Violência nas estradas

Mais de 70% dos acidentes na folia deixaram sequelas ou mortos em 2019

Metade das vítimas de acidentes de trânsito durante o Carnaval tinha entre 18 e 34 anos e 47% das ocorrências aconteceu ao anoitecer ou pela manhã

Por Alex Bessas
Publicado em 21 de fevereiro de 2020 | 20:19
 
 
Número de mortes subiu 43% em Minas na comparação com o ano passado FERNANDA OLIVEIRA/A NOTÍCIA REGIONAL

Levantamento da Seguradora Líder, que administra o DPVAT, reforça a necessidade de redobrar os cuidados no trânsito durante o Carnaval. A violência nas estradas, afinal, deixa sequelas e causa mortes em mais de 70% das ocorrências registradas e indenizadas pelo seguro no período.

No ano passado, foram registrados 3.346 acidentes indenizados em todo o país durante o feriado. Do total, 1.980 deixaram vítimas com algum tipo de sequela permanente, e 492 foram casos fatais. Em Minas, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nove pessoas morreram no trânsito no ano passado, 61% menos se comparado a 2017 e 18% menos que em 2018.

O consultor de transporte e trânsito Silvestre de Andrade lembra que o feriado leva um grande volume de pessoas para as rodovias – algumas delas inexperientes para tais trajetos. Dois fatores que, somados, criam um ambiente de maior risco para a ocorrência de acidentes. 

A correlação entre a folia e um tráfego mais perigoso fica mais óbvia ao se verificar que as regiões com as maiores festas foram também as que lideraram o ranking de acidentes. O nordeste concentrou 34% das ocorrências, enquanto o sudeste registrou 28%.

O habitual aumento do consumo de bebidas alcoólicas nesse período é outro elemento dessa equação. “A princípio sentimos euforia e pensamos estar mais atentos, mas, na verdade, nossas reações ficam mais lentas e menos aguçadas. Perdemos a noção de profundidade, de distância, de ação e reação”, explica Andrade, frisando a regra básica: se beber, não dirija. A PRF, diga-se, dá ênfase no combate à embriaguez ao volante, e deve usar 300 etilômetros tradicionais e passivos no período.

Andrade reforça que cansaço e uso de aparelhos celulares enquanto se dirige são outros fatores de risco para acidentes. O consultor recomenda que se redobre a atenção ao trafegar durante a noite ou a madrugada. Ele cita que jovens, por viajarem e beberem mais, devem adotar posturas preventivas.

De fato, a Seguradora Líder indica que 50% das vítimas de acidentes entre a sexta-feira de Carnaval e a quarta-feira de cinzas tinha entre 18 e 34 anos. Além disso, 47% das ocorrências aconteceu ao anoitecer ou pela manhã e 40% delas no sábado ou no domingo. Motociclistas são outro grupo de risco, correspondendo a 81% das pessoas indenizadas.

Andrade registra ainda que a chuva tende a exigir mais cuidado dos condutores. Por fim, ele salienta que deve-se necessariamente – mesmo em táxi ou em viagens com motorista de aplicativos – usar cinto de segurança e, para crianças menores de 7 anos e meio, equipamento adequado à idade. Só assim, em caso de acidentes, os danos serão mitigados.