Alex de Freitas

Contagem tem 30% dos profissionais de saúde afastados na pandemia, diz prefeito

Pedidos de afastamento ocorreram por contaminações pela Covid-19, além de outros problemas causados pela alta carga de trabalho

Seg, 29/06/20 - 18h44
Alex de Freitas, prefeito de Contagem | Foto: Denilton Dias

Aumento considerável de casos confirmados de coronavírus, ocupação dos leitos de UTI em níveis recordes e cada vez mais profissionais de saúde afastados nas últimas semanas. Consideradas dramáticas pelo prefeito de Contagem, Alex de Freitas (sem partido), todas essas situações levaram a cidade da região metropolitana a fechar novamente o comércio não essencial, assim como Belo Horizonte e Ribeirão das Neves.

Em entrevista ao apresentador do Alerta Super, Ricardo Sapia, o prefeito revelou que Contagem já perdeu 30% da força de trabalho no sistema de saúde em meio à pandemia. Os afastamentos ocorreram por conta de servidores contaminados pela Covid-19, além do estresse e diversos outros problemas causados pelo aumento da carga de trabalho.

“As pessoas estão se afastando ou licenciando do trabalho. E repor essa mão de obra não é fácil. Não adianta ter os leitos, respiradores e equipamentos necessários se não tem o pessoal disponível para ser contratado. Esse é um problema brasileiro, porque médicos, intensivistas, enfermeiros capacitados para atuar em UTI é difícil, não é algo que a gente consegue encontrar de um dia para a noite”, declarou à rádio Super.

Para Alex de Freitas, o problema na rede pública de saúde também é agravado pela falta de medicamentos usados nas UTIs, como os anestésicos. “Eles sumiram do mercado e, quando encontrados, possuem um preço astronômico, de 20 a 40 vezes ao que era praticado em um passado recente”, explicou.

Ocupação dos leitos

A taxa de ocupação dos 43 leitos de UTI exclusivos para pacientes com coronavírus nesta segunda-feira (29) em Contagem é de 80%. Já os de enfermaria estão com 70% das vagas ocupadas na cidade. O prefeito conta ainda que há capacidade imediata do município em criar 20 novos leitos. “Temos equipamento, insumos para ampliar rapidamente os leitos, no entanto tem sido difícil fazer manter essa estrutura. A queda de 30% da força de trabalho na saúde é profundamente preocupante”, cita.

Segundo Alex de Freitas, até o momento a região metropolitana não teve nenhuma morte da Covid-19 por falta de atendimento médico, porém um possível colapso do sistema de saúde no Estado pode afetar todas as cidades. “As pessoas perderam a capacidade de tolerar a máscara e o isolamento. Ficar em casa se insuportável. As contas não param de chegar e obrigam as pessoas a irem para as ruas buscar o ganha pão. Tudo isso é compreensivo, mas agravou muito o número de contaminações”, resume.

Em relação à cobrança de multas para quem for flagrado sem máscara nos comércios e espaços públicos de Contagem, o prefeito declarou que não há nenhuma perspectiva de aplicar a medida na cidade. “Acho que se não foi resolvido com a conscientização, não será com multas que vai mudar”, disse.

Contas públicas no vermelho

O prefeito Alex de Freitas lembrou também sobre a delicada situação financeira na cidade. Por conta da pandemia e do impacto da doença nas atividades econômicas, Contagem deve perder até R$ 400 milhões em arrecadação, a maior parte de ICMS. “Já acabou o fôlego da prefeitura há algum tempo. Esse ano vai passar por todo esforço de austeridade, mas ainda assim com nota vermelha para tentar pagar a folha até o final do ano”, explicou.

E diante do atual estágio de expansão da pandemia na Grande BH, o prefeito defendeu que todas as cidades da região recuem na flexibilização e determinem o fechamento de todas as atividades não essenciais. “Somos como  irmãos siameses, a interferência de uma cidade na outra é muito grande. Belo Horizonte e Contagem, por exemplo, responde pelo terceiro fluxo de pessoas entre duas cidades no país”, complementou.

Conforme Alex de Freitas, a falta de vagas no sistema de saúde de uma cidade pode rapidamente afetar a outra. “Se colapsar a rede de saúde pública em Belo Horizonte, as pessoas virão para Contagem, e o inverso também. O SUS é um sistema único e não tem leito que pertence a Contagem, é uma rede tripartite”, disse.

Eleições municipais

Ainda durante a entrevista à rádio Super, o prefeito, que já anunciou que não vai disputar a reeleição neste ano em Contagem, disse que vai se colocar neutro no pleito.

“ A população vai encontrar nas muitas opções que hoje estão colocadas para governar a cidade nos próximos quatro anos e eu torço que serão muito melhores que nesses quatro que me tiveram a frente, anos menos difíceis que esses últimos”, finalizou.

 

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