Slow Parenting

Defesa de mais tempo livre na infância ganha adeptos no país

Movimento europeu inspira moradores de BH a buscarem equilíbrio entre rotina e lazer

Seg, 09/12/13 - 03h00
Ar livre. Uma das fundadoras do blog Na Pracinha, Flávia se diverte com filha em praça na Pampulha | Foto: LEO FONTES / O TEMPO

Crianças com menos compromissos e mais tempo para fazer nada. Essa é a ideia do movimento Slow Parenting – pais sem pressa –, criado há alguns anos na Europa e que, cada vez mais, ganha força no Brasil. Contrários à prática de sufocar a agenda dos pequenos com diversas atividades, pais de todo o mundo têm se organizado para desacelerar a rotina dos filhos. E em Belo Horizonte não é diferente. Iniciativas como a do blog Na Pracinha, que realiza encontros em parques da cidade, incentivam brincadeiras ao ar livre como formas mais saudáveis de se curtir a infância.


Segundo os fundadores do Slow Parenting, pais e mães, preocupados com a excelência na formação de seus filhos, investem muito tempo e dinheiro em atividades monitoradas, em uma corrida em busca do “currículo perfeito”. O problema é que, com agendas cheias, seja com aulas de futebol, balé, inglês ou violão, falta tempo ocioso para a criança brincar.

“Temos uma relação tão neurótica com o tempo que a própria ideia de tempo livre é vista como pejorativa”, afirmou o jornalista escocês Carl Honoré, autor do livro “Sob Pressão” e o primeiro a utilizar o termo Slow Parenting. “Enchemos nossos horários com atividades, com a falsa sensação de que esta é a melhor forma de fazer uso do tempo. Mas não é”.

Após pesquisar a criação de filhos em diversos países, Honoré acredita que pais superprotetores existem nos quatro cantos do mundo. “O fenômeno é global. Mas, como um país que se esforça para alcançar os mais desenvolvidos economicamente, o Brasil é especialmente vulnerável a essa pressão, já que não quer ser deixado para trás”, explicou a O TEMPO.

Mãe de Cecília, 3, a publicitária Flávia Pellegrini, 33, conta conhecer crianças com rotinas de mini-adultos. “Elas não têm costume de andar descalças, pisar na grama e se sujar. São agendas tão atribuladas que não as deixam ser crianças”.

A desaceleração não significa, porém, que a ausência de rotina é positiva. “Para o desenvolvimento motor e social da criança, é preciso uma atividade física já a partir dos 3 anos”, pondera a psicóloga especialista em desenvolvimento infantil e professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Paula Birchal.

Segundo ela, o importante é tomar cuidado com exageros e manter sempre o diálogo. “O pai precisa estar atento aos sinais que a criança dá, de cansaço ou de satisfação em relação às atividades”, detalha.

Limite

Dica. Atividades extras são recomendadas por especialistas em desenvolvimento infantil, mas sem exageros. A prática de mais de duas aulas além da escola pode sobrecarregar as crianças.

O equilíbrio em cada faixa etária
Até os 3 anos
. Nessa idade não é bom, segundo especialistas em desenvolvimento infantil, matricular crianças em atividades fora da escola. 

Dos 3 aos 6 anos.Nessa fase, já é importante a prática de atividade física, de duas a três vezes por semana. A sugestão é começar pela natação, para que a criança aprenda a sobreviver sozinha na água.

A partir dos 7. Línguas estrangeiras já são recomendadas nessa faixa etária. A aula pode ser conciliada com a prática de um esporte que a criança goste. Com 8 ou 9 anos, ela organiza melhor o próprio tempo e tem consciência de que precisa adiantar o dever de casa nos dias de atividade extra na agenda. 

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