Ecossistemas de água doce

Pesquisadores descobrem formato que eleva em 600% a preservação de rios

Grupo reuniu especialistas de outros cinco países e mostrou que combinação de dados sobre ecossistemas terrestres e aquáticos para planejar empreendimento como hidrelétricas e minas ajuda ainda mais o meio ambiente

Por Agência Brasil
Publicado em 04 de outubro de 2020 | 17:35
 
 
Transposição do Rio São Francisco Divulgação/Ministério da Integração Nacional

Um grupo de pesquisadores de seis países, incluindo uma pesquisadora da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e dois professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizaram um estudo sobre conservação de biodiversidade nos ecossistemas de água doce. Uma das principais conclusões do estudo afirma que o planejamento que integre informações sobre os ambientes terrestres e aquáticos pode até triplicar a efetividade da conservação da biodiversidade nesse tipo de ecossistema.

O artigo foi publicado na revista Science, um dos principais periódicos da área. A premissa do estudo foi a constatação de que o planejamento de conservação da biodiversidade costuma mirar somente os ecossistemas terrestres, e não se sabe o quanto as espécies aquáticas estariam sendo beneficiadas com esse planejamento.

De acordo com as pesquisas, a combinação de informações sobre ecossistemas terrestre e aquático pode trazer um aumento de até 600% em benefícios para os ecossistemas de água doce. Sem essa combinação, utilizando apenas dados sobre a vida terrestre, apenas 20% da biodiversidade aquática é preservada.

Os professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e coautores do artigo Ricardo Solar e Rafael Leitão afirmam que a biologia de conservação também produz subsídios para tomadores de decisão, como gestores públicos, que dispõem de poucos recursos e ferramentas.

“Infelizmente, precisamos ter consciência de que parte do ambiente natural será utilizada por atividades econômicas. O custo de impedir empreendimentos como a implantação de minas ou a construção de hidrelétricas é muito alto. Por essa razão, é ainda mais importante contar com os melhores métodos e informações para recomendar a preservação das áreas prioritárias do ponto de vista ambiental”, disse Rafael.

O trabalho uniu biólogos, matemáticos, geógrafos, engenheiros florestais e outros especialistas de universidades e institutos de pesquisa do Brasil, Reino Unido, Suécia, Suíça, Estados Unidos e Austrália. 

O artigo, em inglês, pode ser acessado na página da Science.