que é uma região que se deteriorou muito por falta de indústria, por falta de investimento, e tem uma localização estratégica incrível.  
 
LF: A Zona da Mata tem um passado glorioso e parece que isso foi caindo. Quando, eu acho, que a capital mudou do Rio de Janeiro para Brasília, o eixo de desenvolvimento mudou e a Zona da Marta ficou um pouco deslocada.   
 
HL: Teve a guerra fiscal, muitas empresas foram para o Rio de Janeiro, ali pela proximidade, é uma outra questão também que ela está sempre pautada nas discussões.  
 
LF: O que os prefeitos da Zona da Marta me falaram muito durante a campanha é a questão das estradas, as estradas estaduais e federais muito deterioradas. E como a AMM pode atuar nisso? A AMM tem a isenção, a imparcialidade, para chamar todos os deputados de todos os partidos, todos os prefeitos, e falar “nós estamos construindo uma agenda com o governador, dia tal, para apresentar essa pauta que vocês construíram. Essa, essa e essa estrada, essas três são as prioridades aqui”.   
 
HL: Essa é uma das maiores reclamações, acho que de todos os prefeitos, em qualquer região de Minas, que tem a maior malha rodoviária do país.  
 
LF: Uma malha rodoviária muito grande, o Estado passou muito tempo sem fazer investimentos significativos em infraestrutura, para falar de estradas especificamente, e agora isso tem sido retomado, mas assim, ainda longe do que precisa. Na minha região mesmo tem uma série de estradas estaduais, algumas recebendo investimento agora, depois de muito tempo, finalmente, mas outras ainda precisando. Nós temos, na verdade, o Brasil priorizou muito a infraestrutura rodoviária, nós deixamos de lado a ferrovia, e isso atrapalha muito. Até vi uma notícia ontem, anteontem, na reunião dos BRICS, a ideia de fazer uma ferrovia cortando o Brasil de leste a oeste. Pelo histórico do Brasil, a gente não precisa sonhar com isso tão cedo. 
 
HL: Aqui já teve assunto de trem bala, já teve de tudo, né?  
 
LF: Mas tomara que saia, porque um dos maiores problemas que nós temos hoje nesse país é a falta de condições para escoar a produção, né? E precisa ter ferrovia, precisa ter porto seco, precisa ter rodovias com uma condição melhor. 
 
HL: Você vai na Europa e não tem caminhão na estrada, a carga está toda na ferrovia.  
 
LF: Toda na ferrovia. E eu tenho na minha região rodovia federal na terra até hoje.  
 
HL: Olha só! E olha que a sua região é muito desenvolvida. Ela está ali junto com o triângulo, a um passo para São Paulo. 
 
LF: É sintomático do atraso que a gente ainda tem. A BR-352 liga a BR-365, ali perto de Patos até Coromandel, saindo lá em Goiás. Ou seja, você poderia sair da BR-365, que passa por Uberlândia, Patos de Minas, até Pirapora, Montes Claros, e já entrar Goiás adentro.  E há quantas décadas a gente espera isso? No governo Bolsonaro foi feito um estudo de viabilidade técnica, econômica, ambiental, que é o EVTEA, e é uma... tudo que vai fazer é muito demorado. Para você fazer um asfalto numa rodovia federal tem que ter esse estudo de viabilidade técnica, econômica, ambiental, depois fazer o projeto, para depois colocar no orçamento. Aí agora está lá. Tem uma outra rodovia lá na região para ser duplicada, para ter terceira faixa, está nessa fase do licenciamento ambiental tem mais de um ano.  
 
HL: Aí vai ainda… pode preparar.  
 
LF: E o dinheiro tinha sido colocado no orçamento federal, no orçamento da União no ano passado, mas não tinha licenciamento ambiental, aí foi gasto por outra coisa.   
 
HL: Luís Eduardo, se a gente pudesse traduzir o seu pensamento diante da liderança da AMM, como você quer ser lembrado? O legado que você quer... sei que você acabou de assumir, mas você tem que ter uma linha. O que você pretende fazer de diferente para ficar marcado nessa?  
 
