PROTESTOS

Ativistas presos queriam incendiar prédio da Câmara do Rio, diz MP

Na denúncia, Ministério Público fluminense também identifica o grupo como responsável pelo incêndio de um ônibus

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 19 de julho de 2014 | 22:59
 
 

Na denúncia apresentada pelo Ministério Público à Justiça contra 23 ativistas acusados de associação criminosa em protestos, a promotoria cita dois episódios para exemplificar as ações violentas do grupo: o incêndio de um ônibus e a pretensão de atear fogo ao prédio da Câmara dos Vereadores, no centro do Rio de Janeiro.

De acordo com o promotor Luís Otávio Figueira Lopes, da 26ª Promotoria de Investigação Penal, autor do documento, uma testemunha aponta Eliza Quadros Sanzi, a Sininho, por incitar manifestantes à incendiar o prédio da Câmara dos Vereadores, com o uso de três galões de gasolina. Ainda de acordo com a testemunha, a ação, que não foi datada, foi impedida por outros manifestantes.

Eliza é apontada na denúncia como uma das principais lideranças da Fip (Frente Independente Popular), juntamente com Igor Mendes da Silva e Camila Jourdan.

A Fip teria surgido após as manifestações populares de junho do ano passado e se formalizado nos atos de ocupação, como o "Ocupa Câmara". Segundo a promotoria, a organização tinha dois tipos de reuniões - uma pública e outra, privada, na qual somente as lideranças participavam e planejavam os atos violentos.

Um deles foi o incêndio de um ônibus de transporte público, em agosto de 2013.
Ainda na denúncia, o promotor afirma que "em período iniciado após o mês de junho de 2013 e que estendeu-se até o presente momento, os denunciados associaram-se com a finalidade de praticar, no contexto das manifestações, crimes diversos como: posse de artefato explosivo, corrupção de menor, dano básico e qualificado, resistência e lesão corporal (consumada e tentada)".

Advogado de ativistas, Marino D'Icarahy, que é pai de um dos presos, Igor D'Icarahy, disse à reportagem que "Elisa Quadros (Sininho), Camila Jourdan e Igor são acusados de terem elaborado o organograma da organização criminosa".

D'Icarahy afirmou que entrará com novo pedido de soltura aos que ficaram presos nas primeiras horas do dia da próxima segunda-feira (21). Ele afirma que até o momento não teve acesso às provas que a polícia diz ter contra os réus.

"As pessoas são acusadas sem qualquer materialidade. Isso é uma ilegalidade, sem mencionar a supressão de provas nos autos", disse.

Sobre a cineasta Sininho, apontada como uma das líderes do movimento, D'Icarahy disse que a polícia quer imputar a ela a "pecha a liderança dos black blocs". O advogado disse, porém, que "é sabido" que uma das características desse movimento é a ausência de liderança, já que o grupo se articula pelas redes sociais.

Foragidos

Além de Eliza Quadros, Camila Jourdan e Igor D'Icarahy, a denúncia apresentada pelo Ministério Público inclui Fábio Raposo e Caio Silva de Souza, acusados de terem acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, durante protesto no dia 6 de fevereiro.

De acordo com a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária), apenas os três ativistas que já se encontravam presos estão no sistema prisional - além de Raposo e Souza. Os outros 18 denunciados pelo Ministério Público são considerados foragidos.