A presidente do Conselho de Saúde do Hospital Infantil João Paulo II, em BH, Larissa Furtado, denunciou neste sábado (5) problemas com a qualidade da alimentação fornecida a pacientes e servidores da unidade de saúde, que pertence à rede da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e é centro de referência em doenças raras no Estado
Segundo a conselheira, a denúncia mais recente é da semana passada, quando uma mãe que acompanhava uma criança internada na enfermaria da unidade identificou larvas na alimentação fornecida pelo restaurante que atende ao hospital. No entanto, ela afirma que o problema de comida estragada, com larvas e até moscas, é recorrente.
“As denúncias são de má qualidade da alimentação, de alimentação que não chega, de dietas que atrasam porque, como estamos falando de crianças internadas, algumas têm uma dieta diferenciada. E nós no Conselho começamos a oficiar. Primeiro, pela Fhemig gestão local, depois passamos para a Fhemig gestão central, Conselhos Municipal e Estadual de Saúde, e simplesmente nada acontece”, afirma.
Fhemig desconhece denúncias
Em nota enviada à reportagem, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) esclarece que "tal ocorrência ainda não foi formalizada junto ao Serviço de Nutrição e Dietética do hospital". Segundo a fundação, só com a comunicação desse tipo de incidente a empresa contratada será devidamente notificada.
"O fornecimento de refeições às unidades hospitalares da Fhemig ocorre mediante processo licitatório e, portanto, deve atender a critérios previstos no Acordo de Nível de Fornecimento: um check list, com indicadores de qualidade, previsto em contrato, e que é aferido em cada refeição servida, todos os dias, nas unidades. Sempre que uma não-conformidade é detectada, a empresa contratada é pontuada negativamente, o que impacta em seu faturamento naquele mês", explica a nota da fundação.
Problemas são recorrentes
A presidente do Conselho de Saúde do Hospital Infantil João Paulo II, Larissa Furtado, disse que o problema teve início quando o refeitório e a cozinha do hospital foram fechados para obras, ainda em 2019, e a alimentação passou a ser preparada fora da unidade e fornecida em marmitas.
“O nosso problema em relação ao refeitório começou lá em 2019, quando eles fecharam para obras que eram necessárias. Só que essas obras nunca começaram efetivamente, e a empresa que então fazia a alimentação dentro do hospital passou a ter que fornecer marmitas para quem se alimenta no hospital, que são as crianças, os acompanhantes e os prestadores de serviço e os servidores”, disse.
Ainda segundo a presidente do Conselho, apenas a gestão local da Fhemig no hospital respondeu aos ofícios dizendo que a empresa já foi notificada. Mas, segundo ela, a alimentação e a qualidade do serviço não foram alterados e as denúncias continuam chegando.
Larissa preside o Conselho de Saúde do Hospital Infantil João Paulo II há quase dois anos. Ela é representante dos usuários do hospital, mas o colegiado também é formado por funcionários e gestores da unidade.
Sua relação com o hospital começou há oito anos, quando seu filho foi diagnosticado com fibrose cística, uma doença genética crônica que afeta principalmente pulmões, pâncreas e o sistema digestivo. Ele é tratado na unidade, e já houve períodos em que a conselheira levava o filho semanalmente ao hospital. Atualmente, em razão de uma estabilização do quadro da doença, o acompanhamento médico é feito a cada três meses.
A Fhemig reforçou a necessidade de denúncia oficial. "É extremamente necessário que a ocorrência seja encaminhada, mesmo que tardiamente, ao Serviço de Nutrição e Dietética do hospital, à Ouvidoria ou às coordenações dos setores assistenciais, para que todas as medidas cabíveis sejam tomadas".