LF: A gente acabou de assumir, mas já tem dois meses. O tempo passa rápido. Nós não temos tempo a perder, eu quero ser lembrado como alguém que trabalhou para todos os municípios, todos os prefeitos e prefeitas de todos os partidos, de todas as regiões, deu atenção a todas as regiões, mas especialmente aqueles que mais precisam de representatividade, que levou inovação para os municípios, novas soluções e que deixou legado, conquistas, melhorou a condição de governança dos prefeitos e prefeitas. É o que eu também pretendo e acho que estou fazendo lá na minha cidade, deixar legado, não podemos passar por uma missão dessa sem deixar a sua marca. Então, o que a gente pretende é que a AMM cresça em todos os sentidos, não só no número de associados, mas também na sua condição de representatividade, no seu espaço de fala, para usar uma expressão que todo mundo tem usado, AMM precisa ser ouvida, não é para o presidente Falcão ser ouvido, é para que os municípios mineiros sejam ouvidos.  
 
HL: Você acha que precisa ter mais força, então? Ela perdeu um pouco desse protagonismo nos últimos tempos, a entidade?  
 
LF: Ao se ausentar de debates super importantes, como por exemplo a questão de Mariana.  No desastre de Brumadinho, a AMM atuou fortemente junto com a Assembleia Legislativa, enfim, houve um movimento, isso resultou em recurso para todos os 853 municípios mineiros.  
 
HL: Saiu rápido, razoavelmente.  
 
LF: No desastre de Mariana, que foi rediscutido agora, por ser uma questão interestadual envolvendo Minas e também o Espírito Santos, foi puxado para Brasília e a AMM ficou meio de fora dessa discussão, e os municípios mineiros não vão receber os recursos, os diretamente afetados.  
 
HL: É, e nem os afetados, alguns, quiseram assinar. O prefeito Mariana, por exemplo, onde aconteceu toda a tragédia não assinou. Está esperando a decisão de Londres. Quer dizer, é um descrédito grande, não é? Alegam que não foram ouvidos, que não tiveram participação efetiva. 
 
LF: E qual é o papel da Associação Mineira de Municípios?  
 
HL: É tomar a frente. 
 
LF: Exatamente isso.  
 
HL: Pegar as rédeas e falar, pera aí, aqui tem...  
 
LF: Aqui tem representatividade. Nós vamos discutir, até porque sem prejuízo daquilo que os municípios diretamente afetados precisam receber mesmo, eles foram diretamente afetados, o que ocorre é que todos os municípios de Minas foram prejudicados, porque se a mineração no Estado sofreu um baque com uma tragédia desta dimensão...  
 
HL: É uma das principais atividades do Estado.  
 
LF: Uma das principais atividades econômicas do Estado, que arrecada impostos e distribui os impostos para todos os municípios. Então, todos os municípios foram afetados. Nós ainda vamos buscar...  
 
HL: Você ainda vai tentar alguma coisa? Já foi assinado até?  
 
LF: Mas o governo do Estado vai receber recursos substanciais e nós ainda vamos tentar que parte desse recurso seja dividido. E quem tem que falar o que é prioridade para os municípios são os prefeitos e as prefeitas, e a AMM está aí para isso. Então nós vamos pleitear junto ao Governo do Estado essa situação.   
 
HL: Já podem esperar lá que você vai incomodar, vai ficar batendo na porta lá. Está bom o relacionamento com o Zema, com Matheus Simões?   
 
LF: Está tranquilo. Essa questão partidária aí...  
 
HL: Isso já é passado?  
 
LF: Já é passado e a gente tem que deixar essas situações de lado e pensar na população, pensar em quem, mais uma vez vou usar a expressão, em quem paga a conta. Quem paga a conta de tudo isso é a população. A gente não pode deixar questões partidárias, questões pessoais interferir em nada não.   
 
