Bruna Assumpção, diretora superintendente e membro do conselho de administração da Líder Aviação, é a entrevistada de hoje no décimo episódio da Temporada Minas S/A Governança, disponível em todas as plataformas de O TEMPO.  

Maior empresa de aviação executiva da América Latina, a Líder tem 66 anos, uma frota de 56 aeronaves e 1.400 funcionários.

Com sede em Belo Horizonte, conta com 23 bases operacionais nos principais aeroportos do país.

A Líder foi fundada pelo comandante José Afonso Assumpção, avô de Bruna.

A empresa tem cinco unidades de negócios: fretamento e gerenciamento de aeronaves, serviços aeroportuários, vendas e aquisições de aeronaves, serviços de manutenção e operações de helicópteros para a indústria de óleo e gás. 

A executiva fala sobre as aquisições de aeronaves elétricas desenvolvidas pela Beta Technologies.

É que a empresa firmou acordo exclusivo com a norte-americana Beta Technologies para representar no Brasil aeronaves elétricas eVTOL e eCTOL.

"Já estudamos esse mercado há 6,5 anos para identificar a viabilidade e identificamos a Beta. Eles já fizeram um voo experimental (nos Estados Unidos). São dois tipos de aeronaves: uma que faz decolagem e pouso de avião, essa aeronave já está na fase de certificação, o que deve acontecer até o final de 2026. A outra opera como um helicóptero, não precisa da pista para correr na sua decolagem", explica Bruna.

A Líder Aviação já tem três aeronaves elétricas encomendadas e mais 50 cartas de intenção de compra do modelo elétrico.

"Também seremos centro de serviços e de manutençao da Beta e representantes para a venda", conta a executiva.

A aviação geral no Brasil é a segunda maior do mundo, segundo Bruna.

"O Brasil é um mercado muito importante; São Paulo é a cidade que tem o maior número de helicópteros do mundo, na frente de Nova York e Tóquio. É um mercado interessante para essa mobilidade urbana e já estamos construindo essa estrutura junto à Beta", comemora.

A aeronave elétrica tem capacidade para sete pessoas no total.

"Se compararmos a um helicóptero com a mesma capacidade, estamos falando de uma redução de 50% nos custos opercionais. Este voo experimental que a Beta fez dos Hamptons a Nova York (EUA) teve um gasto de US$ 8 de energia para esse traslado", informa.

A média é de 20 a 30 minutos para a aeronave ser carregada.

A Líder Aviação teve um faturamento de R$ 1,2 bilhão no ano passado e a expectativa é de crescimento. "Para este ano, a previsão é de aumento de 20% no faturamento", calcula a executiva, que vai assumir a presidência da empresa em 2029.

A seguir, a entrevista com Bruna Assumpção que você confere na íntegra no vídeo:

A Líder Aviação faz 67 anos em novembro deste ano. O que fez a empresa ter essa perenidade num mercado tão desafiador?

A Líder Aviação é a empresa de aviação mais longeva deste país. Eu acredito que isso vem muito do DNA do nosso fundador, comandante José Afonso Assumpção (avô de Bruna), que é um pioneiro, um visionário. A inovação sempre está presente. Ao longo desses 66 anos, estamos sempre nos reinventando e buscando o que há de melhor no mercado. A empresa cresceu de forma sustentável. Todo o portfólio é complementar para a nossa própria operação. Quando o comandante começou com o táxi aéreo, ele viu a necessidade de ter a manutenção, e assim foi criada a manutenção para suportar nossa frota – e aí abrimos ao mercado pelo sucesso dessa manutenção. Assim todos os seguimentos da empresa foram nascendo e sendo oferecidos ao mercado. Esse crescimento sempre foi de forma sustentável e, é claro, de forma muito segura, que é o nosso principal valor.

 
Foi o que fez com que a Líder Aviação se transformasse na maior empresa de aviação executiva da América Latina. Para chegar a esse patamar, é preciso ter um portfólio diverso, com cinco unidades de negócios: fretamento e gerenciamento de aeronaves, serviços aeroportuários, vendas e aquisições de aeronaves, serviços de manutenção e operações de helicópteros para a indústria de óleo e gás. Qual é o desafio de fazer serviços tão diferentes?

