Começou nesta quarta-feira a greve de 48 horas de estudantes, professores e outros funcionários em universidades e institutos federais em todo o Brasil. Em Belo Horizonte, o movimento deve culminar em uma manifestação a partir das 17h de hoje na praça Afonso Arinos, na área central.

A mobilização é contra a proposta de redução do Orçamento para a Educação em 18% para 2020 e ao programa Future-se, visto pelos organizadores como ameaça à autonomia das instituições federais de ensino. 

Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o primeiro dia de greve teve apresentações culturais e rodas de conversa no campus Pampulha. Em frente ao campus Saúde, na região central de BH, a calçada da avenida Alfredo Balena transformou-se em consultório e sala de aula durante a maior parte do dia.

O evento Universidade na Praça promoveu testes gratuitos de HIV, glicemia e pressão, além de apresentações de trabalhos acadêmicos de estudantes da pós-graduação. O evento foi organizado pela Associação de Pós-Graduandos da UFMG (APG-UFMG), com apoio dos sindicatos de professores e funcionários da universidade.

Segundo a organização, cerca de 2.000 pessoas passaram pelo local e foram realizados mais de 150 testes rápidos de HIV e 500 de glicose. “A atividade foi muito importante para aproximar a população do que a gente faz na pós-graduação e levar o recado de que a universidade nada mais é que um espaço de produção de conhecimento com objetivo de atender e melhorar a vida da população”, diz Lívia Macedo, coordenadora da APG-UFMG.

Estudantes de áreas como estatística, farmacologia, história e odontologia apresentaram banners resumindo suas pesquisas e convidaram quem passava a conhecer as conclusões. 

Um deles foi o doutorando de geografia Max Pereira, 31. Ele pesquisa a utilização do espaço urbano e explicou uma pesquisa sobre Sete Lagoas, na região metropolitana de Belo Horizonte, que mostra como o desenvolvimento industrial da cidade desde os anos 90 concentrou renda nas camadas mais ricas do local. 

“Encontros como esse possibilitam dizer quais são nossas demandas na universidade e até criar mecanismos de defesa, com a população defendendo a ciência”, diz. A ideia, explica, é repetir o encontro mensalmente. 

Pelo Brasil. Ações do tipo também aconteceram em universidades federais de outros Estados – como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) ainda não fez o levantamento de quantos professores aderiram ao primeiro dia de greve.

Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), uma das organizadoras da paralisação, manifestações estão agendadas para hoje em todas as capitais. 

Confira a programação:

10h às 16h, na praça Sete: serviços de saúde, discussões sobre democracia e apresentação de trabalhos acadêmicos.

17h, na praça Afonso Arinos: concentração. 

Programação completa: no Facebook do Sindicato dos Professores das Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH): bit.ly/2o0rqf4