Recuo da flexibilização

CDL critica Kalil e diz que comerciantes não são ouvidos pela Prefeitura de BH

Câmara de Dirigentes Lojistas de BH declarou em nota que "se existe alguém que se sacrificou para salvar vidas em Belo Horizonte, este alguém é o nosso comércio"

Sáb, 27/06/20 - 09h38
De olho nos indicadores epidemiológicos, Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) decidiu recuar na abertura do comércio | Foto: Alex de Jesus

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) publicou uma nota nessa sexta-feira (26) criticando o recuo na abertura do comércio anunciado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) – a partir de segunda-feira (29), apenas os estabelecimentos que prestam serviços essenciais estão autorizados a abrir as portas na capital mineira. A entidade declarou que os comerciantes se sacrificaram para manter empregos e cumprir os protocolos determinados pelo município e rebateu ainda a fala do prefeito que, nessa sexta-feira, criticou aqueles que descumpriram as medidas de distanciamento social.

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“Não tem comerciante fazendo churrasco, nem caminhando em pista de cooper sem máscaras. Não tem comerciante permitindo aglomeração em seus estabelecimentos. Com raríssimas exceções, todos estão cumprindo protocolos”, pontuou a CDL. A instituição criticou o tempo que os estabelecimentos precisaram permanecer fechados em Belo Horizonte e indicou que milhares de empregos foram perdidos na cidade. “Em nenhum lugar do mundo aconteceu isso. Muitos já não vão voltar. Centenas de empresas já fecharam suas portas definitivamente e milhares de empregos já foram perdidos”.

O texto publicado nessa sexta-feira contém críticas às ações da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em relação ao comércio para frear a propagação do coronavírus. A instituição declarou que o aumento na quantidade de infectados na cidade não é culpa da abertura dos estabelecimentos, disse ainda que apesar de Kalil ter montado um comitê com comerciantes, as entidades são “solenemente ignoradas”.

Através da nota, a CDL-BH indicou ter encaminhado ao município uma série de sugestões para que o comércio não fosse tão afetado durante a pandemia de coronavírus. A primeira das sugestões é que fossem negociadas linhas de crédito especiais para socorrer empresas. A entidade também alegou ter proposto que a Secretaria Municipal de Saúde fosse orientada a abrir mais leitos para tratamento de pacientes infectados com a Covid-19.

Em contrapartida, a PBH declarou ter se reunido com representantes das entidades comerciais em sete oportunidades entre 5 de maio e 3 de junho. “Nesse período, o município dialogou com os comerciantes, acatou propostas e sugestões para retorno das atividades”, pontuou. A prefeitura disse também que mantém diálogo com sindicato de lojistas e elaborou com os próprios comerciantes as etapas da retomada econômica. O grupo de trabalho encerrou suas atividades para que o comitê do município pudesse discutir com representantes de outros setores, segundo nota da PBH.

Quanto o recuo no processo de reabertura do comércio, a gestão do município pontuou que o avanço ou o retrocesso das etapas depende diretamente dos indicadores etimológicos avaliados, entre eles está a taxa de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Preocupação

Em entrevista coletiva na tarde dessa sexta-feira (26), o prefeito Alexandre Kalil (PSD) lamentou precisar retornar à fase zero da flexibilização econômica, mas explicou que era necessário em função da propagação do coronavírus em Belo Horizonte nas últimas semanas.

“Temos que entender que estamos em guerra. Avisei em 18 de março. Em guerra, falta álcool, ônibus fica cheio porque a bomba está caindo. A pessoa está fazendo um churrasco no prédio, não sabe que o mundo está em queda. A compreensão de que estamos em guerra é que faltou a muita gente. Nunca vi fazer churrasco em guerra. Nunca vi correr em guerra. A culpa é toda do prefeito. Estou matando o comércio, a economia. Mas vamos tentar preservar até o último dia a vida, a coerência, a responsabilidade com a vida humana”, afirmou.

Leia a nota da CDL-BH na íntegra: 

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