Solucionado

11 anos depois do crime, DNA ajuda a identificar suspeito de matar criança

Corpo da menina de apenas 9 anos foi encontrado dentro de uma mala abandonada na rodoviária de Curitiba, em 2008

Por Folhapress
Publicado em 20 de setembro de 2019 | 12:50
 
 
Raquel Genofre foi morta por asfixia Reprodução

Quase 11 anos depois do crime, a Polícia Civil do Paraná identificou um suspeito pelo assassinato da menina Raquel Genofre, de 9 anos, cujo corpo foi encontrado dentro de uma mala abandonada na rodoviária de Curitiba, em novembro de 2008.

Carlos Eduardo dos Santos, de 54 anos, já estava preso na Penitenciária de Sorocaba (SP) e foi identificado a partir do compartilhamento do banco de DNA entre as instituições de segurança de São Paulo e Brasília com a do Paraná.

"Ele já está condenado porque não há como ele negar a autoria desse crime", afirmou o delegado-geral adjunto da Polícia do Paraná, Riad Braga Farhat, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (19).

Segundo ele, o material genético é totalmente compatível com o encontrado no corpo da menina. O DNA de Santos foi colhido na semana passada, na prisão, e inserido num software que fez o cruzamento dos dados.

Além disso, na época, o suspeito morava no centro de Curitiba, próximo à escola em que a menina estudava. Foi no trajeto de 200 metros entre o colégio e o ponto de ônibus que Raquel sumiu. Seu corpo só foi encontrado dois dias depois.

Ele trabalhava como segurança em São José dos Pinhais, região metropolitana da capital, segundo os investigadores do Paraná.

Com a suspeita, a polícia pediu à Justiça paulista para que Santos seja encaminhado para Curitiba para tentar fazer com ele a reconstituição do crime.

O homem está preso desde 2016, condenado a 22 anos de prisão por uma lista de crimes que inclui dois estupros, em 2002, em São Paulo, e um atentado violento ao pudor contra uma criança, em 1985. Ele também foi condenado por estelionato, roubo e falsificação de documentos.

Até então, cerca de cem exames de confronto de DNA já tinham sido realizados no caso Raquel, mas todos deram negativo. Ao longo dos anos, as investigações do crime apontaram suspeitos, que chegaram a ser presos. Alguns foram interrogados em quatro estados do Brasil. Eles foram liberados por falta de compatibilidade do material genético.

Em 2012, a família da vítima chegou a entrar com uma ação contra o Estado para que mais recursos fossem destinados às investigações de crimes de pedofilia no Paraná. A ação apontava uma "sucessão de erros" da polícia, em especial na coleta de elementos da cena do crime.

Laudos técnicos apontavam que Raquel sofreu violência sexual e diversas agressões. A causa da morte foi asfixia. O DNA de confronto foi encontrado debaixo das unhas da menina. O corpo, nu da cintura para baixo, foi envolvido em lençóis e colocado em uma mala. Havia sacolas plásticas em volta da sua cabeça.

Banco de dados

A ampliação do banco nacional de DNA é defendida pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, e faz parte do pacote anticrime que caminha no Congresso Nacional.

Segundo Farhat, o crime contra Raquel só não foi solucionado antes porque a base de dados passou por problemas financeiros nos últimos anos.

"Agora o governo federal, por meio do ministro Moro, reimplementou esse programa e deu aporte financeiro gigantesco para que se retomasse a atividade e se procedesse com mais celeridade", disse.

O Banco Nacional de Perfis Genéticos existe desde 2012 e, no final de 2018, contava com 6.500 perfis de condenados, 440 de investigados e 7.800 de vestígios de local de crime.

Para 2019, a previsão é coletar, processar e cadastrar 65 mil. Segundo o Ministério, desde sua implementação, a ferramenta auxiliou em 559 investigações.

A ideia de Moro é coletar o sangue de toda a população carcerária do país, chegando a 750.000 perfis genéticos.