Manifestação

Covid-19: comerciantes fazem protesto pedindo plano econômico em Contagem

Lojistas fizeram ato nesta manhã pedindo ações da prefeitura em relação ao fechamento do comércio não essencial para evitar a propagação do coronavírus

Por Thalita Marinho
Publicado em 07 de julho de 2020 | 12:10
 
 
Comerciantes fizeram carreatas pelas ruas de Contagem Foto: Cristiane Mattos

Comerciantes de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, realizam um protesto na manhã desta terça-feira (7), reivindicando um plano econômico para o município, que há 100 dias determinou o fechamento do comércio não essencial para evitar a propagação do novo coronavírus (Covid-19).

A concentração do grupo, marcada para às 9h, foi feita na avenida João César de Oliveira, uma das principais e mais movimentadas da cidade, de onde eles seguiram em direção à prefeitura.

Vicentina Lopes de Faria é comerciante há 30 anos e tem um loja no bairro São Luiz. Segundo ela, o negócio não vai sobreviver a mais uma semana fechado. “Já dispensei funcionário, não reponho mercadoria há muitos dias e ainda recebi IPTU com as três vias dos meses de julho, agosto e setembro. Mas eu não tenho como pagar, pois estou em casa e sem trabalhar não entra renda”.

Outro comerciante da cidade, Marcos Fagner reclamou da falta de diálogo da prefeitura de Contagem com os lojistas da cidade. “ O prefeito só usa a rede social para falar o que não precisa, mas ele poderia usar e tentar explicar ao comerciante o que está acontecendo. Nós movimentamos a cidade e precisamos saber o que está sendo pensado. É preciso abrir o comércio porque temos sustentar as nossas família”. 

De acordo com os dados da secretaria de Saúde de Contagem divulgados nessa segunda-feira (6), a cidade tem 1.111 casos confirmados e 69 óbitos pela Covid-19.

Resposta

Em nota, a prefeitura de Contagem afirmou que as últimas reuniões tiveram participação do CDL e que tomou as medidas em razão da evolução alarmante dos casos de coronavírus no município.

"Um dos principais indicadores para que o Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19 de Contagem adote regras relacionadas ao funcionamento do comércio é a evolução dos números. Os debates estão sendo acompanhados pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Contagem, que participou das duas últimas reuniões ordinárias do Comitê", diz parte da nota. 

O município ainda esclare que "as atividades comerciais essenciais e não essenciais não estão fechadas há quase quatro meses, salvo as com grande potencial de aglomeração de pessoas", complementa.

Abaixo, segue o restante da nota.

- As primeiras medidas para possibilitar o isolamento social, como preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde e o Comitê Intersetorial foram tomadas em 18 de março, na mesma ocasião em que foram iniciadas as mobilizações sanitárias em todo o país. Apenas as atividades consideradas essenciais eram permitidas. Após dois dias foi confirmado o primeiro caso da doença no Município;

- Em 7 de abril foram implementadas novas medidas, permitindo a reabertura gradual do comércio considerado não essencial, com regramentos, como uso de máscaras, oferta de álcool em gel e distância mínima em filas. Estabelecimentos como bares, restaurantes e outros não essenciais, sem grande potencial de aglomeração de pessoas, passaram a funcionar oferecendo entregas na porta ou por delivery. Na época, Contagem tinha 14 casos confirmados e nenhum óbito;

- Em 22 de abril, quando o uso de máscaras passou a ser obrigatório por todos, Contagem tinha 38 casos confirmados e duas mortes, passando para 52 confirmações e três óbitos em 1º de maio e 187 casos confirmados e 12 mortes em 31 de maio. As confirmações aumentaram 259% em maio;

- Em 1º de junho, Contagem tinha 209 casos confirmados e 14 óbitos. Na ocasião, a Prefeitura publicou Decreto permitindo a reabertura, com regramentos, dos shoppings centers e populares, centros comerciais e galerias a partir de 8 de junho. Em 5 de junho, no entanto, o Decreto foi suspenso por decisão judicial da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal; 

- Junho foi o mês com crescimento mais expressivo das estatísticas, passando para 895 confirmações (aumento de 328% em relação ao dia 1º) e 48 mortes (242%) no dia 29. Diante deste quadro, nesta data a Prefeitura baixou novo Decreto permitindo apenas o funcionamento das atividades comerciais consideradas essenciais. Um dia depois, em 30 de junho, houve aumento para 952 casos confirmados e 50 óbitos;

- A Procuradoria-Geral do Município destaca que são avaliadas mais quatro variáveis para que sejam adotadas novas regras de flexibilização do comércio:
* a estabilização seguida de redução do número de casos confirmados e óbitos;
* a Secretaria Municipal de Saúde criou novos leitos de UTI para casos de Covid-19 no Hospital Santa Helena, mas enfrenta dificuldade para aquisição de recursos humanos;
* o Comitê Intersetorial de Enfrentamento estuda qual o melhor plano de flexibilização das atividades comerciais essenciais e não essenciais: extensão do horário de funcionamento, dias alternados para o funcionamento ou funcionamento intermitente;
* colaboração da população quanto ao isolamento social.