Nós somos o que chamamos de “one-stop shop” (uma solução completa e integrada para todas as necessidades de um cliente, desde a compra e venda de aeronaves até o gerenciamento e operação da frota). A gente presta ao mercado todo o suporte nessa aviação geral. Quando o cliente conhece a aviação executiva, existe uma jornada. Muitas vezes, ele começa através do fretamento. Quando ele identifica a importância dessa ferramenta para a vida e para os negócios dele, acaba adquirindo seu jato e vai ter a necessidade de uma operação. Fazemos o gerenciamento, a manutenção em si – eles são sempre complementares. Por isso, dividimos esses serviços em unidades de negócios para prestar, de fato, o melhor serviço naquele segmento. Cada unidade tem sua própria diretoria.

A Líder Aviação terá aeronaves elétricas numa parceria com a norte-americana Beta Technologies. É ligar literalmente a aeronave na tomada e viajar sem combustível algum?

É exatamente isso. Há algum tempo é sabido no mercado sobre estes eVTOLs e eCTOLs, que são essas aeronaves de pequeno porte, no caso da Beta Technologies. Estudamos esse mercado ao longo de seis anos e meio para identificar se é viável ou não e se existe um player que vai tornar essa aviação real, e identificamos a Beta Technologies, que é uma empresa baseada em Burlington, nos EUA. Eles têm dois modelos em produção. Eles fizeram, em junho, o primeiro voo tripulado e com passageiros, que foi dos Hamptons até o JFK, em Nova York (EUA). A Beta produziu desde o motor, toda a concepção, até o layout. 

São duas versões: a primeira delas é o eCTOL (Conventional Takeoff and Landing), um que faz decolagem e pouso convencional. Essa aeronave elétrica já está na fase de certificação, o que deve acontecer ao final de 2026 e foi a que realizou o voo experimental. A outra aeronave elétrica é o eVTOL (Vertical Takeoff and Landing), que opera como um helicóptero, não precisa da pista para correr na sua decolagem.

São duas versões: a primeira delas é o eCTOL (Conventional Takeoff and Landing), um que faz decolagem e pouso convencional. Essa aeronave elétrica já está na fase de certificação, o que deve acontecer ao final de 2026 e foi a que realizou o voo experimental. A outra aeronave elétrica é o eVTOL (Vertical Takeoff and Landing), que opera como um helicóptero, não precisa da pista para correr na sua decolagem. 

Então a Líder é a representante oficial da Beta Technologies no Brasil?

Exatamente. Firmamos essa parceria. Seremos os operadores, já temos três aeronaves encomendadas e mais 50 cartas de intenção. Também seremos centro de serviços e de manutenção da Beta, além de representantes para venda.

O Brasil é um mercado muito importante?

A aviação geral no Brasil é a segunda maior do mundo. O Brasil é um mercado muito importante. São Paulo possui o maior número de helicópteros do mundo, à frente de Nova York e Tóquio. É um mercado promissor para a mobilidade urbana com os eVTOLs, e já estamos construindo esse futuro junto à Beta.

Em números, dá para traduzir qual é a economia praticada numa aeronave dessas?

A aeronave elétrica tem capacidade para sete pessoas no total. Se compararmos a um helicóptero com a mesma capacidade, estamos falando de uma redução de 50% nos custos operacionais. Este voo dos Hamptons a Nova York teve um gasto de US$ 8 nessa energia utilizada para esse traslado. Essas reduções (de custos) serão grandes e reais daqui a pouco. 

Como vai ser a recarga? Uma aeronave dessas que está no ar não acaba a energia de repente, não? É uma pergunta de leigo, mas acredito que o cliente deve perguntar isso também, não é?

De forma alguma. A aviação é uma modalidade extremamente segura, e essa segurança também se estende aos equipamentos elétricos. Já estamos planejando a infraestrutura de recarga em helipontos e aeroportos, com recarga completa em 20 a 30 minutos. Tudo é pensado para garantir segurança máxima na operação.

Qual é a autonomia máxima de um voo de uma aeronave elétrica da Beta Technologies?

