Transporte

Auditoria constata problema em 94% dos ônibus de BH

BHTrans analisou itens de segurança, de layout e da parte elétrica de 1.651 veículos

Por Rafaela Mansur
Publicado em 24 de maio de 2017 | 03:00
 
 
Melhorias. Vistorias são feitas de maneira periódica, segundo a BHTrans, a partir de reclamações de passageiros sobre linhas e regiões Foto: Fernanda Carvalho - 24.2.2014

Auditoria feita pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) constatou que 94,6% dos 1.651 coletivos vistoriados apresentavam algum tipo de irregularidade. Os trabalhos aconteceram entre 3 de março e 5 de maio e envolveram 55% da frota da capital, que tem hoje 2.960 veículos. Itens de segurança, da parte elétrica e de layout foram analisados. A empresa emitiu 524 autuações e recolheu 178 autorizações de tráfego, o que impede a circulação dos ônibus.

Segundo a BHTrans, as irregularidades mais recorrentes foram a limpeza inadequada do veículo, tanto na parte interna quanto na externa, e a má conservação de extintores e de botoeiras (que o usuário aciona para desembarcar). No entanto, somente irregularidades consideradas mais complexas geraram autuações, como funcionamento inadequado dos elevadores. Os valores das multas variam conforme a gravidade das falhas, entre R$ 130,41 e R$ 978,26.

Das 258 linhas vistoriadas, 16 apresentaram quatro ou mais irregularidades, mas elas não foram especificadas pela BHTrans. Somente 89 ônibus, o que representa 5,4% do total de auditados, não tinham nenhuma inconformidade.

Segundo a BHTrans, a realização de auditorias é permanente e, nesse último caso, teve resultado divulgado nessa segunda-feira (22). Os trabalhos se baseiam em reclamações feitas pelos usuários sobre determinada linha ou região ou sobre o funcionamento do sistema e são realizados em contato com as concessionárias.

Todas as irregularidades constatadas foram informadas às empresas operadoras para que pudessem ser corrigidas. Segundo a BHTrans, elas tiveram prazo máximo de 15 dias para regularizar a situação nos casos das advertências. Já a apreensão das autorizações de tráfego, imposta a veículos com problemas relacionados à segurança dos usuários, implica a proibição de circulação até que a situação seja resolvida e o veículo, aprovado pela vistoria da empresa – não foi explicado quais itens de segurança foram avaliados.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) diz que a ocorrência de falhas é normal diante do alto número de viagens realizadas diariamente pelos ônibus e que, verificadas as autuações, providências são tomadas imediatamente para sanar o problema. Pontuou, ainda, que as irregularidades constatadas em março e abril já foram resolvidas.

Análise. De acordo com o especialista em trânsito João Luiz da Silva Dias, a ocorrência de irregularidades seria evitada se as empresas trabalhassem na manutenção preventiva. “Se a empresa estivesse bem-estruturada e tivesse uma frota reserva para a realização de manutenção preventiva, esse tipo de problema não aconteceria, e as vistorias da BHTrans seriam uma mera conferência”, afirmou.

A vendedora Maria Clara Marinho, 22, utiliza ônibus todos os dias para ir ao trabalho e percebe muitos problemas. “É comum dar o sinal para o ônibus parar, mas, por estar com defeito, o motorista acaba não vendo e passa direto, e o passageiro perde o ponto ou tem que descer no meio da rua”, disse.

 

Análise

Operação de elevadores questionada

As plataformas elevatórias de 1.674 ônibus da capital foram vistoriadas na auditoria, que gerou 509 autuações às empresas por problemas nos equipamentos de acessibilidade. Entre os 1.616 veículos que têm elevador, 1.351 apresentaram ao menos uma irregularidade. Em 27, a plataforma nem funcionava.

Os números retratam a realidade, segundo a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil seção Minas, Ana Lúcia de Oliveira, apesar de a legislação determinar a acessibilidade no transporte coletivo. “Os elevadores muitas vezes estão com problema ou o motorista e o cobrador não sabem utilizar. Isso gera constrangimento às pessoas com deficiência”, disse.

Conforme a BHTrans, 2.838 ônibus da frota são acessíveis. A empresa informou que os operadores do transporte passam por treinamento periódico. (RM)