O advogado ítalo-brasileiro inscrito na Ordem dos Advogados de Roma, Luiz Scarpelli, protocolou uma notícia crime coletiva
(instrumento processual utilizado para comunicar uma infração penal à autoridade competente) contra todos os integrantes da “máfia da cidadania italiana”, em diversos órgãos em Brasília, entre eles, a Procuradoria Geral da República (PGR), o Ministério da Justiça, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Ordem dos Advogados do Brasil e o Senado Federal.

No mês passado, uma megaoperação da polícia da Itália prendeu pelo menos sete brasileiros acusados de fraude, e cassou pelo menos 800 passaportes de brasileiros que obtiveram a cidadania italiana de forma irregular pelo esquema. O profissional que atua na Itália em casos de imigração e advoga para famílias que foram vítimas do golpe estima que já foram lesadas 5.000 famílias num golpe já de 25 milhões de euros. “Estão sob suspeição outros 30.000 processos na Itália, num golpe que pode atingir 150 milhões de euros”, projeta.

“Serão abertas duas notícias crime em Brasília. Uma na PGR e outra no Ministério da Justiça. Estou juntando todas as provas contra a máfia e oficiando também a Ordem dos Advogados do Brasil e levando tudo ao senador Carlos Viana (PSD-MG) para formalizar o pedido de abertura de uma CPI contra essa máfia no Brasil. Além disso estou pedindo ao governo brasileiro que envie todas as provas aparentadas ao governo italiano para a feitura de um trabalho em cooperação, por se tratar de crimes transnacionais, já que essa máfia tem um braço no Brasil e outro na Itália. Estou pedindo formalmente providências a Raquel Dogge, junto à Procuradoria Geral da República e também ao Ministro da Justiça Sérgio Moro”, diz.

O documento protocolado por Scarpelli reúne provas colhidas ao longo de três anos, com diversos pedidos entre eles: providências das mais diversas no Brasil e na Itália em cooperação internacional com as forças de segurança e polícia federal; pedidos de abertura de inquéritos policiais; pedido de abertura de inquéritos judiciários criminais; pedido de CPI no Senado Federal, e notícia crime, contra a já conhecida “máfia da cidadania italiana”.

“Estou pedindo para que sejam tomadas as devidas providências para que nós consigamos acabar com essa quadrilha, essa organização criminosa que usa grupos de Facebook, falsos grupos de ajuda e grupos de Whatsapp.Eu já fui inclusive ameaçado várias vezes. Eu represento um grupo enorme de pessoas. Todos nós estamos escandalizados. Não tínhamos noção do tamanho dessa organização criminosa, e a cada vídeo que eu faço, a cada denúncia que nós expomos, chegam mais denúncias gravíssimas. São crimes transnacionais que serão cuidados pelo governo brasileiro e autoridades italianas em conjunto”, afirma o advogado.

Envolvidos

Os falsos grupos de ajuda (no Facebook e Whatsapp) para obter informações sobre a cidadania italiana, conforme citou Scarpelli, ainda estão ativos. Um deles, o “Cidadania italiana - área livre”, no Facebook foi criado em 2014, possui mais de 140 mil membros e 50 pessoas que atuavam no Brasil como assessores (coiotes) que também administravam o grupo. 

“Todos os assessores (coiotes) presos na Itália captavam serviços nesse grupo. E todos os investigados também estão livremente captando nesse grupo. Todos os dias. Todo mundo que comenta é expulso do grupo. Tudo que é postado sobre o escândalo e a máfia, é apagado. Fizeram um post fixo às pressas que está sendo ridicularizado. E os assessores donos do grupo começaram a me difamar e ao advogado Pascarella", disse Luiz Scarpelli.

No caso do whatsapp, são pelo menos 14 grupos de falsa ajuda, com uma média de 256 pessoas em cada grupo, buscando informações com a quadrilha. Pelo menos 35 nomes foram listados como assessores (coiotes) responsáveis por esses grupos.