Situação precária

Usuários do transporte público de BH gastam 59 minutos em viagens

Tempo gasto no deslocamento na capital mineira é o 5° maior entre as capitais, e Rio lidera ranking

Sex, 17/01/20 - 06h00

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Belo Horizonte é a quinta cidade no país em que se perde mais tempo com mobilidade no transporte público. Um levantamento feito pela Moovit, empresa especializada em mobilidade urbana, aponta que, na capital mineira, as pessoas gastam, em média, 59 minutos nas viagens, atrás apenas do Rio de Janeiro (67 minutos), Recife (62 minutos), São Paulo (62 minutos) e Brasília (61 minutos). No mundo, BH ocupa a 12° posição no ranking do tempo gasto em deslocamento (de ou para casa/trabalho).

A pesquisa também registrou que o tempo médio de espera pelo transporte público na cidade é de cerca de 18 minutos. Pelo menos 30% dos deslocamentos por ônibus ou metrô na capital duram mais de duas horas e 44% das pessoas precisam fazer duas baldeações em uma única viagem.

A pesquisa, de acordo com o especialista na área de transporte e trânsito e professor da Universidade Fumec, Márcio Aguiar, demonstra mais uma vez que o transporte público tem tido um desgaste muito grande no que diz respeito a mobilidade porque não está atendendo o mínimo necessário para a população. 

“Os tempos de viagens são longos, assim como o período de espera. Isso tudo ocorre porque nós temos um único tipo de transporte, que é o ônibus, e que está sujeito às variações do trânsito”, afirma o especialista.

A solução para esta situação, que Aguiar classifica como “precária”, passa por mudar e fazer mais investimentos em outros modais, como o metrô – e não o trem de superfície. “(O trem que temos hoje) não atende quase nada da necessidade porque são 200 mil passageiros por dia na cidade, e nós precisaríamos de uma capacidade para 2 milhões de viagens por dia para atender à região metropolitana, em média”, explica.

Ao perguntar para os usuários o que faria eles usarem o transporte público com mais frequência, 54,8% disseram que seriam tarifas mais baratas; 53,6% responderam que usariam se tivesse uma maior frequência de veículos e menor tempo de espera; 49,4% desejam um cronograma de chegadas e partidas confiável; 44,9% usariam mais o transporte se tivessem veículos menos cheios; e 32,9% se tivessem menos baldeações (mais linhas diretas).

“Até hoje não conseguimos construir um metro de metrô, que é a grande solução do mundo. Em Paris, em qualquer lugar da cidade em que a pessoa estiver, ela leva, em média, 15 minutos para acessar outros pontos da cidade, assim também como Nova York, Londres e até capitais da América do Sul. Não adianta querer fazer um transporte eficiente com ônibus junto com o trânsito que sempre irá ter interferências e oscilações imprevisíveis. O reflexo disso são esses dados que nós vemos, a cada ano, só piorando”, diz Aguiar.

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