O eCTOL, que já fez o primeiro voo com os passageiros, por exemplo, já prevê o aumento da autonomia ao longo do tempo. Esse tem uma autonomia de aproximadamente 363 km de alcance, e já é previsto a autonomia aumentar 15% a cada 18 meses com a evolução das baterias.

A Agência Federal de Aviação (FAA) dos EUA tem que aprovar primeiro os voos com a aeronave elétrica?

A gente sabe que entre a certificação da FAA e a Anac, no Brasil, existe algo de seis meses de diferença. A previsão é que, no final de 2026, essa aeronave tenha o projeto homologado e certificado nos EUA e logo, logo no Brasil.

Você me disse que são 50 cartas de intenção de (compra). Essas cartas são só do Brasil, das 500 cartas de intenção que já tem no mundo?

Nós colocamos as 50 cartas de intenção para justamente termos prioridade na fila. A partir do anúncio da parceria, temos todo o plano estratégico de venda. Quem estiver com essas cartas assinadas vai ter a prioridade lá na frente. E, pela demanda que já existe de vários players no mundo inteiro pela aeronave elétrica, a gente sabe que vai ser rápido.

Você pode falar quanto vai custar essa aeronave elétrica?

Eles ainda não estão divulgando os valores. Acredito que o valor vai ser comparável ao valor de um equipamento novo de um modelo nessa capacidade de passageiros. Mas, como toda nova tecnologia, a tendência é sempre cair o custo.

Qual é o momento da Líder em termos de faturamento, de resultados financeiros, como está para a empresa aguentar todas as demandas do mercado?

A segurança para a gente não é somente a segurança operacional do voo em si. Ela permeia toda as áreas da Líder, e a segurança financeira também é uma delas, além da tributária e da jurídica. A Líder Aviação teve um faturamento no ano passado de aproximadamente R$ 1,2 bilhão, e a expectativa é de crescimento. Para este ano, a previsão é de aumento de 20%.

Quanto às bases operacionais, pretendem fazer alguma expansão?

Todas as bases que nós abrimos são estrategicamente selecionadas. Acabamos de colocar mais uma base voltada para o fretamento de aeronaves. Hoje são 23 bases operacionais, a última aberta em Goianópolis (GO).

O agro está movimentando aquela região?

Exatamente. Estamos lá com a Líder e com uma aeronave à disposição para fretamento.

Tem as unidades de manutenção?

Temos quatro bases espalhadas pelo Brasil. Acabamos de inaugurar o Campo de Marte (SP), que é voltado para a manutenção de asa rotativa, que são os helicópteros, também hangaragem e atendimento aeroportuário. Para nossos serviços de pintura de aeronave, temos uma base de manutenção em Brasília, por ter um clima mais seco. Para o atendimento aeroportuário são 16 bases. Estamos nos maiores aeroportos do Brasil para receber voos internacionais, entre outros.Existe sempre a possibilidade de expansão de acordo com a demanda do mercado. 

Como estão as operações de helicópteros para a indústria de óleo e gás?

A gente vê uma retomada desse setor. A Petrobras é um cliente muito importante, e atendemos a todas as estrangeiras e com os voos regulares e sob demanda em que levamos pessoas da terra para as plataformas, o que chamamos de “offshore”, e operações no Nordeste, sendo o Rio de Janeiro a principal base pela demanda do contratante. Temos também o aeromédico, o voo de cargas; é bem customizado para a necessidade do cliente.

Qual é a frota da Líder?

Temos um total de 56 equipamentos – 42 helicópteros, e o restante são asa fixa, destinada ao fretamento de aeronaves. Nossos jatos atendem muito bem as regiões brasileiras, e temos jatos que fazem voos internacionais. Representamos o Honda Jet, que é um jato de um projeto excepcional desenvolvido pela Honda. Ele traz muita tecnologia embarcada, que cobre muito bem o Brasil na categoria “very light jet”. Temos a operação dos Fenons 300 – um superequipamento – e que são mais para longa distância. E os turbo hélices, para voos onde não existem pistas pavimentadas ou pistas mais curtas. Nossa frota é muito versátil e atende muito bem o Brasil e até voos internacionais, com aeronaves que têm autonomias maiores, como o G 450.