Presente na vida de milhões de pessoas, o Fusca fez história no mundo. Por volta de 1932, o alemão Ferdinand Porsche começou a esboçar os projetos de um novo carro que se chamaria “Volkswagen”, que em alemão significa “o carro do povo”. No meio tempo em que as primeiras versões eram experimentadas, o governo alemão se interessou pelo projeto e fez um investimento de 200 mil marcos para a fabricação de três protótipos. Com um surpreendente motor refrigerado a ar, o Fusca saiu do papel com mais de um ano de atraso, com o nome de Volksauto-série VW-3 e testado por extensos 50 mil quilômetros. No ano de 1938, mediante o bom desempenho do veículo, várias ações foram tomadas para que a sua produção em série fosse iniciada. Depois disso o tempo incumbe de contar a história;

Da família

“Nada mais se parece com um automóvel do que o Fusca”, dizia meu saudoso avô que podia afirmar com a propriedade dos que nasceram em fins do século 19 e viram de camarote a evolução da indústria automobilística mundial. Seu primeiro automóvel, como ele se referia aos carros, foi um Ford T, que chegou a Bambuí - cidade onde nasceu e para lá voltou para começar sua vida profissional depois de concluir os estudos na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro - estreando as estatísticas daqueles tempos como o primeiro “automóvel” do município. Certamente meu avô já teve um Fusca em sua garagem, meu pai também, meus tios e tantos outros conhecidos que seria impossível citar todos neste espaço.

Homenagem

No Brasil chegou importado, em 1950, e nove anos depois com a instalação da fábrica de Anchieta, da Volkswagen, o Fusca ganhou uma linha de montagem. Sessenta e oito anos depois do primeiro Fusca (importado) chegar ao Brasil ainda hoje um modelo bem conservado, daqueles “brilhando” e todo original é motivo para uma desviada da atenção. Neste mês que se comemora o Dia Mundial do Fusca (dia 22 de junho) nossas homenagens ao pioneiro de toda uma geração.

Até hoje

Um tributo a um guerreiro que tem histórias e muitas, para contar. O primeiro carro de milhões de brasileiros merece ser reverenciado por tudo que ele representou em nossas vidas. Foram produzidas no Brasil três milhões de unidades e muitas delas ainda rodam inteiras e valentes, pelos mais distantes pontos do país. Além de fazer parte da história de nossa economia que tem na indústria automobilística um importante gerador de receita e renda, o Fusca eternizou momentos inesquecíveis em nossas vidas.  Centenas de milhares de pessoas aprenderam a dirigir ao volante de um Fusca (inclusive eu), tantas outras deram seu primeiro beijo dentro do carro, que por certo de tão próximo parecia um “membro” da família.

Ator de cinema

O filme “Velozes e Furiosos”, que deu origem à febre dos carros envenenados ou tunados e foi visto por milhões de espectadores nem de longe fez o sucesso da película que titula este artigo “Se Meu Fusca Falasse”, onde o carro foi humanizado na figura de Herbie, nome dado ao Fusquinha protagonista da trama e que se tornou um herói. Perseguiu e prendeu os fora da lei, promoveu encontros românticos e, claro, no final sempre feliz de Hollywood, separou os bandidos dos mocinhos e seguiu seu caminho de super herói.

O retorno do mito

São tantas as histórias que o Fusca, no Brasil, teve até envolvimento com a política, quando, a pedido pessoal do então Presidente Itamar Franco foi reativada em 1994 sua linha de produção, interrompida em 1986. Por mais dois anos ele voltou a sair zero quilômetro e a safra deste período é hoje motivo de cobiça para os colecionadores. O México foi o último país do mundo a encerrar a produção do modelo, no ano passado, e então o Fusca “sai da vida para entrar na história” definitivamente. Nem poderia ser de outra forma.(RC)