As taxas de ocupação de leitos de UTI específicos para a Covid-19 continuam em nível de alerta em Belo Horizonte. Segundo o boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde nesta terça-feira (2), o índice subiu de 74,7% para 76,3% nas últimas 24 horas. A taxa se manteve em vermelho e pelo terceiro balanço consecutivo ficou acima dos 70%, que é considerado crítico pela escala de risco. No Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de ocupação de pacientes para leitos de UTI destinados à doença chega a 83%.
O número médio de transmissão por infectado (RT) se manteve em relação ao último boletim, mas também continua em estado de alerta máximo. O índice de transmissão está no nível vermelho, em 1,20. Essa é a maior taxa de transmissão por infectados desde maio. Há uma semana, esse índice estava em 0,94, no patamar verde de risco.
A única taxa no nível amarelo em BH, nesta terça-feira, segundo a PBH, é o índice de ocupação de leitos de enfermaria com 58% de ocupação.
Para os infectologistas integrantes do comitê de enfrentamento à doença na capital, se o cenário se mantiver, pode ser necessário um novo fechamento das atividades. Nesta quarta-feira (3), o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte vai se reunir para discutir a evolução dos indicadores epidemiológicos do coronavírus na cidade.
"Apesar de BH ter a menor taxa de mortalidade do país, certamente nós não somos uma ilha, estamos recebendo forte influência do interior e até de outros Estados. Hoje, 68% das pessoas em BH que estão internadas com covid não são de Belo Horizonte. Estamos discutindo e avaliando minuto a minuto a situação e se for necessário vamos recomendar medidas mais restritivas, não temos outra opção", pontua o infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH, Carlos Starling.
"Nós não temos as vacinas na quantidade que a população precisa, a única opção que nós continuamos tendo são as opção de distanciamento, do uso máscara e da higienização das mãos. Essas são armas neste momento", acrescenta o médico.
Segundo o infectologista, Estevão Urbano, também membro do Comitê de Enfrentamento à doença em BH, o aumento no número de casos é reflexo da semana de Carnaval. O mês de fevereiro foi o mês com o maior número de óbitos desde o início da pandemia, em março, na capital - foram 482 mortes.
"As principais causas desse aumento caótico no país inteiro, inclusive, em Minas e até em Belo Horizonte é a viagem que muitas pessoas fizeram no Carnaval, além da possibilidade de cepas e variantes mais agressivas estarem circulando na nossa região e também o relaxamento que muitas pessoas fizeram até pelo cansaço. Isso tudo é o que o vírus precisa para se multiplicar", avalia.
Ontem, o prefeito Alexandre Kalil afirmou que quem decidirá sobre um possível fechamento da cidade será o Secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado. "Quem manda na Secretaria de Saúde é o Secretário Municipal", afirmou. Atualmente, quase todas as atividades e comércios de Belo Horizonte estão autorizados a funcionar. Bares e restaurantes podem abrir e vender bebidas alcoólicas, das 11h às 22h.
Em nota, a PBH ressaltou que vai acompanhar a dinâmica da doença na capital mineira antes de tomar qualquer decisão sobre o funcionamento das atividades não essenciais. A orientação do município é que a população mantenha as medidas de prevenção à Covid-19, com uso da máscara, higienização das mãos e distanciamento social.
Boletim
Belo Horizonte registrou nesta terça-feira (2) 17 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas. Ao todo, desde o início da pandemia, a cidade já perdeu 2.763 vidas por causa da doença. O número total de casos confirmados no município é de 113.200 infectados.
Até o momento, 208.920 doses de vacinas contra o coronavírus já foram distribuídas na capital, sendo que 115.897 pessoas receberam a primeira dose e 59.799 a segunda.
"Qualquer medida para combater o vírus é válida nesse momento, esse vírus se transmite com o deslocamentos das pessoas e a redução de agrupamentos e aglomerações minimizam. As medidas vão depender da situação epidemiológica de cada município, mas vejo com bons olhos o toque de recolher. Em boa parte do país isso talvez seja pouco. Para algumas capitais que estão atravessando um momento gravíssimo uma medida mais extrema seria mais eficaz", pontua o médico infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH, Estevão Urbano.
"Em relação a BH é preciso acompanhar os próximos dias para avaliar se é preciso sugerir essa mudança, mas neste momento não", completa.