HL: Essa questão da capacitação da mão de obra, eu tenho visto também muita preocupação dos prefeitos em levarem escolas técnicas, em fazerem parcerias para as prefeituras por conta de uma dificuldade enorme de mão de obra. Isso também te preocupa? O que pode ser feito a mais para que as pessoas, nas prefeituras, tenham outras vocações também? Eu vejo prefeituras que ficam só dependendo ali daquela vocação minerária, e o minério acaba, tem também um tempo, um prazo, né? A sua cidade, por exemplo, é o agronegócio, mais de 22% do PIB de Minas é o agronegócio, mas mesmo assim, muitos reclamam da falta de mão de obra. Isso te preocupa também?  
 
LF: Essa é uma preocupação geral, né? A realidade hoje no país é essa e passa pela questão social que tem alguns aspectos que precisam ser revistos, né? O programa social do governo acaba por atender uma situação mais urgente, mas ele vai arrastando a situação e não estimula que as pessoas saiam do programa social.   
 
HL: Você acha que ela precisa ser revista?   
 
LF: Pode ser aprimorado. Quem recebe o Bolsa Família não pode trabalhar, essa é uma coisa que precisa ser revista, de repente.  
 
HL: É, muitos empresários têm falado que aí as pessoas querem fazer bico. Quem é que vai investir na capacitação de uma mão de obra que é só bico?  
 
LF: E eu acho que nem é uma questão de empresários contra funcionários, é uma questão de sustentabilidade do país, uma questão de desenvolvimento econômico. As pessoas precisam trabalhar e querem trabalhar, só que você, tirando o benefício, óbvio que de uma forma brusca você não vai estimular. Na França, por exemplo, se você recusa três vagas de emprego, você perde o benefício. Então aqui, me entenda bem, não estou falando nada de, “ah, então é contra o Bolsa Família”. Eu sou a favor do Bolsa Família, só que ele precisa ser um programa inteligente, ele tem que ser um programa que permita também a saída das pessoas. É aquela velha história de que um programa social não é medido… o sucesso dele não é medido pelo número de pessoas que entram, mas sim pelo número de pessoas que saem.  
 
HL: É, que tiveram condições de sair da pobreza e terem um sustento próprio. Então, assim, ele precisaria ter um princípio meio e fim? Uma previsibilidade? O Governo virá para as pessoas e fala “vamos melhorar as condições de todo mundo, mas ele vai sendo escalonado até ter um fim no ano tal”. Ou não, isso já não é mais possível no Brasil? 
 
LF: Eu acho que é possível, ele pode muito bem ser aprimorado. Essa situação de não poder trabalhar com carteira assinada recebendo Bolsa Família já seria o grande ponto de partida e acho que a virada de chave. Essa discussão inevitavelmente tem crescido e vai ser pautada na campanha do ano que vem, eu não tenho dúvida nenhuma disso, mas a situação de mão de obra hoje no país é muito preocupante.  Lá em Patos de Minas a gente tem programas de capacitação em parceria com o sistema S, junto com a Universidade Federal de Uberlândia, mas, em muitos momentos, você não tem mão de obra a ser qualificada. Nós temos que criar um ambiente mais favorável ao progresso no país, eu não tenho dúvida nenhuma disso, porque, inclusive, senão a conta não vai fechar daqui a pouco.   
 
HL: É, tem vaga, mas não tem gente. 
 
LF: Você tem 220 milhões de habitantes no país. Quantos por cento de funcionários públicos, quantos por cento recebem o Bolsa Família, quantos por cento estão aposentados...  
 
HL: A dotação orçamentária vai só para isso, né, pagar folha. 
 
LF: Essa conta precisa fechar, já que o programa social não é pago com o dinheiro que o governo imprime, é da arrecadação do contribuinte. É uma coisa tão óbvia de ser dita, mas às vezes acho que as pessoas esquecem disso.   
 
HL: Luís Eduardo, a gente já está acabando, muito boa a conversa. Deixa só para encerrar, sobre a sua vida, você é casado com a Ludmila Falcão, Deputada Estadual por Minas Gerais, tem uma vida de empresário. Como é esse dia a dia seu? Você fica aqui em Belo Horizonte, vai para Patos… Como é gerenciar isso tudo?  
 
