Apreensão

Crianças têm sofrido com situação incerta de barragem em Barão de Cocais

Professores do município têm percebido mudanças drásticas no comportamento das crianças

Sáb, 01/06/19 - 14h24
Inúmeras ruas de bairros de Barão de Cocais estão sinalizadas para as rotas de fuga em caso de rompimento | Foto: Ramon Bittencourt/O Tempo

A situação incerta sobre a estabilidade da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central do Estado levou a dona de casa Micheline Roberta Silva, 29, a se preocupar com os três filhos, especialmente com Marlon, o filho do meio, de oito anos.

Moradora da área ribeirinha, ela conta que desde a evacuação feita às pressas, em fevereiro deste ano, o garoto tem tido uma mudança de personalidade. 

“Ele tem tido transtorno psicológico tanto em casa, quanto na escola. Na escola eu fui chamada para tratar do desenvolvimento dele com a diretora e a professora. Lá eles me disseram que ele está muito parado, pensativo. E a diretora conseguiu, com muito custo, arrancar da boca dele que ele fica com medo da barragem”, disse a mãe do garoto. 

De acordo com a dona de casa, Bryan, o filho mais novo de apenas três anos, também tem apresentado comportamento diferente. Ela conta que algumas vezes dormindo, ele chega a entrar em um diálogo sobre a barragem. 

“Já teve reunião na escola dele para falar disso também. É o sino da escola tocar que eles sobem em cima da cadeira dizendo que a barragem estourou. Então essa situação trouxe problemas psicológicos sim”, lamentou Micheline Roberta Silva.

Por conta própria, a dona de casa que está grávida do quarto filho conta que está com psicólogo agendado para levar as crianças, entretanto só conseguiu vaga para agosto. 

Professores do município também tem manifestado preocupação com a reação dos alunos, frente ao clima de tensão na cidade. A professora Lourdes Maria dos Reis, 56, conta que na escola em que trabalha a situação já foi amenizada, entretanto alunos apresentaram transtornos. 

“Tem uns alunos que estão sendo atendidos pelos psicólogos. Mas é a minoria. Está amenizado, mas esse transtorno está na cabeça de alguns”, disse a professora.

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