Declarações polêmicas

Procurador diz que escravidão ocorreu porque índio não gosta de trabalhar

Ele, que é ouvidor geral do MPPA, também não acha exista dívida com os quilombolas: 'Nenhum de nós aqui tem navio negreiro'

Por Mônica Bergamo
Publicado em 26 de novembro de 2019 | 20:07
 
 
"O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses", disse o procurador Ricardo Albuquerque da Silva

Um procurador de Justiça do MPPA (Ministério Público do Pará) afirmou em palestra nesta terça-feira (26) que a escravidão de negros no Brasil ocorreu porque "o índio não gosta de trabalhar".

"Esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje", afirmou o procurador Ricardo Albuquerque da Silva em uma apresentação a alunos de uma universidade do Pará que visitavam a sede do MPPA. Ele também é ouvidor-geral do órgão.

"O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. E foi por causa disso que eles (colonizadores portugueses) foram buscar pessoas nas tribos lá na África para vir substituir a mão de obra do índio aqui no Brasil."

Ele ainda disse que não acha que "tenhamos dívida nenhuma com quilombolas". "Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para serem escravizadas aqui no Brasil."

Em nota, o MPPA diz repudiar o teor das declarações do procurador, que não compactua com qualquer ato de preconceito e que a fala "reflete tão somente a opinião pessoal" dele. As manifestações de Silva foram gravadas e circulam por redes sociais.

A reportagem não conseguiu contatar o procurador até o fechamento deste texto.