LF: Antes de entrar na Associação Mineira de Municípios, eu vinha para Belo Horizonte uma ou duas vezes por mês para pleitear recursos, para conduzir situações aí com Copasa, Cemig, e agora eu estou vindo um pouco mais, né? Então, como a Lud está aqui em Belo Horizonte toda semana, a gente até tem... ontem ela veio mais cedo, eu vim à tarde, mas nós estamos aqui, hoje ela está aqui e eu estou aqui também.  
 
HL: É melhor essa questão de estar com uma Deputada Estadual e, assim, o assunto é todo voltado para isso?  
 
LF: Nem todo, tem hora que a gente também está cansado de falar de política. Eu acho que ela gosta mais do que eu, você acredita? Eu falo “não, agora não. Deixa para a gente falar disso aí depois. Vamos ver um filme aqui, vamos fazer outra coisa”. 
 
HL: Você quer que seus meninos também sigam essa carreira política? Você tem dois meninos, né?  
 
LF: O Dudu e o Lucas. O Dudu fez 10 anos agora e o Lucas vai fazer 9.  
 
HL: Eles te acompanham?   
 
LF: Acompanham, já compreendem, porque a gente ensinou para eles o que é o trabalho, que não é questão de autoridade, não é que o prefeito manda na cidade, não tem nada disso. É promover a participação deles em uma série de coisas, levar eles para conhecer a realidade, o meu pai e minha mãe fizeram isso muito comigo, sabe? Eu não cresci numa bolha, eu cresci integrado a todos os setores da sociedade. Eu ia para a roça, ia para todos os bairros, conversava com todo mundo, e eu pretendo, estou fazendo isso com os meus filhos também.  
 
HL: Para eles verem o que eles vão querer ser. Às vezes não, vão querer seguir carreira empresarial...  
 
LF: Tem que ser feliz.   
 
HL: Exatamente. O projeto não pode ser só de poder.  
 
LF: E eu não tenho que escolher o que eles vão fazer, deixa eles resolverem. Claro que a gente vai orientar, se estiver indo por um caminho que a gente não vê futuro, nós vamos dar a nossa opinião para eles, mas o primordial é ser feliz, não tem outro plano para essa vida nossa.  
 
HL: Você tem algum sonho ainda para seus filhos, para essa geração que vem aí, que vai comandar o país, o mundo? O que precisaria, agora que está aí no comando de uma instituição tão forte?  
 
LF: As coisas estão mudando numa velocidade muito alta. Dizer exatamente o que vai ser feito… A inteligência artificial que você acabou de citar é uma revolução. O que eu quero é que eles se preparem bem, que eles compreendam o que acontece no país e no mundo, e que sejam cidadãos conscientes. É isso que a gente vai trabalhar bastante para que, não só tenha discurso, mas tenha prática. Meu pai sempre me ensinou que não adianta você falar, você tem que fazer. Não adianta falar que isso é a coisa certa.  
 
HL: É muito bonito falar, né?  
 
LF: Tem que fazer. Tem pessoas que pregam muita coisa, mas na prática não praticam o que pregam, né? É. Então, a gente ter princípios, valores e as suas ações serem alinhadas ao que você fala, acho que é o básico, e é isso que eu quero para os meus filhos e também para as futuras gerações de Patos de Minas, de Minas Gerais e do Brasil.  
 
HL: Luís Eduardo, como é que você se autodefine?  O pessoal de Patos de Minas gostou de você, tanto é que te deram mais um mandato, e diante disso, como é que você se reconhece como pessoa, cidadão, político?  
 
LF: Como alguém lutador e que busca o tempo todo mostrar que mereceu a oportunidade, e com muita transparência. Eu sou a mesma pessoa fora da prefeitura ou dentro da prefeitura.  
 
HL: A mosca azul não te mordeu, né? (risos) 
 
LF: Não, eu não tenho essa...  
 
HL: Que todo mundo fala que ela é um perigo, né? O bichinho da vaidade quando morde é uma delícia, mas depois...  
 
