Um biólogo do aquário da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte é o principal suspeito de contrabandear ovos de peixes para o exterior. Isso é o que aponta uma investigação da Polícia Federal para combater este tipo de crime ambiental através da operação "Killifish", deflagrada na manhã desta terça-feira (1°). 

Cinco são os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal e cumpridos nos seguintes municípios: Belo Horizonte, Contagem, São Paulo (SP), São Vicente (SP) e Duque de Caxias (RJ). Há indícios de que as remessas ilegais para o exterior, com os ovos, eram feitas a partir desses endereços buscados na manhã. 

Para onde os ovos iam?

As primeiras suspeitas a respeito do esquema criminoso surgiram ainda em janeiro de 2018, quando a unidade técnica do IBAMA no Aeroporto de Guarulhos apreendeu inúmeros objetos postais com ovos de peixes sem a licença de exportação necessária e expedida pelo órgão. Os ovos são de peixes conhecidos como "Killifish" ou "peixes anuais", alguns deles de espécies ameaçadas de extinção. 

As postagens com os ovos saíram de agências do Correios situadas em Contagem e Belo Horizonte e seguiam com destino a países da Europa, América do Norte e Ásia, para pesquisadores e colecionadores.

No mesmo período, o IBAMA apreendeu outras cartas com ovos. Estas haviam sido postadas de agências de São Vicente, em São Paulo, e Duque de Caxias, no Rio. Da mesma forma, eram ovos de Killifish. Mas, desta vez, eram destinados especificamente à Escócia, outros países da Europa e aos Estados Unidos. 

Assim, a pedido da Polícia Federal, a polícia ambiental norte-americana (FWS) entrevistou suspeitos que receberiam os ovos de peixes destinados àquele país e alcançou os verdadeiros remetentes da carga, escondidos atrás de dados falsos para envio dos envelopes. 

Peculato

É aí que o biólogo, tratador do Aquário da Bacia do Rio São Francisco, aparece na investigação: ele seria um dos principais criminosos no esquema, responsável por enviar os ovos de espécies do aquário para colecionadores e pesquisadores no exterior. Não à toa, a Justiça determinou que ele permaneça afastado de suas funções por um ano. 

O funcionário é, especificamente, suspeito de peculato. Este tipo de crime acontece quando um servidor público subtrai ou desvia dinheiro público ou coisa móvel para proveito próprio alheio.

À reportagem de O TEMPO, a Fundação de Parques e Zoobotânica esclareceu que ainda não é possível determinar a origem dos ovos de peixes apreendidos durante o período de investigação. 

"A Fundação reafirma seu repúdio à biopirataria e seu sólido histórico de mobilização em campanhas contra o tráfico e o comércio ilegal de animais, os quais sempre irá combater", informou o órgão através de nota.

Operação

A ação da Polícia Federal acontece com apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), da Guarda Civil de Belo Horizonte, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da polícia ambiental norte-americana.

Atualizada às 11h50.  

(Com informações da Polícia Federal)