A cervejaria Backer não deverá entrar na justiça para recorrer contra o pedido do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que todos os seus produtos sejam retirados do mercado imediatamente.

A medida ordenada pelo órgão deverá ser acatada, como confirmou a CEO da cervejaria e diretora de marketing, Paula Lebbos, em entrevista coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira (14). Ainda nesta manhã, a assessoria de imprensa à frente da Backer já havia declarado que a empresa "seguirá atendendo a todas as exigências das autoridades". 

Assista alguns trechos:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por O Tempo (@otempo) em 14 de Jan, 2020 às 7:28 PST

Ao longo de seu pronunciamento, a empresária também reforçou o pedido para que os clientes da marca não consumam, sob hipótese alguma, qualquer garrafa da cerveja Belorizontina – mesmo aquelas cujos lotes não estão listados entre os contaminados.

“Nós sabemos que todas as Belorizontinas são feitas no tanque que está sendo investigado. Sabendo ou não se estão contaminadas, eu gostaria de pedir que, por favor, ninguém bebesse essa cerveja”, explicou.

Isto, pois, segundo Lebbos, todas as cervejas do rótulo – assim como as da marca Capixaba, equivalente da Belorizontina no estado do Espírito Santo – são produzidas no tanque de número 10 da cervejaria, no bairro Olhos D'Água, na região do Barreiro. 

O recipiente está lacrado desde a semana passada por ordem da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e do Mapa. Nele é que teria acontecido a contaminação da bebida com monoetilenoglicol e dietilenoglicol.

As substâncias tóxicas, ingeridas através da cerveja por alguns clientes da marca, podem ter causado o aparecimento de síndrome nefroneural em, pelo menos, 17 pessoas em Minas Gerais. Um dos pacientes não resistiu à gravidade de seu quadro de saúde, e morreu na última quarta-feira (8), na Santa Casa de Juiz de Fora, na Zona da Mata. 

Quanto às outras bebidas, que serão retiradas de circulação por determinação dos órgãos de fiscalização, a diretora da cervejaria declarou que nenhum problema foi detectado em linhas de produção de outros rótulos. Ou seja, inicialmente não há riscos na ingestão das demais cervejas produzidas pela Backer, segundo a empresa. 

Orientação do Ministério da Justiça

Além de respeitar as orientações para recolhimento de todos os seus produtos disponíveis no mercado, a cervejaria Backer também será obrigada a criar campanhas para informar aos consumidores quais os pontos de venda onde a Belorizontina ou a Capixaba foram comercializadas e quantidade de cervejas que podem estar contaminadas. 

Esta é uma determinação do órgão de proteção ao consumidor – Secretaria Nacional do Consumidor – ligado ao Ministério da Justiça. Caso a cervejaria descumpra as normas previstas, poderá ser multada em até R$ 9,9 milhões.

Até o momento, a Backer declarou que todas as exigências dos órgãos de vigilância e de justiça serão respeitadas. Uma das medidas para conscientizar os consumidores, de acordo com Paula Lebbos, é exatamente o pedido público da cervejaria para que ninguém beba quaisquer cervejas dos rótulos Belorizontina ou Capixaba. 

Contudo, com relação à realização da campanha solicitada pelo Ministério da Justiça, ainda não há detalhes concretos sobre como ela seria feita para os consumidores ou quais são instruções exatas repassadas pelo órgão.

Mais tempo

No início desta noite, a Backer informou que acionou a justiça para conseguir mais tempo para realizar o recall, confira abaixo a nota, na íntegra, enviada à imprensa. 

A Backer segue atendendo a todas as exigências das autoridades e reafirma seu compromisso com o cumprimento de todas as medidas solicitadas pelos órgãos. A empresa informa que acionou a justiça, porque precisa de mais tempo para se programar para atender da melhor maneira possível a medida de recall solicitada pelo MAPA.