LF: Eu sempre acompanhei política e eu sou muito observador, eu sempre analisei e via o que, na minha opinião, era um erro de determinados políticos, e eu procuro não cometer esses erros. Você ter obsessão por cargo, você ficar ali achando que vale a pena passar por cima dos outros para alcançar um objetivo seu.  
 
HL: Agarrado naquilo, achando que vai ser para sempre.  
 
LF: Eu acho até que eu falho um pouco nisso. Tem hora que a Lud mesmo, minha esposa, é uma que fala “não, você tem que articular, você tem que fazer isso, tem que fazer aquilo”, eu falo “Lud, calma. Eu estou fazendo o meu trabalho aqui corretamente” 
 
HL: Cada um tem um estilo, né?  
 
LF: É, cada um tem um estilo, né? E eu gosto muito de velhacaria, não, em nenhum aspecto da vida, nem na vida empresarial, nem na vida política. Eu gosto das coisas mais retas, mais objetivas, mais transparentes. 
 
HL: Eu tenho reparado isso nessa gestão atual, os prefeitos, todos assim nessa faixa etária sua, você está com 41 anos, é 38, às vezes até menos, tem uma nova geração com vontade mesmo de fazer e sem esse medo de falar. E eu tenho reparado isso, Luís Eduardo. Isso é bom também, é? Acho que melhor, não é?  
 
LF: Isso é o que ainda me deixa otimista com o Brasil. Se você olhar o noticiário às vezes “ah, o Brasil não tem jeito”. Eu acredito que tem, e tem tantos bons vereadores, tem tantos bons prefeitos. Esse pessoal, alguns, uma parte vai virar deputado estadual, federal, virar senador, vai virar governador, vai tocar para frente o nosso Brasil, o nosso estado também de Minas Gerais. Então, eu acredito muito no nosso país e vejo que a política tem mudado bastante.   
 
HL: O pessoal quer uma coisa mais rápida, né? Não sei se as redes sociais potencializaram tudo, deixaram tudo muito à flor da pele.  
 
LF: A rede social, assim como tudo na vida, tem o lado bom e tem o lado ruim, mas tem um lado ótimo, que é de escancarar tudo. Não tem esse negócio de ninguém ter acesso à informação, todo mundo sabe o que está acontecendo. Se você viu uma notícia e não confia, pesquise, você mesmo vai formar sua convicção, ou melhor, você vai ler uma notícia, ler outra, faz a fusão delas ali, forma sua própria convicção e pronto.  
 
HL: Vocês pensam em dar capacitação também para os prefeitos nessa área de rede social? Porque eu acho que está precisando também.   
 
LF: Nós vamos fazer isso, é uma boa vertente, porque prestar contas do seu trabalho faz parte do trabalho do prefeito. Lá em Patos de Minas, quando eu entrei, nós tínhamos dois grupos muito tradicionais e que estavam há décadas, um pessoal mais tradicional mesmo.  
 
HL: E eles iam se revezando no poder, não é?  
 
LF: De televisão, de rádio e tal. E eu cheguei muito com esse negócio da rede social, mas eles se incomodaram muito. “Ah, esse prefeito fica postando na rede social toda hora”. Gente, se eu fiz esse asfalto, eu vou mostrar, vocês me desculpem. Se a gente abrir um hospital, eu também vou mostrar, se colocar LED na cidade inteira, eu vou mostrar. Se construiu um posto de saúde, enfim, se está recapeando, fazendo obra de drenagem, eu vou mostrar tudo. Por quê? Por que gosta da rede social? Não, porque é o meio de comunicação que eu tenho,  é uma ferramenta de transparência, uma maneira que eu tenho de prestar contas, afinal de contas, quem é que está pagando um funcionário e não quer saber o que ele está fazendo? A população está pagando o meu salário, ela quer ver o que eu estou fazendo, onde eu estou indo, que obra está sendo feita. 
 
HL: Os impostos todos. É isso aí, tem que prestar contas mesmo.