PAULO NAVARRO

Baby de Belô

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 01 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
Barbara Dutra

Após deixar sua Uberlândia, foi em Belo Horizonte que Mariângela Lima, nossa “Baby” – como foi apelidada, justamente por assim chamar os chegados – fincou barraca, criou raízes, colecionou amigos e promoveu inesquecíveis badalos. Sacudiu a poeira de nossa gente e continua colocando lenha na fogueira, pois a festa não pode parar.

 

Mariângela, como começou sua história nas noites e festas?

É uma longa história. Como a Paulo Navarro Comunicação (PNC), estou fazendo 25 anos, mas na produção de eventos. Comecei organizando minhas próprias festas com convites vendidos. Fazia de 10 a 12 festas por ano, quase uma por mês; algumas com um sócio e geralmente em lugares inusitados. As que mais repeti foram a Festa de Natal, no saguão da Praça da Estação; a Festa do Cowboy, na Gameleira; e a Festa Junina, por uns anos no Sítio do Expressinho Canadá, de Caetano Mascarenhas, e hojeno Mix Garden. Neste meio tempo, eu era solicitada para inaugurar boates, bares, restaurantes, boutiques e a organizar réveillons no Rio e em Angra dos Reis. Com isso, fui diminuindo minhas próprias festas para atender estas demandas. Por uns 15 anos, atuei praticamente sozinha. Havia poucos promotores de festas, os outros eram produtores de shows. Anos depois, novos profissionais surgiram, promovendo casas noturnas. Quando eles passavam a ter um nome reconhecido e um mailing expressivo, começavam a organizar festas com DJs de renome nacional e internacional, o que ainda acontece. Como não era a minha praia este tipo de evento, fui entrando em um nicho que estava estourando e onde atuo até hoje: as festas de 15 anos, os casamentos grandiosos e as comemorações de aniversário, de 30 a 80 anos, em salões de festas. Até então, as festas eram menores, em residências. Não precisei mais convidar, porque as listas eram dos anfitriões. Diminuí meu estresse de listar convidados, o que era exaustivo, pois antes me pagavam para colocar as pessoas certas com o perfil do produto e do cliente no evento.

 

Você acompanha a evolução de uma sociedade emergente – não faz tanto tempo que BH despontou com grandes e badalados eventos. Sua trajetória foi vitrine disso?

Sem dúvida! Os emergentes que criticavam os “almofadinhas” hoje estão com muito dinheiro e me procuram para organizar suas festas nos mesmos moldes das que eu fazia para a sociedade mineira, de tradição. Querem se espelhar neles. Quem não gosta de glamour?

 

A moçada da nossa geração cresceu, está na “segunda idade e meia”. O que mudou?

Casaram, a cidade cresceu, os públicos se misturaram, vieram os filhos, recuaram e hoje só saem para jantar, casa de campo ou viajar.

 

A noite ainda é uma criança? Quem a frequenta atualmente?

Continua uma criança. É cíclica, uns vão outros vêm. A sociedade envelheceu, os filhos foram estudar fora ou trabalhar em grandes centros. Os emergentes surgiram e tomaram conta dos bares da zona sul, das casas de show e das festas temáticas.

 

Na sua opinião, quais casas noturnas marcaram época em BH e por que?

Sou de Uberlândia e me mudei para BH nos anos 1980. Desde que cheguei, estas foram as casas que mais me encantaram. A Tom Marrom só era frequentada pela sociedade mineira, “quem era quem”, na época dos colunistas sociais, e reinou por 18 anos. Ubi Bene era um bar, restaurante e boate bem modernosa, com uma proposta diferente, frequentada por “filhos de quem” e por jovens empresários que estavam despontando financeiramente. A L’Apogée foi a mais glamorosa, VIP, chique e sofisticada que BH já teve. Como surgiu pouco antes de fechar a Tom Marrom, o público migrou para ela. Tinha restaurante com chef renomado, um piano bar com shows (vários  cantores famosos passaram por lá) e ainda a boate, cheia de jovens abonados. Hoje o espaço abriga a Josefine, com o mesmo dono (Jajá Jácome). É uma boate maravilhosa, de bom gosto, mas com outra proposta. E a naSala, mais atual, tem 12 anos. Não superou ainda a Tom Marrom, mas pode chegar lá. Sempre foi a boate mais bonita e agora está com a decoração ainda mais linda! Tem um ar condicionado perfeito, de doer nos ossos de tão gelado, som maravilhoso e a frequência de jovens bonitos.

     

Você promoveu muitas festas do titular da coluna e da PNC. Alguma, em especial, te deixou boas lembranças?

Todas tiveram suas peculiaridades, mas, em especial, a festa no Museu da Pampulha, por ser um lugar mágico, maravilhoso, único, onde um dia funcionou o cassino. O tema era reviver o Cassino da Pampulha da década de 1940. E assim foi feito.  

 

Antigamente não era comum que o anfitrião pedisse, no lugar de presentes, doações para uma entidade carente, ou mesmo essa quantidade de festas/eventos da turma mais jovem com viés beneficente. Essa onda de ajudar quem precisa veio pra ficar?

Deveria, mas não acredito que irá perpetuar. Algumas pessoas que tem tudo, mas tem o espírito de ajudar causas beneficentes revertem seus presentes em contribuição à caridade. É a maior prova de desapego quando fazem isso! Torço para que compreendam a necessidade em ajudar o próximo e que vire moda.

 

Pode adiantar pra gente algum projeto da sua agenda? Planos pra 2015?

Também vou comemorar, mas ano que vem, os meus 25 anos de Festa Junina. Aguardem!

 

Pra fechar, qual gafe um convidado nunca pode cometer numa festa?

São várias, mas exceder na bebida e depois ficar dando trabalho para a produtora e os donos da festa, acho a mais grave.