Restritiva

Conselho Municipal de Saúde de BH pede novamente que Kalil decrete lockdown

Segundo o Conselho, ao menos cem pessoas aguardavam, na manhã desta quarta-feira (14), na fila do CTI para Covid-19 em Belo Horizonte

Por Aline Gonçalves
Publicado em 14 de abril de 2021 | 13:35
 
 
bh vazia Foto: Cristiane Mattoa/O TEMPO

O Conselho Municipal de Saúde de BH (CMSBH) se posicionou contra uma possível flexibilização das medidas restritivas de funcionamento do comércio na capital mineira, que estará em debate nesta quarta-feira quando o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 se reúne com o prefeito, Alexandre Kalil. Pelo contrário, o CMSBH  recomendou, novamente, que a cidade adote um lockdown. 

Segundo o Conselho, ao menos cem pessoas aguardavam, na manhã desta quarta-feira (14), na fila do CTI para Covid-19 em Belo Horizonte. O órgão informou que 42 estão nas UPAs. "A taxa de ocupação dos leitos de UTI acima de 85% sinaliza que os hospitais trabalham com capacidade plena, considerando que os leitos vagos precisam ser higienizados e preparados para receber o próximo paciente. As equipes de saúde trabalham no limite de suas forças físicas e emocionais", informou em nota enviada à imprensa. 

"Esses índices divulgados pela PBH de ocupação de leitos não condizem, porque os indicadores são feitos pegando a média de três dias atrás. Mas a realidade não diz isso: os hospitais estão esgotados. Temos relatos de gente que foi até uma UPA com AVC e está lá há seis dias em uma cadeira porque não tem nem maca, tudo ocupado com pessoas com Covid", diz a presidente do Conselho Municipal de Belo Horizonte, Carla Anunciatta. 

Ela explica que a orientação do Conselho é por um lockdown de três semanas "com condição da pessoa ficar em isolamento", com paralisação dos transportes coletivos, aumento da distribuição de cestas básicas e a criação de um auxílio aos mais necessidade e pequenos empresários, por exemplo. "Por que esse lockdown é necessário? Temos visto o aparecimento de novas cepas do coronavírus, mais agressivas, por causa da flexibilização, das aglomerações, de festas. Precisamos fazer o vírus parar de circular parando a circulação de pessoas por pelo menos três semanas", argumentou. "Outra coisa: os medicamentos anestésicos, curarizantes, do kit de intubação estão acabando. Não adianta ficar abrindo leito", pontuou.

A reportagem fez contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte e aguarda posicionamento do Executivo sobre o tema.

Professores da UFMG também pedem lockdown 

Nesta quarta-feira, mais de 500 professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) firmaram abaixo-assinado em que também pedem ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, a adoção de 21 dias de lockdown na capital mineira. O documento será entregue ao chefe do executivo municipal. Os signatários argumentam que o lockdown deve ser adotado "devido ao aumento sem precedentes no número de casos e de mortes por Covid e ao colapso do sistema de saúde, falta de medicamentos, de leitos, de respiradores, de oxigênio e ao esgotamento da capacidade dos serviços funerários".

Secretaria municipal de Saúde não sabe sobre pedidos

Procurada, a prefeitura de Belo Horizonte e a Secretaria Municipal de Saúde não responderam aos questionamentos da reportagem. Por telefone, um dos assessores da pasta pontuou que o texto do Conselho Muncipal de Saúde não chegou até a secretaria. O Executivo, por outro lado, não se manifestou.

Em nota, a Secretaria Muncipal de Saúde se esquivou das perguntas, e não soube precisar quantas pessoas aguardam por um leito de UTI na capital. 

Leia o texto encaminhado na íntegra:

"A Prefeitura de Belo Horizonte informa que todos os pedidos passam pela Central de Internação (CINT). O sistema é dinâmico e funciona 24 horas por dia, sete dias da semana.

Quando a solicitação chega à Central de Internação, o quadro clínico do paciente é avaliado por um médico regulador e, de acordo com a disponibilidade de vagas, o paciente é encaminhado para o hospital. A CINT faz busca ativa em todos os hospitais que atendem à Rede SUS-BH para definir as transferências.

Para a liberação da vaga, são utilizados critérios de prioridade que incluem gravidade e leito disponível. O tempo de espera varia de acordo com a especialidade do leito e a especificidade do caso.

Para receber o paciente, o leito precisa estar devidamente preparado e higienizado. Portanto, a transferência só é autorizada quando essas medidas de segurança são concluídas. Neste período, o paciente pode ter que aguardar a autorização"