Grave

Informação é essencial para a prevenção e tratamento do câncer

Doença é a segunda que mais mata no Brasil; tipos mais comuns são de pele, mama e próstata

Por Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2020 | 00:01
 
 
Especialistas alertam que há muitas fake news sobre o câncer, que acabam prejudicando tratamento Pixabay

Comemorado no último dia 8, o Dia Mundial de Combate ao Câncer foi criado para conscientizar a população sobre os cuidados de prevenção da segunda doença que mais mata pessoas em todo o mundo. No Brasil, é considerada também a segunda enfermidade com maior índice de óbitos. Especialmente neste dia, os órgãos de saúde se empenham em informar as pessoas sobre a importância de consultar sempre com médicos e estar atento à saúde, para evitar o crescimento dessa doença.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil poderá registrar neste ano, cerca de 625 mil novos casos de câncer. Entre eles, 50,3% deverão ocorrer em homens e 49,7% em mulheres. Divulgados no início deste ano, os números fazem parte do estudo "Estimativa 2020", com base em registros populacionais do país e de hospitais de câncer.
A estimativa aponta que os tipos mais incidentes no país são os de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago.

As causas para o surgimento do câncer podem ser as mais variadas possíveis, desde motivos externos – como o ambiente e hábitos que o indivíduo possui, como o tabagismo e uma alimentação não balanceada – até fatores internos, como características geneticamente predeterminadas.

Mitos

Mas muitos mitos ainda cercam a doença segundo o oncologista clínico Amândio Soares Fernandes Júnior fundador, juntamente com Roberto Porto Fonseca, da Oncomed, empresa especializada na prevenção e no tratamento das doenças neoplásicas em Belo Horizonte. “É importante esclarecermos algumas questões sobre a doença porque as pessoas, muitas vezes, perpetuam algumas inverdades que podem prejudicar o tratamento”, afirmou.

Na entrevista abaixo concedida ao O TEMPO, o especialista fala sobre alguns mitos, como o que câncer de próstata traz infertilidade; que a anemia pode causar uma leucemia.

O oncologista ressaltou que a descoberta do câncer muda completamente a vida do paciente e da família em diversos aspectos. Por isso, é importante que, além do tratamento específico, é preciso ter uma atenção especial à carga emocional que a doença pode trazer.

"A pessoa vai se submeter a um tratamento longo e com uma série de efeitos adversos. Isso muda a rotina totalmente e traz muitos impactos. Têm aqueles que encaram de frente, lutam contra a doença, encaram o tratamento de frente. Mas também existem e os que entram em depressão durante o processo. Por isso precisam ser amparados e o tratamento precisa ser humanizado, com todo o suporte necessário", afirma.

Cuidados redobrados

Nos últimos dias, o avanço da pandemia de coronavírus no mundo alterou a rotina dos brasileiros. Os números de infectados aumenta cada dia mais e, com isso, diversas medidas de precaução têm sido tomadas em todos os âmbitos, seguindo as orientações dos órgãos de saúde.

Além do isolamento social e dos cuidados com a higienização, pessoas com doenças preexistentes, com imunidade baixa ou em tratamento, como câncer, precisam ter ainda mais cuidado para não se contaminar.

Entrevista com Amândio Soares Fernandes Júnior, oncologista clínico e diretor da Oncomed

Mitos e verdade

Qualquer pessoa pode ter câncer? Verdade. Qualquer pessoa pode ser acometida, desde crianças e jovens até idosos. Mas é importante ressaltar que existem fatores de risco, adquiridos ou herdados. Em geral, 80% são devido a fatores considerados ambientais, como o aumento do envelhecimento da população e hábitos pouco saudáveis, como o tabagismo, uma alimentação inadequada, com alta ingestão de gordura, o alcoolismo, a exposição excessiva a luz solar e a obesidade.

Câncer é hereditário? Verdade. Porém, é uma doença do gene, mas nem todo câncer é hereditário. Esses casos representam de 5% a 10% dos diagnósticos. Quando a pessoa já tem uma mutação no gene, por exemplo, aumenta a incidência.

Se eu faço o autoexame de mamas todos os meses não preciso fazer mamografia? Mito. O autoexame é extremamente importante porque a mulher passa a conhecer a mama, mas não substitui a mamografia, que é o exame que pode diagnosticar precocemente o tumor, o que aumenta muito a possibilidade de atingir a cura.

Amamentar protege do câncer de mama? Verdade. Existem vários fatores de risco que pode predispor o câncer de mama. Um deles é o de não amamentar.

O câncer de próstata causa diminuição de virilidade? Mito. Alguns tratamentos relacionados ao tratamento do câncer de próstata pode comprometer a virilidade. Procedimentos cirúrgicos, como a prostatectomia radical pode ter duas complicações envolvendo a impotência e incontingência urinária. O uso de alguma terapia hormonal específica também pode afetar.

Viajar de avião ou ficar sempre perto de antenas de celulares aumenta o risco de desenvolver câncer? Mito. Não existem evidências, embora existam estudos que relacionam o uso de celular ao câncer cerebral, mas ainda não tem nada confirmado.

Anemia transforma-se em leucemia? Mito. Mas a leucemia pode ser a causa de anemia.

A alimentação tem ligação com a prevenção do câncer? Verdade. A OMS estima que 30% dos casos estão associados com a dieta. Existem recomendações especificas em relação a uma alimentação saudável que pode diminuir o risco. O consumo de frutas, grãos integrais, verduras e legumes, bem como evitar gorduras e bebida alcoólica, pode fazer a diferença. A prática de atividade física também é indicada.

Um tumor pode ser causado por um trauma, por exemplo, uma pancada durante uma batida de automóvel? Mito. Apesar de muitos diagnósticos acontecerem após algum trauma, não existe essa referência. Não existem dados específicos.

Câncer de pele é mais comum acima de 40 anos? Verdade. É mais comum em adultos porque recebe a radiação solar durante a infância e a adolescência. É necessário uma exposição frequente e prolongada para desenvolver o câncer de pele - o que acontece nas duas primeiras décadas de vida. 

Todas as pessoas que têm câncer perdem o cabelo? Mito. Nem todos os pacientes passam por isso. Aqueles que se submetem ao tratamento de quimioterapia podem ter possibilidade maior.