Estamos todos de luto. Fragilizados diante da tamanha crueldade. Vulneráveis em relação aos nossos medos. Incrédulos sobre o futuro de nossas crianças. Familiares, amigos, vizinhos, conhecidos e inúmeros desconhecidos da menina Bárbara Victória entrelaçados na dor e embalados na busca de respostas para o crime violento ocorrido nesta semana em Ribeirão das Neves, na região metropolitana. 

Ela só tinha 10 anos, foi comprar pão e não voltou mais para casa. Foi assassinada. Isso a maior parte das pessoas já sabe. O que muitos não imaginam é o quanto era uma criança carinhosa. Precisamos compartilhar que a garota tinha o sorriso fácil. Ganhou o nome da bisavó, fazia cartinhas de agradecimento, e uma ida ao shopping era motivo de felicidade.

Pelo olhar de familiares, vizinhos e amigos, a reportagem do Super Notícia conheceu melhor Bárbara Victória, que teve a história interrompida precocemente de uma forma tão brutal. 

Balconista da padaria que Bárbara frequentava, a “tia” Jéssica não era tia de verdade, mas recebeu o apelido carinhoso da garota. “Ela era uma menina muito esperta, bastava conversar com ela pra perceber. As pessoas estão questionando o fato de ela ter apenas 10 anos e ir sozinha à padaria, mas ela dava conta, era madura demais”, enfatizou.

Na lembrança, ficará o dia em que ela perguntou o preço do salame, mas não tinha dinheiro suficiente para comprar: “Era muito preocupada com o que a família ia comer. Eu dei R$ 8 de salame para ela nesse dia”.

Foi a vizinha Thalita Paola Matos quem levou Bárbara ao shopping pela primeira vez. A data será marcada na memória com a sensação de ter realizado um sonho. “Ela sempre dizia que foi o melhor dia da vida! Brincou, lanchou um sanduíche, pediu para tirar uma foto no espelho e fez até uma cartinha de agradecimento”, contou.

Veio da tia-avó e também madrinha Maria de Lourdes Castro Alves a informação de que o nome de Bárbara era uma herança familiar. “Ela recebeu em homenagem à minha mãe (bisavó dela), que se chamava Maria Bárbara. Fiquei sabendo no hospital, foi uma alegria. Essa menina era de outro mundo”, disse.

Além de Bárbara, que significa “estrangeira”, a menina também carregava um segundo nome: Victória, “aquela que vence”. Esta profecia não se concretizou. Mas vencerá a memória de Bárbara Victória, venceremos todos nós quando essa violência for desvendada e quando meninas e mulheres puderem viver com mais segurança.

(Com apuração de Raquel Penaforte)