Fúria

UPP é incendiada após criança de 7 anos ser baleada

Garota foi atingida por bala perdida em troca de tiros entre policiais e traficantes de favela carioca

Por Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2014 | 03:00
 
 
Contêiner de UPP incendiado nas favelas do Lins de Vasconcelos WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Rio de janeiro. Um contêiner onde funciona um gabinete da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do complexo de favelas do Lins de Vasconcelos (zona Norte) foi incendiado na madrugada de ontem por uma multidão, que queimou também três ônibus, um carro, uma loja e a rede de energia, deixando a região sem luz.

Mais cedo, uma menina de 7 anos fora atingida de raspão por uma bala perdida durante confronto entre policiais e traficantes de drogas da região. O ferimento na menina deu início ao protesto da população. Segundo a Polícia Militar (PM), ela estava dentro de casa, no morro do Gambá, quando foi baleada.

Levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier (zona Norte), recebeu alta na segunda mesmo. Por causa dos confrontos e do protesto, duas escolas e uma creche não abriram.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, 1.065 alunos ficaram sem aulas. Principal via da região, a rodovia Grajaú–Jacarepaguá foi interditada pela PM das 22h30 às 4h40 de ontem. Na área, uma patrulha policial foi totalmente depredada.

O fogo que destruiu um dos ônibus atingiu a fiação elétrica e parte do bairro do Lins de Vasconcelos ficou sem luz durante a manhã. A UPP do complexo do Lins foi instalada em novembro, mas a pacificação anunciada pelo governo Sérgio Cabral (PMDB) não se consumou. Os tiroteios entre policiais e traficantes da quadrilha da região têm sido constantes desde então. Na noite de domingo, depois que começou a circular a informação de que havia uma criança baleada, moradores do morro da Cotia interditaram com barricadas de fogo a Grajaú-Jacarepaguá. A patrulha da PM foi atacada a pedradas. Os manifestantes tentaram queimá-la com dois policiais dentro, que reagiram a tiros. Durante o dia, PMs da Tropa de Choque ocuparam o complexo do Lins, especialmente os morros da Cotia e do Gambá, principais redutos da quadrilha de traficantes.