SABARÁ

Das janelas, moradores acompanham procissão na Sexta-feira da Paixão

Para evitar aglomeração, um grupo pequeno de fiéis partiu da capela Santa Cruz em cortejo pela vila de mesmo nome; distanciamento foi mantido por medida de prevenção ao novo coronavírus

Por Thaís Mota
Publicado em 10 de abril de 2020 | 12:33
 
 
O som da matraca percorreu ruas da Vila Santa Cruz, no bairro Siderúrgica, na manhã desta Sexta-feira da Paixão Foto: Alex de Jesus/O Tempo

Por conta das medidas de isolamento social motivadas pela pandemia do novo coronavírus, a tradicional procissão do Morro da Cruz, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi cancelada. No entanto, o som da matraca percorreu ruas da vila Santa Cruz, no bairro Siderúrgica, na manhã desta Sexta-feira da Paixão. 

Um grupo pequeno de fiéis partiu da capela Santa Cruz em cortejo pela vila de mesmo nome. Ao som da matraca, levando uma cruz e entoando orações, eles realizaram uma procissão que foi acompanhada pelos moradores das janelas de suas casas, decoradas com panos de cor roxa – simbolizando a morte de Jesus Cristo. A procissão seguiu até o antigo cruzeiro do bairro.

Sem sair de casa, a professora Carla Aparecida do Nascimento, 58, participou da procissão. “Acompanhei da minha casa, então acompanhei só esse pedaço aqui para respeitarmos as orientações de distância. Mas nossa fé segue inabalada, e estamos em oração não só por todos nós, sabarenses, mas também para que consigamos logo uma vacina ou um remédio para sair dessa crise”, disse.

O matraqueiro Francisco Dario dos Santos, 47, explicou que a Semana Santa é muito tradicional em Sabará e que, por conta das restrições, este ano precisou ser diferente. “Neste ano foi muito triste, mas aqui, em Sabará, a gente nunca perde a tradição e a fé. Então, eu vim para o bairro Santa Cruz e fizemos uma pequena via-sacra e as orações nas 15 estações”.

Ele explicou ainda que, por ser uma data em que a Igreja Católica guarda respeito, na Sexta-feira Santa não se podem soar os tradicionais sinos. Por isso, a matraca é utilizada para acompanhar as procissões e as celebrações da data. “Sexta-feira da Paixão é um dia de muito respeito e muito silêncio, e somente o soar da matraca pode ser ouvido. Ele reflete o sentimento de dor e sofrimento. E eu vim tocando pelas ruas expulsando os males e abrindo os caminhos do bem”, explica.

A professora Fátima Aparecida do Amparo, 52, ajudou na organização do cortejo e já está mobilizando os moradores do bairro para o domingo de Páscoa, quando as casas devem substituir o manto roxo por símbolos pascais.

Além disso, eles preparam uma celebração, sempre cada um de suas casas, para a data. “Todos os dias já estamos rezando às 18h e vamos encerrar essas preces com uma oração na comunidade no Domingo de Páscoa”, concluiu.

A tradicional procissão do Morro da Cruz em Sabará acontece todo ano na Sexta-feira da Paixão, saindo da Igreja de São Francisco de Assis e seguindo em cortejo para a Igreja do Senhor Bom Jesus, de onde retorna com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Mas, em função das medidas de isolamento social, as celebrações religiosas com aglomeração foram todas suspensas.