“Não vamos esperar o colapso e chegar a 100% da ocupação de leitos. Vamos nos antecipar. A situação de Contagem é grave, não é confortável”, afirmou, nesta segunda-feira (8), a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), ao anunciar o fechamento de todo o comércio não essencial da cidade nos próximos 21 dias. A medida começará a valer a partir de quarta-feira (10).
Atualmente, a cidade tem 93% dos leitos de UTIs ocupados por pacientes com Covid-19 e 71% de ocupação nos leitos de enfermaria. A taxa de transmissão no município está em 1.06, o que significa que, em média, cada 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 106 pessoas. Desde o início da pandemia, Contagem contabiliza 756 mortos em decorrência da doença na cidade.
"É uma realidade que impõe que a gente faça não o que a gente quer, mas o que é preciso. Não temos escolha, estamos fazendo isso com a esperança que seja em um prazo determinado e com a esperança da chegada de mais vacinas. A partir dai, avaliaremos a situação. A economia só será retomada se a pandemia for estancada", destacou a prefeita em coletiva de imprensa.
O decreto com os detalhes das novas medidas ainda será divulgado, mas a prefeitura adiantou que entre as atividades proibidas estarão lojas de roupas, de sapatos, casas de shows, eventos, seminários e feiras. Bares, restaurantes, padarias e lanchonetes só poderão funcionar para retirada dos produtos no local ou para delivery.
O município também terá toque de recolher, mas os horários ainda não foram divulgados. Na onda roxa, a circulação fica impedida das 20h às 5h.
"Nós fizemos um grande pacto para enfrentar a pandemia mantendo a atividade economica. Os bares até então só funcionavam de quinta à domingo, até às 23h, além de outras restrições. Mas o quadro agora é mais grave e exige medidas mais restritas", pontuou a prefeita.
A nova orientação na cidade prevê ainda que todos os servidores da prefeitura sejam colocados em home office. Cada secretaria irá divulgar em breve um decreto indicando quais serão os serviços essenciais mantidos. Os funcionários dos grupos de risco serão afastados caso não possam realizar suas atividades por teletrabalho.
Segundo a prefeitura de Contagem, o município não adotou a fase mais severa do Minas Consciente, pois ela determina o fechamento das indústrias e, por enquanto, a prefeitura vai permitir o funcionamento do setor.
Por causa da crise, a cidade não descarta, inclusive, a abertura de novos leitos para receber as vítimas da doença. "É uma doença grave e que mata. Adotar medidas restritivas de circulação é fundamental para preservar vidas", reforçou Marília. Segundo ela, a taxa de positividade de exames de Covid na cidade está em 41%, o maior índice desde o início da pandemia.
A decisão de fechar o comércio não essencial em Contagem foi tomada após reunião entre 21 prefeitos de cidades que compõem a região metropolitana de BH. No encontro, alguns chefes do executivo da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel) definiram por seguir uma 'onda lilás' no combate à Covid-19.
A iniciativa é mais restritiva que a onda vermelha do programa Minas Consciente, porém, mais branda que a onda roxa, já que não prevê fechamento completo do comércio. Um dos pontos principais é que venda de bebida alcoólica gelada será proibida até em supermercados. Haverá também toque de recolher.
"Cada município é diferente e tem uma realidade. Tem municíos que consegue suprir sua demanda de assistência e outros encaminham pacientes. Em Contagem, os protocolos serão mais restritivos em função do quadro assistencial.", explicou Marília. Segundo ela, 30% dos pacientes que as UPAs da cidade recebem são de outras cidades. “O não funcionamento (do comércio) é eficaz para retroceder a taxa de transmissão”, argumentou.
Fechamento em Contagem
A prefeitura informou que apenas o comércio essencial, como padarias, drogarias, supermercados e óticas, poderá funcionar, desde que seguindo as regras sanitárias para impedir a proliferação do vírus. Contudo, os estabelecimentos terão que fechar as portas em horários determinados pelo executivo.
Além disso, templos religiosos terão aval para abrir, mas também adotando protocolos para evitar a contaminação da Covid. A intenção da prefeita é que as igrejas funcionem apenas até as 17 horas. Por causa das restrições, lojas, shoppings, feiras, casas de shows, festas, boates e eventos com qualquer tipo de aglomeração estão proibidos.
Segundo a prefeitura, a cidade continuará com o trabalho de fiscalização realizada pelos guardas municipais, além dos agentes de postura e da Polícia Militar. O cidadão pode denunciar situações irregulares por meio do telefone 153.