Transporte

Trajetória revisitada

Scania comemora 60 anos de Brasil com exposição de dez modelos históricos na fábrica da marca, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista

Por Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2017 | 03:00
 
 
Exposição conta a história da fabricante sueca no Brasil Foto: Scania/divulgação

Em julho, a Scania comemora seus 60 anos de presença no Brasil. Primeira subsidiária da marca fora da Suécia, a empresa brasileira foi constituída como Scania-Vabis do Brasil S/A – Motores Diesel. Instalou-se no dia 2 de julho de 1957 no bairro do Ipiranga. Em 1962, inaugurou sua fábrica em São Bernardo do Campo.

Foi lá que, para marcar as seis décadas de sua chegada ao Brasil, a Scania organizou, de 3 a 7 de julho, uma exposição com dez de seus modelos mais expressivos. O objetivo da mostra foi recontar, por meio de alguns de seus mais emblemáticos veículos, a história da marca por aqui – uma trajetória que se mistura à evolução do transporte de cargas e de passageiros no país.

Entre os modelos da exposição, o mais veterano era um L71 importado da Suécia, de 1957. Era impulsionado por um motor D642, de 9,35 L e seis cilindros, com injeção direta, 150 cv e rodas aro 20. A capacidade máxima de tração chegava a 35 toneladas. Força e potência eram suas características mais marcantes. “Era o sonho de consumo de qualquer transportador daquela época e considerado a “Ferrari dos pesados”, conta seu atual dono, Oswaldo Strada, da Strada Transportes. Strada localizou o caminhão há uma década, na cidade de Curvelo, na região Central de Minas. Com 50 anos e capacidade para 20 toneladas, trabalhava rotineiramente em boas condições. Imediatamente, Strada o adquiriu para sua coleção.

O mais antigo

O Scania “brasileiro” mais antigo da exposição é um L75 de 1959, azul-celeste. A Vemag o produziu pela primeira vez em sua nova linha de montagem, em 1958, especialmente feita para atender a Scania. O motor veio da Suécia e era um D-10 de quatro tempos diesel com injeção direta, 165 hp e 63 kgfm. A caixa de câmbio é uma G500, de cinco marchas sincronizadas. A caixa de câmbio auxiliar, também sincronizada, aumenta a força de tração em 40% e torna as mudanças mais eficientes.

“Quando olhei bem para o caminhão, quase desmaiei. Vi que era o mesmo que eu namorei durante uma viagem para Porto Velho, 30 anos atrás”, recorda Laurindo Cordiolli, da Cordiolli Transportes, o atual proprietário do veículo. Com 58 anos, o L75 1959 funciona normalmente até hoje e é o “queridinho” da coleção de 50 veículos antigos que está guardada num galpão exclusivo na Cordiolli Transportes, em Maringá, no Paraná.

O outro L75 exposto é de 1960 e representa um marco. A partir de junho daquele ano, com uma fábrica de motores já instalada no bairro Ipiranga, a Scania-Vabis assumiu a produção completa dos veículos. No início dos anos 60, a empresa Irmãos Contatto se dedicava rotineiramente ao transporte de pequenas cargas por São Paulo.

O desejo de expandir os horizontes de Atílio Contatto ganhou impulso com a inauguração da cidade de Brasília (DF), que gerava fortes demandas por mão de obra e de transporte. Para se aventurar Brasil afora, Contatto recorreu ao recém-lançado Scania L75. A partir de 1964, a empresa mudou sua configuração social, passou a chamar-se Transportadora Contatto e enveredou pelo transporte de produtos perigosos. O caminhão rodou até os anos 80, quando foi aposentado.

FOTO: Scania/divulgação
Difícil encontrar quem nunca cruzou na estrada com o clássico ônibus da Viação Cometa

Clássico Flecha Azul faz parte da história da marca

Não foi apenas de caminhões que se fez a história dos 60 anos da Scania brasileira. O ônibus Flecha Azul K113 CL, da Viação Cometa, estava na exposição para lembrar isso. Esse modelo de 1998 é o ônibus mais conhecido do Brasil.

Seu visual tipicamente americano e o padrão de conforto, superior ao de boa parte dos outros ônibus que circularam pelas rodovias brasileiras até o fim da década de 90, fizeram dele uma lenda entre os apreciadores dos grandes veículos de transporte coletivo.

O ônibus Flecha Azul surgiu em 1963. Ele tinha carroceria Ciferal e chassi Scania e serviu à Viação Cometa por 30 anos, entre as décadas de 60 e 90. Conquistou a simpatia dos passageiros pelos detalhes que o diferenciavam dos ônibus rodoviários convencionais, como o característico “degrau”, que elevava o salão de passageiros em relação à cabine do motorista, e as lendárias poltronas de couro legítimo. A última geração do Flecha foi produzida em 1999.