Rio de Janeiro

Exército se pronuncia sobre militares presos em operação contra milicianos

Na operação contra milicianos, polícia civil apreendeu 13 fuzis, 15 pistolas e 4 revólveres

Por Da Redação
Publicado em 09 de abril de 2018 | 03:00
 
 
Mudança. Presos foram transferidos para a cadeia onde estão os envolvidos na versão carioca da Lava Jato DANIEL CASTELO BRANCO/ESTADÃO CONTEÚDO

RIO DE JANEIRO. O porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Carlos Cinelli, lamentou que três militares do Exército e um da Aeronáutica estejam entre os presos. No entanto, revelou que um deles já era investigado pelo Exército. “Obviamente é lamentável, mas não é nada que já não estivesse no nosso radar. Inclusive um deles já tinha um olhar atento da inteligência do Exército”, disse, no domingo (8).

Segundo o coronel, serão abertos procedimentos investigativos para saber se os militares realmente tinham participação na milícia ou se apenas participavam da festa onde ocorreram as prisões. “Se for comprovada a participação, vamos tomar as providências cabíveis, que podem incluir a expulsão da corporação”, afirmou Cinelli.

Além de dois militares do Exército, um soldado da Aeronáutica foi preso na operação da Polícia Civil de combate aos milicianos no Rio. Na madrugada de sábado, 142 pessoas suspeitas de participarem do maior grupo de milicianos do Estado  foram presas e sete menores, apreendidos, durante uma festa com música e até pulseirinhas vip no Sítio Três Irmãos, em Santa Cruz, zona oeste da capital fluminense. Um bombeiro também estava no grupo. Os nomes dos militares presos não foram divulgados. Os dois integrantes do Exército também eram soldados.

No domingo, os presos foram transferidos para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte. O local, onde também estão os presos da versão carioca da Lava Jato, tem uma ala que funciona como “porta de entrada” do sistema penitenciário fluminense e onde é feita a triagem dos detentos. De lá, de acordo com a Polícia Civil, os milicianos serão levados para prisões que integram o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio.

Os presos pertenciam ao grupo chamado Liga da Justiça, organização que conta também com policiais e ex-policiais. Desde fevereiro, o general Braga Netto, do Exército, comanda a Segurança Pública no Rio. Na operação de sábado, nenhum policial foi capturado. Em número de detidos, a ação foi a maior já realizada no Rio contra milicianos.

A organização criminosa atua na zona oeste do Rio e em municípios da Baixada Fluminense e da Costa Verde.

Quatro pessoas foram mortas durante a ação, que contou com 40 policiais do Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Divisão de Homicídios e das delegacias da região. Além dos detidos, a Polícia Civil apreendeu dez carros roubados, 13 fuzis, 15 pistolas e quatro revólveres.

Associação

Traficantes. De acordo com policiais, os milicianos se associam aos traficantes de várias facções. Eles permitiam a venda drogas e o roubo de cargas mediante o pagamento de percentual do faturamento.

 

Setor de inteligência pode ajudar

RIO DE JANEIRO. O porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, afirmou, no domingo, que o setor de inteligência das Forças Armadas pode servir de instrumento para combater as milícias do Rio. De acordo com ele, há uma “perfeita sintonia” com as áreas de inteligência da Secretaria de Segurança e do Gabinete de Intervenção Federal (GIF).

“(A inteligência do Exército) pode ser uma opção (no combate às milícias). Aliás, a área de inteligência, não só do Exército, mas da Marinha e Aeronáutica também, já está trabalhando em sintonia com inteligências da Secretaria de Segurança e do Gabinete de Intervenção Federal”, disse. Cinelli explicou que até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fornece dados para os órgãos.