Brutalidade

Advogado confessa ter matado amante grávida para não assumir relacionamento

Em janeiro, corpo de criança, filha da vítima, foi encontrado às margens da BR-040, e homem pode estar envolvido na morte dela também

Por Felipe Castanheira
Publicado em 10 de junho de 2021 | 12:13
 
 
Polícia Civil convocou coletiva para falar a respeito do caso Foto: Uarlen Valério/OTEMPO

Um advogado de 41 anos confessou ter matado a amante, que estava grávida de um filho seu e cobrou que ele assumisse a relação. O homem, que trabalhava em uma grande mineradora de Conselheiro Lafayete, na região do Alto Paraopeba, não aceitou a situação e a matou depois de discutir com ela. Ele contou para os investigadores do caso que jogou o corpo da vítima em um rio na divisa de Conselheiro Lafaiete e Congonhas, esclarecendo um caso brutal que é investigado desde o começo do ano. 

Os detalhes do caso foram revelados em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10). O criminosos estava em prisão preventiva desde o dia 7 de abril.

No dia 25 de janeiro, o corpo de uma menina de 1 e oito meses, chamada Pietra, foi encontrado debaixo de um viaduto às margens da BR-040, no bairro Olhos D'água, na região do Barreiro. Ao lado do corpo da criança estava um bilhete, supostamente escrito pela sua mãe, dizendo que temia pela própria vida e que iria sumir no mundo, ganhando a vida como prostituta. Desde então o paradeiro de Fernanda Caroline Leite Dias, 28, era procurado, mas agora veio a confirmação de que ela foi morta e teve o corpo jogado no rio Maranhão, que fica no fundo de um terreno de propriedade do criminoso.

O Delegado Alexandre Fonseca, responsável pelo caso, conta que diante de provas robustas sobre a autoria do crime, o homem acabou confessando, na tentativa de livrar sua esposa, que também é investigada. "A versão apresentada por ele é uma confissão importante, mas mesmo assim apresenta alguns pontos inconsistentes diante do que apuramos na investigação", explicou.

Segundo o delegado, o criminoso contou ter matado Fernanda acidentalmente após uma discussão, que aconteceu quando a vítima, que também era casada, contou estar grávida dele e cobrou que ele assumisse o relacionamento. Fernanda havia levado a filha para o encontro, e a menina teria ficado dormindo no carro do criminoso.

"Ele contou que acreditava que teria um encontro amoroso com a Fernanda, mas ao ver que a conversa estava seguindo para outro caminho, passou a levá-la para um terreno na zona rural. Ele conta que lá eles discutiram e ele deu um empurrão nela, que bateu a cabeça e ficou desacordada". 

Ainda de acordo com o relato dado pelo assassino, depois de perceber que a mulher estava morta, ele levou a criança para casa e a deixou com a esposa. No dia seguinte, ele teria passado todo o tempo rodando a esmo pela região, só muito depois é que teria decidido jogar o corpo no rio.

De acordo com o delegado, a versão não é factível. Uma testemunha, que é colega de trabalho do criminoso, relatou que o advogado contou que colocou fogo no corpo de Fernanda antes de jogar os restos mortais no rio. Para se livrar do cadáver ele teria comprado óleo diesel em diferentes postos da cidade para não deixar pistas, o combustível foi usado para incendiar o corpo de Fernanda e disfarçar o cheiro de queimado. 

Ainda segundo o investigador, embora o autor tenha alegado que não matou a criança e teria a deixado com vida às margens da BR-040, esta versão não se sustenta, já que foi comprovado que a menina foi dopada e tem hematomas contundentes, que apontam que ela foi morta antes de ser deixada no local em que foi encontrada. A pequena Pietra era fruto de um outro relacionamento extraconjugal de Fernanda Caroline com outro homem, morador de Belo Horizonte. 

" A menina foi agredida e deixada na beira da estrada para ser encontrada pela polícia e com isso tentar apagar as provas que ligavam o criminoso à morte da mãe", sustentou o delegado. 

A carta que foi deixada ao lado do corpo da criança foi fundamental para a investigação realizada pela Polícia Civil. O bilhete era parte do plano do autor do crime para tentar se livrar do crime. "Tínhamos seis suspeitos da morte da criança, mas quando examinamos a carta tivemos a certeza de quem era nosso alvo", explicou. Em outra iniciativa usada pelo criminoso para ocultar o crime, ele usou o celular da vítima para enviar mensagens para conhecidos onde se fazia passar por ela e dizia ter medo do cunhado, para o colocar entre os suspeitos do crime.

Vestígios de sangue da criança também foram encontrados em um dos veículos usados pelo assassino para se livrar dos corpos e nas embalagens dos medicamentos de sua esposa, que está em liberdade, mas também é investigada. "Acreditamos piamente na participação dela neste crime e continuamos as investigações neste sentido, para comprovar para o ministério público qual foi a participação dela neste crime", esclareceu. 

O homem vai responder por duplo feminicídio, qualificado por meio torpe e sem dar chance de defesa às vítimas, fraude processual e por ocultação e destruição de cadáver. 

Há três dias, desde que o homem confessou o crime, o Corpo de Bombeiro busca pelo corpo da vítima, até agora sem sucesso. Fernanda deixou ainda duas crianças, de 7 e 9 anos de idade, filhos do marido, que está morando nos Estados Unidos.